Jack Ma, fundador do Alibaba Group, é considerado como exemplo de um dos visionários mais bem sucedidos da história da internet
GENEBRA - Em 30 anos, menos de 1% do comércio mundial
será offline, o transporte não ocorrerá em containers e manufaturas não
irão mais gerar empregos. A visão é de Jack Ma, fundador do Alibaba Group e considerado como exemplo de um dos visionários mais bem sucedidos da história da Internet.
“Em
2030, o comércio será diferente”, disse Ma, num evento na Organização
Mundial do Comércio, nesta terça-feira, 2. “Há 300 anos, apenas alguns
reis se beneficiavam do comércio. Nos últimos 30 anos, 60 mil empresas
se beneficiaram e, nos próximos 30 anos, 80% das pequenas empresas no
mundo vão ganhar”, disse. “Teremos anos inclusivos”, garantiu o 21º
homem mais rico do mundo e com uma fortuna avaliada em US$ 36,3
bilhões.
O chinês deixa claro que, seja qual for o setor, um empresário
não terá opção e “terá de ser globalizado”. Mas não necessariamente ser
“grande” será uma vantagem.
A criação de empregos também será profundamente transformada. “O
setor manufatureiro não vai mais criar empregos. Serão empregos feitos
por robôs. Os novos empregos serão criados no setor de serviços”,
disse.
Ma também revela a mudança no comportamento de consumidores em
todo o mundo, algo que irá se aprofundar nos próximos anos. “Temos 300
milhões de compradores por dia na Internet. 60 milhões de pessoas
passaram três ou quatro horas online consultando produtos, sem comprar,
todas as noites”, disse. “Eles conversam com nossos conselheiros. Claro,
temos muitos robôs para conversar com eles”, ironizou.
Ma deixa claro suas críticas ao papel do estado. “Governos apenas
querem criar regulações. Mas se regulamos tudo, matamos tudo”,
garantiu. “Precisamos deixar espaço para inovação. No Alibaba, crescemos
por que o governo não se deu conta. Quando viram, ficamos mais lentos”,
disse.
“Quantos ministros compram online? Muitos poucos. Mas são eles
que estão regulando. Isso nos deixa preocupado. Quando eu me reúno com
ministros, eles me dizem que seus filhos compram online. Então são os
filhos deles que deveriam regular”, insistiu.
Ma conta a história da lei Red Flag, criada em 1894 nos EUA. Por
pressão dos donos de carroças, governos colocaram um limite de
velocidade para os carros de 7 milhas por hora. “O resultado disso é que
o avanço parou”, contou. “Parem de lutar contra a tecnologia. Só
podemos abraçá-la. Se lutar, estão lutando entre vocês e estão perdendo o
futuro”, declarou.
O desafio, porém, é o que fazer com 40% da população mundial que
ainda não tem acesso à internet. Mas o chinês garante que isso não será
um freio. “A tecnologia é oportunidade para os mais pobres. A
eletricidade levou 60 anos desde sua criação para chegar ao Quênia. No
caso dos celulares, foram necessários três anos. Por isso eu digo que
governos precisam criar infraestrutura para a Internet existir, e não se
concentrar em regular. Mas promover”, completou.
OMC afirma se preocupar com novo cenário do comércio mundial
Se Ma tem uma visão muito clara da revolução que está pela frente, a
OMC também se diz preocupada com a disparidade que esse novo cenário irá
criar. “Se as sinergias adequadas são criadas, em especial no que se
refere a políticas públicas, até 2030 a revolução tecnológica poderia
ajudar a alimentar o crescimento do comércio mundial em 30 pontos
percentuais. Isso é enorme”, declarou Roberto Azevedo, diretor-geral da
OMC.
Na avaliação de Azevedo, cada vez mais o comércio ocorrerá por
meio de plataformas digitais. “Temos de nos perguntar: o sistema
comercial global que temos hoje está equipado para esse novo ambiente?”,
questionou. Em sua avaliação, a base ainda é válida: regras claras,
abertura e não-discriminação. Para ele, porém, isso pode não ser
suficiente diante dos avanços tecnológicos. Sem uma atualização das
regras internacionais de comércio, o risco é de que esse fenômeno possa
ter um impacto negativo.
“A mudança tecnológica pode criar novos problemas”, disse. “Ela
poderia aumentar o número de grandes empresas, às custas das pequenas.
Ela poderia criar novas desigualdades, por exemplo entre empresas
avançadas digitalmente e aquelas que ficam para trás”, alertou.
Azevedo quer novas regras, justamente para não deixar que essa
nova base seja estabelecida por disputas comerciais que chegariam até os
tribunais. “Se a constituição não é atualizada, veremos uma diferença
cada vez maior entre esses princípios básicos e a evolução de hábitos,
comportamentos e mesmo valores éticos”, disse.
Para ele, com a diferença se aprofundando, são os tribunais que
estão preenchendo o espaço e criando jurisprudência. Mas nem sempre ela
poderá refletir os desejos e prioridades.
“Essa é a primeira questão que estamos enfrentado: queremos
deixar esse espaço para cortes ou ações unilaterais? Ou queremos sentar e
preencher esses vazios juntos?”, disse. “Ainda que não possamos parar
essa evolução, podemos moldá-la. Temos de moldá-la”, defendeu Azevedo.
“Se não fizermos, ela vai deixar inevitavelmente muita gente para trás e
criará novos problemas sociais, novas fontes de desconforto e
distúrbios”, alertou.
Ele lembrou ainda de um estudo no Fórum Económico Mundial em que
se prevê que, em 2025, máquinas terão mais postos de trabalho no setor
manufatureiro que humanos. Como resultado, a tecnologia vai eliminar 75
milhões de empregos vão desaparecer nos próximos quatro anos. Mas, ao
mesmo tempo, 133 milhões de novos cargos vão ser criados em novos
setores.
Para Azevedo, o desemprego existirá por conta das revoluções
tecnológicas. “Mas as oportunidades também existirão e a questão é como
ocupar essas posições”, disse. Ele ainda rejeita a ideia de que as
regras de abertura estabelecidas pela OMC favorecem apenas aos mais
ricos e às grandes empresas.
“Se cruzarmos o braço, garanto que as grandes empresas e governos serão os maiores vencedores”, alertou.
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Reportagem por Jamil Chade,
O Estado de S.Paulo - 02 Outubro 2018 Imagem da Internet
Fonte: https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,fundador-da-alibaba-cre-que-menos-de-1-do-comercio-mundial-sera-offline-em-30-anos,70002529513
ResponderExcluirA posologia de DermClear é que este seja aplicado sempre somente a noite já para garantir que haja um melhor aproveitamento da ação das vitaminas presentes. Pois neste momento em que a pele está calma e desta forma os ativos podem trabalhar com um melhor aproveitamento.
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