Nessa caminhada na tentativa de que os filhos encontrem a felicidade, muita confusão tem ocorrido
Muitos pais de crianças e de adolescentes buscam, de todas as maneiras, evitar que eles sofram. Querer que os filhos sejam felizes tem sido um imperativo de nosso tempo. Aliás, ser feliz é uma busca incessante de cada um de nós, não é verdade? Procurar a felicidade, entretanto, é algo muito diferente de sentir-se obrigado a ser feliz.
Nessa caminhada na tentativa de que os filhos encontrem a felicidade, muita confusão tem ocorrido. Alegria, satisfação, prazer, por exemplo, são temas que, isoladamente, têm sido confundidos com a tal felicidade. Desse modo, dar aos filhos o que eles querem é uma das estratégias bem utilizadas por muitos pais.
Sem dúvida alguma, quando a criança ou o adolescente conseguem o que querem – ou que acham que querem – ficam alegres e satisfeitos. Ganhar um presente e/ou fazer o que quer por muito tempo é um prazer para eles. Mas, isso basta para que eles sejam felizes?
Evitar que os filhos sofram é uma tarefa impossível, mas, mesmo assim, muitos pais tentam. Certamente, na vida enfrentamos sofrimentos que são inúteis, mas nem sempre somos capazes de reconhecê-los, não é? E, diariamente, podemos enfrentar sofrimentos que são inevitáveis: fazem parte da vida e do viver.
O bem-estar emocional está diretamente associado à possibilidade de se ter momentos de felicidade e nem sempre os pais se dão conta de que as dores emocionais não têm, necessariamente, relação com os acontecimentos da vida cotidiana.
Entrar em contato com uma imagem, uma conversa, um comentário, uma piada, por exemplo, que exigem um pouco mais de conhecimento e de maturidade para assimilar adequadamente, pode causar angústia na criança, que sofre com isso.
E é justamente o que tem ocorrido com muitas crianças que, precocemente, navegam pela internet sozinhas, sem a boa companhia dos pais ou de outros adultos responsáveis. Essas crianças sofrem porque são colocadas antecipadamente – em relação ao seu desenvolvimento – frente a situações que não conseguem entender, elaborar, dar um sentido, por exemplo.
Li, na internet, que o pai de uma garota de nove anos descobriu que ela conversava com a IA de um aplicativo instalado no celular dela, o que estava gerando emoções negativas na filha. E, para surpresa dele, quando explicou os motivos de não fazer mais isso e participar da conversa, viu a IA tentar convencer a garota de que ela poderia continuar a conversa, contrariando a orientação dada pelo pai.
Muitas crianças estão usando aplicativos com IA para diversão, mas esquecemos que elas podem não entender corretamente com o que estão lidando. Aliás, muitos adultos ainda não entendem porque essa é uma questão bem complexa.
Elas podem acreditar que se trata de um/a colega, amiga/o, por exemplo. Apesar de as crianças lidarem com muita habilidade com os aparelhos tecnológicos e os programas e aplicativos, elas ainda não sabem muito bem diferenciar mundo real do virtual, e isso pode causar grandes confusões na vida delas.
Agora, mais do que nunca, é preciso que os pais acompanhem de perto o uso que seus filhos fazem da interne
*Psicóloga e consultora educacional.
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