LUCIANO MENDES DE ALMEIDA*
Nestes dias em que o povo passa
por situações difíceis de desemprego, de desequilíbrio econômico, de
aumento no custo de vida, de provações e de incertezas, percebemos que
já se manifestam desânimos e falta de
esperança.
Temos, então, de voltar mais o nosso
coração em prece a Deus. Nos momentos árduos, recorremos a Deus de
modo mais intenso a fim de encontrar
nele luz e força para enfrentar os acontecimentos da vida.
Ele, na sua bondade, ajuda nossa
confiança e nos aponta Maria como
poderosa intercessora, a quem devemos nos dirigir.
Mãe de todos e Padroeira do Brasil,
sob o título de Nossa Senhora Aparecida, Maria nos ama e continua manifestando-se em favor de seu povo. É
chegado o momento de pedirmos que
Ela nos fortaleça na esperança, nos ensine a rezar e a construir uma nação
solidária e fraterna.
1. Maria é modelo de fé em meio às
provações. Sua oração nunca duvidou
do amor de Deus e soube sempre nele
confiar. Meditava à luz da Palavra, nos
acontecimentos de seu povo, para ali
descobrir a presença e a ação providente do Pai. Ela nos ensina que Deus
tem solicitude constante pelos seus filhos e há de nos dar graça para superar
o medo e a desesperança e encontrar
força para buscar caminhos de justiça
e de paz.
2. É para nós a Mãe que nos revela o
rosto amoroso de Deus. Ela nos comunica o amor que vence o egoísmo,
a ganância e a acumulação de bens.
Precisamos redescobrir, pela proteção de Maria, que somos irmãos e temos de reaprender o respeito, o amor
e a solidariedade entre nós. Sem amor
fraterno, não há superação do ódio.
Não há reconciliação e partilha fraterna. Como alcançar a justa retribuição
das terras e relações mais humanas no
trabalho se não houver a descoberta
do direito que cada irmão e cada irmã
têm de serem amados e ajudados por
nós?
3. Maria, como o Evangelho nos ensina, viveu vida simples, compreendeu e experimentou o sofrimento da
vida humana e o drama dos pobres.
Invocando Maria, vamos aprender a
respeitar a dignidade de cada pessoa
humana como Jesus nos revelou.
Os empobrecidos hão de assumir a
própria dignidade, somar esforços,
desenvolver os valores profundos da
solidariedade e da coragem diante das
dificuldades. Também os mais favorecidos hão de entender que se devem
empenhar para que os empobrecidos
tenham condições dignas de vida.
A solicitude materna de Maria nos
levará a encontrar, num clima de verdadeira concórdia social, soluções
adequadas para os problemas da terra, da moradia, da saúde e da
educação. Neste período de eleições municipais, precisamos crescer na
esperança
de dias melhores para nosso povo.
Unamos nossa fé numa oração de filhos e filhas que invocam a Mãe comum
no dia em que celebramos a festa da sua assunção ao céu, Nossa Senhora
da Glória.
Ela nos alegra não só com a perspectiva de construirmos a sociedade solidária, mas com a promessa de vida
eterna e feliz que Jesus nos anuncia.
*Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida S.J. foi um religioso jesuíta e bispo católico brasileiro. Foi o quarto arcebispo de Mariana. Falecimento: 27 de agosto de 2006, São Paulo. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1408200407.htm Texto da Folha de São Paulo de 14 de agosto de 2004. Acesso de hoje.
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