sábado, 7 de outubro de 2023

A Economia de Francisco

 Jorge Bernardino, Diocese de Coimbra

Em maio de 2015, o Papa Francisco promulgou a encíclica Laudato Si reafirmando as linhas centrais em economia da sua exortação apostólica Evangelii Gaudium, procurando eliminar as causas estruturais das disfunções da economia mundial e corrigir os modelos de crescimento que parecem incapazes de garantir o respeito pelo meio ambiente. Diante da grave crise ecológica em que se vive Francisco sempre procurou um diálogo com todos acerca da nossa casa comum, tentando ajudar a construir o futuro do planeta. Hoje temos que dizer “não a uma economia da exclusão e da desigualdade social. Esta economia mata” (cf. Evangelli Gaudium 53).

Mas afinal o que é a “Economia de Francisco”? A Economia de Francisco é um movimento mundial, encabeçado pelas gerações mais jovens, mas que quer chegar a todos, com o objetivo de promover uma economia mais fraterna, justa, sustentável e ecológica. A Economia de Francisco é inspirada em S. Francisco de Assis e encorajada pelo Papa.

O movimento foi lançado por Francisco em 2019, com o objetivo de repensar o modelo económico atual, que é baseado no lucro e na competição, em favor de um modelo mais solidário e equitativo. A Economia de Francisco baseia-se em 10 princípios:

  1. Pôr a economia a serviço dos povos: Priorizar o bem-estar humano e a inclusão social acima dos interesses financeiros e corporativos.
  2. Dizer “não” a uma economia de exclusão: Combater todas as formas de desigualdade e marginalização económica.
  3. Construir uma economia inclusiva: Promover oportunidades económicas para todos, especialmente para os mais vulneráveis.
  4. Proteger a casa comum: Adotar práticas económicas que sejam ambientalmente sustentáveis e responsáveis em relação ao meio ambiente.
  5. Considerar a longo prazo: Foco em soluções de longo prazo que beneficiem as futuras gerações, em vez da busca por lucros imediatos.
  6. Fomentar a solidariedade e a cooperação: Encorajar a colaboração e a partilha de recursos em vez da competição predatória.
  7. Reconhecer o valor do trabalho humano: Valorizar o trabalho digno e garantir condições de trabalho justas e decentes.
  8. Promover a justiça fiscal: Garantir que os sistemas fiscais sejam justos e equitativos, evitando a evasão fiscal.
  9. Buscar a paz e a justiça social: Promover a paz, a justiça social e a reconciliação em todos os aspectos da vida económica.
  10. Amar a nossa economia e a nossa humanidade: Cultivar uma abordagem mais holística da economia, que reconheça a interconexão entre todas as áreas da vida.

Estes princípios procuram inspirar uma transformação na maneira como a economia é entendida e praticada, promovendo uma abordagem mais ética, justa e sustentável.

O movimento Economia de Francisco tem-se expandido rapidamente pelo mundo, contando com a participação de jovens de todas as idades, de diferentes origens e contextos. O movimento representa uma esperança de que é possível construir uma economia mais justa e sustentável para todos. Em Portugal, podemos encontrar toda a informação em https://economiadefrancisco.org .

Em resumo, a “Economia de Francisco” é uma iniciativa que pretende repensar e transformar a economia global em direção a um sistema mais justo e sustentável, inspirado pelos ensinamentos do Papa Francisco e pelos valores cristãos de solidariedade e compaixão.

Assim, todos nós podemos e devemos dar o nosso pequeno contributo para esta nova economia que coloca a dignidade humana no centro das preocupações e que procura soluções para os problemas sociais e ambientais do mundo.

Jorge Bernardino
Comissão Diocesana Justiça e Paz  

Fonte: https://agencia.ecclesia.pt/portal/a-economia-de-francisco/

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