sexta-feira, 25 de maio de 2018

O poder dos ultrajovens

 

A geração que vai romper (e já está rompendo) com tudo o que se quis e se imaginou



“Eles se tornam personagens de suas próprias vidas, preocupados com narrativas, contextos, motivações. Estão sempre esperando pelo terceiro ato — que nunca chega”, disse um estudo da Box1824, conduzido pelos pesquisadores Sean Monahan e Sophie Secaf nos Estados Unidos, sobre o que chamaram de GenExit, a geração que opta por experimentar novas possibilidades identitárias, mais livres e menos deterministas, mas não menos disruptivas.

Ainda que esteja cansado depois de um dia longo, o estudante de publicidade Luigi Dalmolin, de 21 anos, só vai para a cama após um banho quente. Por isso, entre uma ensaboada e outra, Dalmolin assiste a vídeos no YouTube ou responde a mensagens no WhatsApp. Graças a uma providencial capinha à prova d’água, ele faz parte de uma minoria — surgida recentemente — que toma banho com o telefone celular dentro do box. Estar com o celular nas mãos o tempo todo como faz Dalmolin, conectado, com os olhos vidrados e os dedos tocando a tela, é um dos principais comportamentos identificadores dos ultrajovens (ou geração Y). São as pessoas nascidas entre 1982 e 2000 (segundo o Census Bureau, agência governamental encarregada pelo censo nos Estados Unidos), ou entre 1981 e 1997 (segundo o instituto de pesquisa americano Pew Research Center). Os jovens apresentam características que os diferenciam das gerações anteriores e refletem mudanças relevantes no mundo.
A principal distinção dos ultrajovens é a necessidade de estar conectado o tempo todo. Smartphones são sua porta de acesso ao mundo; 43% dos jovens são como Dalmolin: não vão ao banheiro sem seus celulares. O aparelho é tão importante que 42% deles afirmam que deixariam de ir à academia se não pudessem levá-lo.

A fixação por smartphones atinge outras faixas etárias, mas, no caso dos ultrajovens, deu origem à “era da distração”. A fartura de dispositivos conectados à internet está reduzindo cada vez mais a capacidade de concentração. No início de maio, Carl Marci, neurocientista e médico especialista em questões ligadas ao consumo e ao comportamento, esteve no Brasil para apresentar o resultado de pesquisas neurológicas realizadas por sua empresa, um braço da gigante teuto-americana Nielsen.
Marci encara a tal distração como resultado da falta de tempo ocioso. Os “nativos digitais” não se enfadam, porque estão sob constante estímulo. Se estão na fila do mercado, não precisam “esperar”; é só sacar o celular e responder a uma mensagem ou dar uma conferida nas notificações das redes sociais e pronto: a fila andou rapidinho.
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Reportagem por  NINA FINCO 24/05/2018
FONTE:  https://epoca.globo.com/sociedade/noticia/2018/05/o-poder-dos-ultrajovens.html 
Foto da Internet

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