Pe. Inácio José Schuster*
O
essencial é que Cristo realmente nos humaniza, eleva a nossa humanidade
a níveis
nunca imaginados!
Como manter o coração próximo de Cristo na preparação para o Natal?
É
preciso fazer silêncio, escutar os “sussurros” de Deus que nos chama
através do seu Espírito a refletir que o essencial do advento é
reconhecer que Cristo realmente nos humaniza, que eleva a nossa
humanidade a níveis nunca imaginados.
A
vivência da espiritualidade deve ser aproveitada pela meditação das
leituras propostas pela liturgia deste tempo litúrgico. A Igreja também
recomenda um espírito e atitude de caridade. Lembrando-nos que Cristo é
um presente de Deus para nós, o maior de todos e que, assim, entrar no
espírito do Natal é mais um assunto de ‘dar’ do que de ‘receber’.
O
consumismo é a consequência da falta de silêncio interior, da perda de
sentido do mistério, da perda de consciência do próprio valor, da
concepção de um Cristo exterior a minha vida, como uma espécie de
‘manual de conduta’ ou ‘livro de receitas’, mas não como uma Pessoa que
quer dialogar comigo, em um encontro íntimo, que leva à transformação no
amor.
É
necessário evitar uma espécie de “fuga pelas compras”. Comprar pode
levar alegria às pessoas, mas não devemos colocar o nosso coração nisso!
Achamos que o vazio interior que sentimos poderá preencher-se pelas
coisas materiais... porém quando elas estão esvaziadas do essencial (e o
essencial é Cristo), a nossa vida se converte em um vai e vem de
compensações, mas nunca terminamos de ‘dar de frente’ com o profundo
mistério de nossa humanidade, revelado na humildade de um berço, no
gesto da condescendência de Deus que assume a nossa humanidade para
redimi-la e enchê-la de sentido.
O
essencial é que Cristo realmente nos humaniza, eleva a nossa humanidade
a níveis nunca imaginados! Ao conhecimento dessa verdade segue um
segundo aspecto: o assombro, a maravilha que gera no homem a
contemplação da encarnação, através da qual Deus revela ao homem o seu
valor para Si.
Para mantermos o coração fixo no que é essencial neste Tempo do Advento, reflitamos sobre as “Três vindas de Jesus Cristo”:
A vinda histórica
É
uma preparação-memória. É “olhar para o passado” e lembrar-nos da
maravilha da encarnação, através da qual Deus cumpriu as suas promessas e
enviou o Messias. Faz parte dessa dimensão imprescindível da fé de
contemplar os acontecimentos da nossa salvação que mostram o quanto
valemos para Deus. Faz lembrar-nos que a nossa fé tem fundamento sólido,
fundamento em fatos e não em teorias ou sentimentos.
A vinda futura
É
uma preparação-espera. É “olhar para o futuro” e, guiado pelas
realidades anunciadas e prometidas na Sagrada Escritura, contemplar o
Céu, a meta do nosso terreno peregrinar. Faz parte da dinâmica da
esperança, que, apoiada sobre a fé, aguarda a realização das promessas
de Deus.
A vinda no hoje da nossa existência
É
uma preparação-acolhida. É olhar para o próprio interior, velando para
que seja morada adequada para Cristo. É fazer do coração um presépio;
humilde, porém limpo, ordenado. É a atualização do amor. Quando
acolhemos Jesus nas nossas vidas é sinal de amor, de aprender a amar e,
assim, ver realizadas as promessas de Deus na nossa vida e ‘antecipar o
Céu’. No amor a fé e a esperança se realizam.
Passado-presente-futuro, memória-acolhida-espera, fé-esperança-caridade. Eis o tempo do Advento!
Nesse
sentido, a vigilância não só faz referência à vinda de Jesus no final
dos tempos, mas é também estar atentos para não perder a memória da
vinda no passado e colocar os meios para acolher o Senhor em nosso dia a
dia.
Que este tempo do Advento seja verdadeiramente um tempo de memória, espera e acolhida, de fé, esperança e caridade.
Que o Senhor possa vir e encontrar sempre morada nos nossos corações, uma morada humilde, limpa e ordenada!
* Vigário Judicial. Pároco da Ig. da Piedade Novo Hamburgo. Dr. em Dto. Canônico.
Fonte: Texto recebido por e-mail.
Foto Coro do Advento no Convento Capuchinho de Porto Alegre. Foto do Blog.
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