Bruno Souza da Silva*
Enfim chegou 2018, ano eleitoral. Para algumas pessoas trata-se de um
momento importante para conseguirmos avaliar o desempenho dos políticos
em exercício de mandato e avaliar se vale a pena reconduzi-los aos
cargos que ocupam. Já para muitas outras pessoas as eleições são quase
que um fardo, um sacrifício que deve ser feito no primeiro domingo de
outubro dos anos pares. Mas o ponto que importa é o seguinte: ano
eleitoral é especial pelo fato de ser um período no qual a sociedade
olha mais para a política. Agora, será que temos nos preocupado em
entender como funciona a política ou, ao invés de debater, muitos têm
apenas o hábito de “bater”?
A necessidade de
educar os cidadãos para o convívio democrático é uma constante na visão
de vários autores. Vem desde a antiga Atenas, com filósofos como Platão e
chega, nos tempos modernos, a compor um elemento estrutural da própria
da democracia, como na visão do clássico cientista político Robert Dahl,
notório em seus estudos sobre os regimes democráticos. Da mesma maneira
que não nascemos prontos para andar, nos alimentarmos, trabalharmos
etc., sendo necessário o aprendizado cotidiano para a realização dessas
atividades, participar politicamente também é um eterno aprender. Mas,
para se aprender bem é preciso ter quem nos ensine.
Nos últimos anos vem crescendo as experiências e os projetos de
Educação Política suprapartidária pelo Brasil. Em volume da revista
acadêmica “Cadernos Adenauer”[1],
o Prof. Dr. Humberto Dantas (colega do blog Legis-Ativo do Jornal
Estadão), conseguiu reunir mais de uma dezena de experiências formativas
no sentido de capacitar os cidadãos a compreender conteúdos básicos de
política e, mais do que apenas compreender, a refletirem de maneira
crítica a respeito da sua atuação na sociedade. No que toca à sociedade
civil os cursos de Iniciação Política na periferia de São Paulo já
possuem mais de uma década de vida e formaram milhares de jovens nos
últimos anos. No âmbito público, várias Escolas do Parlamento (Poder
Legislativo) também têm intensificado ações de Educação Política e
compartilhado experiências formativas em rede, como é o caso da
Associação Paulista de Escolas do Legislativo e Contas. Já no mundo
empresarial, de maneira desafiadora, a Laticínios Tirolez desenvolve um
Programa de Educação Política corporativa voltado à formação dos seus
milhares de colaboradores a fim de despertar neles a capacidade de olhar
para a sua realidade social com vistas a ser um agente de
transformação, além de se criar uma mentalidade crítica a respeito do
direcionamento do voto. Isso começou em 2002, e se intensificou em 2018
de forma expressiva.
Poderíamos ainda assim nos questionar, mas será que é preciso mesmo
educar para a vivência democrática? Em um país no qual após as eleições
nacionais quase 50% do eleitorado sequer se lembra quais foram suas
opções de voto para deputado federal, por exemplo, educar para a
democracia é também colocar em destaque o Poder Legislativo, uma das
instituições mais deslegitimadas pela população e alvo de desconfiança
juntamente com os partidos. Nesse ano, certamente estamos olhando mais
para os vários postulantes à presidência da República e, como de praxe,
nos importamos pouco com o Parlamento. Se a caixa de ressonância das
sociedades modernas é o Legislativo, o qual expressa toda a pluralidade
social e cultural de um país, e a democracia se espalhou pelo mundo do
Pós-Segunda Guerra Mundial como regime político adotado pelas nações,
educar os cidadãos para viverem de maneira democrática e criarem elos de
ligação mais fortes com seus representantes é fundamental. Ainda
estamos engatinhando, mas avançando.
[1] http://www.kas.de/brasilien/pt/publications/44829/
--------------
* Escrito em co-autoria com Rômulo Arthur Guardiano, psicólogo,
especialista em Gestão de Recursos Humanos (UNIOESTE) e analista de
desenvolvimento organizacional da Tirolez.
Fonte: http://politica.estadao.com.br/blogs/legis-ativo/a-importancia-da-educacao-politica/?utm_source=newsletter&utm_medium=email&utm_campaign=politica 08/05/2018
Imagem da Internet
Nenhum comentário:
Postar um comentário