“Eles se tornam personagens de suas
próprias vidas, preocupados com narrativas, contextos, motivações. Estão
sempre esperando pelo terceiro ato — que nunca chega”, disse um estudo
da Box1824, conduzido pelos pesquisadores Sean Monahan e Sophie Secaf
nos Estados Unidos, sobre o que chamaram de GenExit, a geração que opta
por experimentar novas possibilidades identitárias, mais livres e menos
deterministas, mas não menos disruptivas.
Ainda que esteja cansado
depois de um dia longo, o estudante de publicidade Luigi Dalmolin, de
21 anos, só vai para a cama após um banho quente. Por isso, entre uma
ensaboada e outra, Dalmolin assiste a vídeos no YouTube ou responde a
mensagens no WhatsApp. Graças a uma providencial capinha à prova d’água,
ele faz parte de uma minoria — surgida recentemente — que toma banho
com o telefone celular dentro do box. Estar com o celular nas mãos o
tempo todo como faz Dalmolin, conectado, com os olhos vidrados e os
dedos tocando a tela, é um dos principais comportamentos identificadores
dos ultrajovens (ou geração Y). São as pessoas nascidas entre 1982 e
2000 (segundo o Census Bureau, agência governamental encarregada pelo
censo nos Estados Unidos), ou entre 1981 e 1997 (segundo o instituto de
pesquisa americano Pew Research Center). Os jovens apresentam
características que os diferenciam das gerações anteriores e refletem
mudanças relevantes no mundo.
A principal distinção dos
ultrajovens é a necessidade de estar conectado o tempo todo. Smartphones
são sua porta de acesso ao mundo; 43% dos jovens são como Dalmolin: não
vão ao banheiro sem seus celulares. O aparelho é tão importante que 42%
deles afirmam que deixariam de ir à academia se não pudessem levá-lo.
A
fixação por smartphones atinge outras faixas etárias, mas, no caso dos
ultrajovens, deu origem à “era da distração”. A fartura de dispositivos
conectados à internet está reduzindo cada vez mais a capacidade de
concentração. No início de maio, Carl Marci, neurocientista e médico
especialista em questões ligadas ao consumo e ao comportamento, esteve
no Brasil para apresentar o resultado de pesquisas neurológicas
realizadas por sua empresa, um braço da gigante teuto-americana Nielsen.
Marci
encara a tal distração como resultado da falta de tempo ocioso. Os
“nativos digitais” não se enfadam, porque estão sob constante estímulo.
Se estão na fila do mercado, não precisam “esperar”; é só sacar o
celular e responder a uma mensagem ou dar uma conferida nas notificações
das redes sociais e pronto: a fila andou rapidinho.
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Reportagem por NINA FINCO 24/05/2018
FONTE: https://epoca.globo.com/sociedade/noticia/2018/05/o-poder-dos-ultrajovens.html
Foto da Internet
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