Luiz Felipe Pondé*
Façamos um exercício de imaginação ativa hoje. Se você não tiver estômago, como é comum no ambiente cultural, pare e não leia o que vem a seguir.
Imagine que ao longo dos dias das Olimpíadas em Paris, o criador da cerimônia de abertura e todos os participantes da "cena revolucionária" da Santa Ceia fossem fuzilados por brigadas cristãs furiosas que gritassem "Jesus é grande!".
Como acha que o mundo da cultura local e internacional —ocidental, claro— reagiria?
"Inteligentinhos" em geral —que gozaram com o deboche da Santa Ceia achando-o um marco revolucionário— teriam surtos epileptiformes. "Que horror! Quanta violência!"
"Deus do céu!" —a exclamação cai bem no tema em questão. Como é fácil dar xeque mate na esquerda "woke", basta você ter dois neurônios e um pouco de colhão, porque eles não têm nenhum desses substantivos em questão.
Queria ver essa cambada de frouxo gozar com o islã como gozaram com o cristianismo —a população islâmica francesa é significativa, aliás.
Lembrando bem, em janeiro de 2015, mataram os caras da Charlie Hebdo em Paris porque zoaram com o profeta Maomé, e houve "inteligentinho" humorista por aí que quase disse que os cartunistas eram culpados por terem sido assassinados porque tiraram sarro de uma população oprimida.
Pessoalmente, "adoro" essa lógica oprimido-opressor no que tange ao mundo do pensamento público.
Nunca inventaram mau-caratismo maior desde as mentiras nazistas sobre os judeus ou o "sucesso socialista" de Stálin.
Essa é fácil de responder. Porque há décadas a inteligência pública é composta na sua quase totalidade por delinquentes adolescentes com capacidade cognitiva e política duvidosa.
* Escritor e ensaísta, autor de "Notas sobre a
Esperança e o Desespero" e “A Era do Niilismo”. É doutor em filosofia
pela USP.
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