Meu amor ao opressor não se traduz em torcida pela sua vitória, mas no desejo de que se arrependa da opressão perpetrada. Meu amor ao oprimido se traduz no desejo pela sua libertação e reivindicação de sua causa.
Se alguém acha que ao postar denúncias da violência praticada pelo estado de Israel aos palestinos, meu propósito seja instigar o ódio a Israel, está completamente equivocado. O alvo de nosso amor não é o estado de Israel, mas o seu nome povo. Assim como o alvo de nosso amor não é o Hamas, mas o povo palestino. Semelhantemente, o alvo de nossa indignação não são os judeus, mas o estado sionista, tampouco deveria ser os palestinos, mas o grupo extremista Hamas.
Não se atreva a usar sua fé para legitimar o ódio e o preconceito contra quem quer que seja. Cristo jamais abonaria tal conduta.
O que poderia legitimar o ódio cristão a Judeus ou a Palestinos? O fato de não reconhecerem Jesus como Filho de Deus? Tal justificativa se assemelha a usada pelos nazistas para perseguir e matar os judeus. Eles os responsabilizavam não apenas por rejeitarem o Messias, mas também por tê-lo matado. Quem crucificou Jesus foi o império romano.
Não importa o que ambos os povos pensem acerca de Jesus, e sim o que Ele diz acerca do nosso dever em amar, perdoar, acolher, bendizer indistintamente a todos.
Apesar de Jesus ter sido judeu, há mais pontos convergentes entre a fé cristã e o islamismo no que diz respeito à pessoa e a obra de Cristo, do que entre a fé cristã e o judaísmo. Cristãos e judeus têm um livro em comum: A Bíblia Judaica (Torá para os judeus / Antigo Testamento para os cristãos).
Cristãos e Muçulmanos têm em comum algumas opiniões sobre o próprio Cristo. Para os muçulmanos (religião professada pelos palestinos), Jesus é o Messias, nascido da Virgem Maria, e vai voltar no fim dos tempos para o Juízo Final. Entretanto, eles não creem em sua crucificação. Já os judeus nem sequer o veem como um possível Messias. Seria isso motivo para odiá-los e desejar o seu mal? Se fosse, Jesus teria entrado na pilha de Tiago e João e atendido o seu inusitado pedido para que fosse enviado fogo do céu para exterminar os samaritanos, desafetos dos judeus à época.
Jesus não nos ofereceu a opção de amar a uns e odiar a outros. Pelo contrário: “Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos” (Mateus 5:43-45).
Amar os israelenses não implica odiar os palestinos, nem vice-versa.
Meu amor ao opressor não se traduz em torcida pela sua vitória, mas no desejo de que se arrependa da opressão perpetrada.
Meu amor ao oprimido se traduz no desejo pela sua libertação e reivindicação de sua causa.
Apelar a passagens bíblicas para justificar uma predileção, enquanto recorre a imagens que desumanizem o lado oposto, é tomar a contramão do evangelho, rendendo-se a um ódio gratuito e absolutamente injustificável. Voltemos para Jesus. Retomemos o caminho de volta ao amor.
*Psicólogo, ativista, conferencista, autor, fundador da REINA (Rede Internacional de Amigos), bispo consagrado pela International Christian Communion (comunhão que reúne bispos de tradição anglicana/episcopal dos cinco continentes).
Fonte: https://www.neipies.com/de-que-lado-estou-afinal/
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