Antônio Delfim Netto*
Intromissão de evangélicos nas políticas públicas de gênero é exemplo de confusão
Provavelmente, nem a arrogância do mais
pretensioso intelectual permita-lhe afirmar que as mais recentes
descobertas científicas deem uma resposta aceitável ao problema
fundamental que o homem se colocou desde sempre: qual o significado do
universo que o cerca e qual o seu papel nele?
Como tinha necessidade intrínseca de encontrá-la, uma vez que a sua
própria sobrevivência física dependia da natureza dessa resposta,
procurou conforto numa “crença”, numa “religião”, que estabelece a
ordem, a estabilidade e a previsibilidade nas relações sociais,
produzidas por restrições às ações de cada um, dispostas por um ser
divino benevolente que controla a ordem do mundo.
Trata-se de um sentimento profundo e robusto —isto é, de uma fé— que dispensa qualquer prova material porque conforta e dá esperanças ao seu portador. Foi esse o papel da Igreja Católica durante muitos anos, antes de que ela se “intelectualizasse” e se afastasse do povo.
É preciso —sem preconceitos— reconhecer que seu lugar hoje é ocupado pelas igrejas evangélicas, cujo sucesso é a prova material de que estão mais antenadas com as novas realidades.
O conhecimento “científico” (isto é, a ciência) exige o oposto: a
dúvida permanente, a busca interminável de recusar o que se supõe
conhecido e aceitá-lo, provisoriamente, enquanto não for negado
empiricamente. Como disse Popper, “o homem não pode conhecer, mas apenas
conjecturar”.
Trata-se de um sentimento profundo e robusto —isto é, de uma fé— que dispensa qualquer prova material porque conforta e dá esperanças ao seu portador. Foi esse o papel da Igreja Católica durante muitos anos, antes de que ela se “intelectualizasse” e se afastasse do povo.
É preciso —sem preconceitos— reconhecer que seu lugar hoje é ocupado pelas igrejas evangélicas, cujo sucesso é a prova material de que estão mais antenadas com as novas realidades.
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