Luiz Felipe Pondé*
Nunca imaginei que banheiros seriam um dia objeto de PhD em ciências humanas
No Brasil, está na moda esse debate chato sobre gênero.
Uns dizem que existe uma “ideologia de gênero”
e que ela é ensinada nas escolas a fim de transformar os meninos em
meninas e as meninas em meninos, intenção esta motivada pelo excesso de
feministas, gays e lésbicas nas ciências humanas (esse maior número de
“gêneros”, masculino não heterossexual ou feminino feminista, não deixa
de ser, talvez, verdade).
Essa “ideologia” seria comprovada pela eliminação da “diferença dos banheiros” nas escolas —pessoalmente acho idiota e invasiva essa moda de eliminar a divisão entre os sexos nos banheiros, frescura gourmet.
Engraçado, sempre achei que banheiros fossem temas para engenheiros e
pedreiros, que os constroem, e para empresas de higiene, que os mantêm.
Nunca imaginei que seriam um dia objeto de PhD em ciências humanas. Mas
as ciências humanas correm o risco de irem para a lata de lixo mesmo.
Outros, no lado oposto do ringue, negam a existência de tal
“ideologia de gênero”, dizendo que ela é a criação de mentes paranoicas
(que, temos de concordar, parecem povoar certos setores do novo
governo).
Os que negam a existência de tal “ideologia de gênero” afirmam que
ensinam apenas que todos devem respeitar a orientação e a identidade
sexual de todos (ensino este de que ninguém, em sã consciência, pode
discordar), mantendo-se fora dessa liberdade de orientação sexual apenas
os pedófilos (pelo menos, por enquanto, pois, como você sabe, tudo é
uma construção social, e uma hora dessas a maré pode virar).
Mas, aparentemente, a APA (Associação Americana de Psicologia)
resolveu a polêmica: sim, existe uma teoria, melhor do que ideologia, de
gênero, e esta é “científica” e prova que o homem heterossexual, tal
como conhecemos, é uma doença que precisa ser erradicada, como a raiva, o
tétano, a pólio ou a varíola.
Todas as orientações sexuais são válidas, menos a do homem heterossexual “tradicional”.
A APA chegou à brilhante conclusão de que homens heterossexuais
“tradicionais” devem ser curados de sua condição. Interessante: condenam
a “cura gay”, mas determinam que homens heterossexuais “tradicionais”
devem ser tratados desde crianças. Chegamos ao fundo do poço da
psicologia e da pedagogia: o extermínio dos meninos heterossexuais na
origem é a nova meta.
Quem acompanha minimamente o ridículo debate em humanas sobre
sexualidade não estranha tanto as novas “guidelines” da APA para a “cura
do homem hétero”.
Depois perguntam de onde vem a paranoia dos setores mais
conservadores da sociedade hoje. Ela vem da falta de noção da elite dita
“progressista”.
Esse homem abominável não toma remédios, gosta de briga, tem vergonha
de chorar, é competitivo e, acima de tudo, é tóxico para as mulheres. A
proposta é erradicar esse tipo de homem já na escola maternal.
E as escolas, sendo elas um poço de modinhas e autoajuda (com pitadas
de decisões “progressistas” sobre banheiros), deverão abraçar logo a
proposta.
Os meninos que demonstrarem comportamentos assim descritos deverão
ser tratados. Eles chegarão à escola com um CID, digamos, “comportamento
masculino tóxico”. Logo, um novo DSM, o manual de transtornos mentais,
trará a descrição dessa psicopatologia.
A verdade é que ninguém sabe como se formam as identidades sexuais
(ou outras quaisquer). A proposta é fazer o menino entrar em contato com
a “sensibilidade de gênero”, ou seja, fazer ele pensar o que é ser
homem.
Já fizeram isso com as meninas —e o estrago já foi feito (confusas,
inseguras na sexualidade e nos papéis da vida adulta, deprimidas,
temerosas de fazer sexo “pleno”).
Agora será a vez dos meninos passarem pela devastação causada por
teóricos vaidosos e ansiosos por destruírem a vida das crianças.
Pergunto-me: de onde vem tanto ódio à diferença sexual?
Sempre existiram meninos violentos —com o tempo ficava claro o quão
idiotas eram. O erro típico dessa moçada é o mesmo do feminismo radical:
todos os homens são abusadores e têm medo de chorar porque são serial
killers em potencial. Vão trocar uma minoria de idiotas por uma maioria
de deprimidos. E isso é psicologia?
Imagino as terapias para esses meninos “tóxicos”: workshop de garrafa
PET para combater o desejo de pegar nas meninas no recreio, aulas de
tricô para combater o desejo de se esconder para ver a calcinha delas na
sala de aula.
“Não é possível!”, diz uma mulher heterossexual. Parece mesmo um pesadelo. E a pobre acrescenta: “A quem devo desejar agora?” Imagino que o novo DSM dirá.
------------
Nenhum comentário:
Postar um comentário