Do site de Rodrigo Baleia
São várias as críticas que estão sendo feitas na fan page de Sebastião Salgado.
Neste
vídeo postado por Marko A Costa na fan page de Sebastião Salgado, o
músico e produtor Benjamim Taubkin, fala sobre a perda da independência
da cultura pela dependência do financiamento de empresas e de como a
cultura fica mais dócil ao ter um patrocinador.
O
comentário de Benjamim Taubkin é um belo exemplo sobre o posicionamento
do fotógrafo Sebastião Salgado ao assumir a mitigação dos impactos
socioambientais ocasionados pelo rompimento da barragem da mineradora
Vale/Samarco.
É
de senso comum o quanto somos tocados pelo trabalho e as falas de
Sebastião Salgado. Ontem mesmo vi em um site de um grande jornal
brasileiro se dirigir a ele como o maior fotógrafo do Brasil. Com um
título como esse fica difícil se posicionar contra Sebastião Salgado.
Eu,
como muitos, também era um admirador do trabalho e do posicionamento de
Sebastião, mas isso foi mudando ao vê-lo, buscando a Vale para
viabilizar seus projetos fotográficos. Toda e qualquer admiração que
tinha por ele foi por água abaixo, ao vê-lo elevando o nome da
mineradora em seus discursos em prol das causas socioambientais.
Por
anos trabalhei na região norte do Brasil. Em minhas andanças, tomei
conhecimento de um lado obscuro da mineradora Vale que iam desde ações
do Ministério Publico Federal contra o envolvimento da mineradora com
trabalho escravo até destruição da Floresta Amazônica.
Também
tive a oportunidade de documentar a recuperação de uma área degrada
pela exploração de minério da Vale. Esse trabalho me chamou atenção pois
nunca havia visto um trabalho em uma escala tão gigantesca.
Nesta
semana ao ver um amigo comentar que Sebastião Salgado estava no Jornal
Nacional falando sobre a recuperação da região do rio Doce, eu logo me
perguntei porque a ONG de Sebastião Salgado teria que assumir esse
papel, quando a Mineradora Vale tem experiência de sobra neste assunto?
Que nome seria mais forte para reparar o desgaste de imagem,
consequência do rompimento de uma barragem, se não Sebastião, que saiu
pelo mundo para falar de sua área recuperada com o financiamento da
Vale?
Vista aérea da mina de ferro de Carajás ©Rodrigo Baleia 2015
Eu
tenho sido relutante em acreditar que isso é real, mas quando vejo o
rumo que isso vem tomando, uma única palavra vem em minha mente:
greenwashing (“maquiagem verde”). A maquiagem verde é usada por grandes
companhias para encobrir problemas ambientais causados por elas mesmas.
Eu
deixo de admirar aquele que o jornal se dirigiu como o maior fotógrafo
brasileiro quando ele busca financiamento e discursa para elevar o nome
de seu financiador, mesmo esse tendo atitudes tão dúbias e que neste
caso foi responsável por centenas de mortes e pelo maior acidente
ambiental brasileiro.
Digo
que se hoje eu tivesse um livro de Sebastião Salgado, estaria levando o
mesmo para livraria de onde comprei e pediria meu dinheiro de volta.
Minha admiração e devoção vai para todos os fotógrafos envolvidos na documentação e difusão desta tragédia no rio Doce.
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Fonte: http://rodrigobaleia.com.br/quando-deixei-de-admirar-sebastiao-salgado/
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