Crianças brincam com celular em creche
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Ela olhará com carinhosa superioridade para quem nasceu entre 1981 e 2000
Dentro de um ano, a geração Z representará 32% da
população mundial. Geração Z, você sabe, é aquela a que eu e
provavelmente você não pertencemos: a das pessoas nascidas no século 21,
ou seja, a partir de 2001. São os garotos que logo estarão entrando na
maioridade e dirigindo instituições, empresas e, talvez, nossas vidas.
A geração Z é diferente de todas que existiram. Quando nasceu, o
mundo já era digital e ela não conheceu outro. É um mundo que cabe
inteirinho num treco composto de um teclado e de uma tela de três
polegadas —o resto é mera paisagem, incluindo pai, mãe, cachorro,
professora e time de futebol. A geração Z sabe que existe um mundo
circundante, porque a comida lhe aparece na mesa em horas certas e nunca
lhe faltam tênis, bonés e mochilas. Mas o que faz esse mundo funcionar,
se é que funciona, não é da conta dela.
E aí é que está o problema. Para uma geração que, dentro de alguns
anos, poderá estar no poder, seu conhecimento do mundo físico é mínimo.
Seu dia a dia não comporta livros, discos, filmes, jornais, revistas ou
mesmo brinquedos materiais —tudo lhe vem da nuvem. É um mundo quase
abstrato. O que se passa hoje no noticiário —guerras, ataques
terroristas, dramas humanos, eleições— só lhe dirá respeito se forem assuntos de um game. Para ela, a história não existe. Nunca houve passado.
Só que, por algum tempo, a geração Z não estará sozinha. Terá de
dividir o mundo com a chamada geração milênio, que nasceu entre 1981 e
2000 e compõe hoje 31,5% da humanidade. Esta sabe melhor das coisas,
porque conheceu o mundo ainda primitivo, sem celulares e computadores, e
viveu a transição para o digital.
Mas, em breve, a geração Z olhará para a do milênio assim como a
minha, de 1900 e preto e branco, olhava para os mais velhos quando eles
falavam de sapatos com galochas e carros a gasogênio —com carinhosa
superioridade.
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