por Juremir Machado da Silva*
Outro dia, no portão da Cubo Play, na Bom Jesus, periferia de Porto Alegre, estávamos, Nando Gross, Eduardo Bueno, também conhecido como Peninha, e eu discutindo acaloradamente a triste situação de Larissa Manoela. Nem o jogo do Inter pela Libertadores da América, nem a decadência do Grêmio no Brasileirão, apesar de Peninha ser gremista de quadro emoldurado e eu um colorado racional, conseguia nos desviar do assunto das últimas semanas. A nossa opinião unânime era: depois daquela mensagem enviada por Lari para a mãe, no Natal, respondida com “vai a merda, esqueça que eu sou sua mãe”, dona Silvana perdeu a guerra.
Em quem não doeu a situação de Larissa Manoela, fenômeno dos novos tempos tecnológicos, uma fábrica de dinheiro, com mais de 40 milhões de seguidores numa rede social, tendo de pedir dinheiro aos pais para pagar um milho na praia!?? “No Natal, não”, exclamou Peninha. Concordamos. Outro ponto que impactou o país foi quando Larissa, maior de idade, decidiu assumir o controle dos seus negócios, mas, boa filha, não quis escantear os pais. Propôs uma parceria: 60% para ela, 40% para eles. Veio a contraproposta inacreditável: 60% para os pais, 40% para ela! Uau!
O trabalho é dela. O talento é dela. O carisma está com ela. Qual poderia ser a base para a proposta invertida? Larissa Manoela deixou um patrimônio de R$ 18 milhões para que os pais não fiquem desamparados, mas fechou a torneira. Eles que se virem. A menina sabe que vai ganhar muito dinheiro ainda. Só não quer ser trouxa. A mãe implicou com o namorado da filha. Ele estaria colocando minhocas na cabeça dela. Sem dúvida, é um caso para estudos de todos os tipos, inclusive de inversão de comportamento: da era dos filhos imaturos aos tempos dos pais sem noção.
Peninha garantiu que irá a show de Larissa Manoela se ela vier a Porto Alegre. Eu já estou pensando em segui-la em suas redes sociais. Nando certamente fará o mesmo. Uma coisa veio à tona: todos nós, sexagenários, vemos o Fantástico, cinquentenário programa dos domingos à noite da Rede Globo. Peninha, de resto, defende certo grau de etarismo: ninguém com menos de 60 anos é confiável. Eu diria, ninguém abaixo dessa faixa etária privilegiada é pós-moderno, à exceção de Larissa Manoela.
Larissa Manoela é a pobre menina rica da vez. Tem dinheiro para tudo, não tinha liberdade para coisa alguma. Os pais controlavam uma fonte inesgotável de recursos e, pelo jeito, concluíram que, sendo a filha deles, o dinheiro dela também lhes pertenceria. Claro que eles negam tudo, juram que só agiram por amor e que há exagero na história.
Depois dessa reflexão que, embora apresentada aqui com um tom bem-humorado, foi muita séria, Peninha e eu pegamos um Uber juntos. Com seu estilo inconfundível, Peninha desafiou o motorista a responder quem dos seus dois passageiros, nós dois, era o melhor e o mais famoso.
– O seu Juremir, com certeza – respondeu o amável condutor.
É por isso que o Uber está desbancando os táxis.
*Jornalista. Escritor. Prof. Universitário.
Fonte: https://www.matinaljornalismo.com.br/matinal/colunistas-matinal/juremir-machado/larissa-manoela-pobre-menina-rica/
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