Por Meraldo Zisman*
A palavra “guerra” significa um conflito entre Estados e se caracteriza por disputas ou hostilidades relevantes. Polarização significa separar e concentrar os extremos de crenças e valores o que, às vezes, resulta em hostilidade e dificuldade de compreensão em um contexto social.
A continuidade dos conflitos humanos tem raízes em complexos fatores, que abrangem conflitos de interesses, nacionalismo exacerbado, ideologias extremistas, ausência de diplomacia, ganância econômica, histórico manchado por conflitos passados, carência, gestão inadequada, corrupção e influências psicológicas profundas, além de diferenças religiosas, e do próprio temperamento das pessoas. A perspectiva de eliminar a guerra e a polarização no nosso planeta ainda é incerta. A liberdade e o progresso podem ajudar a evitar conflitos.
Sociedades democráticas e economicamente avançadas tendem a ser mais ponderadas e menos inclinadas a conflitos. Contudo, outros fatores, como a segurança, a história compartilhada, as tradições, as religiões e as ideologias também têm um papel na pacificação das sociedades, embora não garantam a prevenção de guerras e disputas, nem mesmo em um único país. É importante mencionar os célebres diálogos “Por que a Guerra?”, entre Sigmund Freud (1856–1939) e Albert Einstein (1879-1955). Freud sustentava que a guerra é uma consequência natural da natureza humana, impulsionada por instintos agressivos inerentes. Por seu lado, Einstein enfatizou a necessidade de leis internacionais e de um governo mundial para evitar conflitos. Apesar de concordarem quanto à relevância crucial da prevenção da guerra, os dois lados divergem quanto à viabilidade de uma paz duradoura.
Em resumo, essa correspondência explorou as raízes da violência humana e delineou estratégias potenciais para evitar conflitos, embora esses esforços tenham sido em vão, como evidenciado pelo eclodir da Segunda Guerra Mundial. Expandindo, nas palavras de Hipólito José da Costa (Marquês de Maricá 1773–1848): “As guerras e desavenças internas podem ser consideradas um suicídio nacional.” A intensa polarização política, não somente no Brasil, mas em outros países, pode criar um ambiente hostil e diversivo, semelhante a um conflito armado. Isso ocorre devido às diferenças ideológicas e políticas que geram tensões, obstruem o diálogo construtivo e podem até resultar em violência.
A separação não se limita a uma região, afeta também a união das pessoas, o funcionamento do governo e a busca de soluções para os problemas do país. Para combater essa polarização, é crucial promover o diálogo, a compreensão mútua, o respeito às diferenças e incentivar a educação cívica, bem como ter uma mídia responsável e contar com a participação ativa dos cidadãos na política, visando construir uma sociedade mais harmoniosa. Durante a elaboração deste texto, tive a notícia do aumento dos conflitos na Faixa de Gaza entre Israel e os palestinos, o que me fez lembrar que a guerra entre a Rússia e a Ucrânia está prestes a completar seu segundo aniversário. Parece que a expressão Homo Sapiens perdeu seu contexto para nós, já que em latim significa ‘Homem sábio’ ou ‘Homem inteligente’.
* Médico, psicoterapeuta. É um dos primeiros neonatologistas brasileiros. Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha). Vive no Recife (PE). Imortal, pela Academia Recifense de Letras, da Cadeira de número 20, cujo patrono é o escritor Alvaro Ferraz.
Fonte: https://www.chumbogordo.com.br/434395-guerra-e-polarizacao-por-meraldo-zisman/?utm_source=mailpoet&utm_medium=email&utm_campaign=CHUMBO+GORDO+-+Newsletter
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