sexta-feira, 3 de novembro de 2023

‘Pobrefobia’, a HQ baseada nos relatos do padre Júlio Lancelotti

Capa da HQ "Pobrefobia", assinada por Wagner Loud 

Foto: Divulgação/Editora Draco
Capa da HQ "Pobrefobia", assinada por Wagner Loud

Obra desenhada por quatro autores se baseou em conversas com o sacerdote para tratar da aversão de alguns brasileiros a quem é desprovido de recursos

A editora Draco prepara o lançamento da HQ “Pobrefobia”, escrita e desenhada por diversos autores nacionais com base em relatos do trabalho do padre Júlio Lancelotti e de pessoas que foram assistidas por ele.

O quadrinho tem financiamento coletivo na plataforma Catarse até 8 de novembro. A ideia é que ele esteja pronto em janeiro de 2024. O preço mínimo para apoiar a obra é R$ 35. Parte do valor vai para a paróquia São Miguel Arcanjo, na Mooca, zona leste de São Paulo, onde Lancelotti atua junto à população de rua.

O projeto surgiu a partir de conversas do sacerdote com o roteirista Rogério Faria. “[O roteirista] ouviu muitos relatos emocionantes, que traziam experiências com o preconceito, a marginalização e a violência que essas pessoas sofrem todos os dias, mas também estavam ali histórias de amor, solidariedade e esperança”, afirma a descrição do projeto.

Os relatos viraram histórias curtas assinadas por Faria e desenhadas por quatro autores diferentes: Laura Athayde (“Aconteceu comigo”), Lila Cruz (“O círculo”), Luiza Lemos (“Não ligue, isso é coisa de mulher”) e Raphael Salimena (“Linha do trem”). A capa foi feita pelo ilustrador Wagner Loud, que já trabalhou com editoras como a Mauricio de Sousa Produções e a americana DC Comics.

Até a manhã de 3 de novembro, o projeto já tinha arrecadado R$ 35.585, um valor 35 vezes maior do que a meta inicial de R$ 10 mil para garantir a publicação.

O que é ‘aporofobia’

Pobrefobia, termo que dá título à HQ, é uma simplificação de “aporofobia”, palavra cunhada por Adela Cortina, professora de ética e filosofia política da Universidade de Valência, na Espanha, para descrever o medo, aversão e hostilidade direcionados às pessoas pobres e à pobreza.

A aporofobia se tornou um termo recorrente nos trabalhos de Júlio Lancelotti, em que ele oferece alimento e acolhimento a pessoas em situação de rua.

281 mil pessoas estavam em situação de rua em 2022 no Brasil, segundo estimativa do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada)

“A população de rua nada mais é do que cidadãos desempregados que precisam de uma oportunidade de trabalho, geração de renda, para ter a sua moradia digna — é por esse aspecto que temos que pensar, porque rua não é lugar de viver”, afirmou ao Nexo em julho Robson Mendonça, fundador do Movimento Estadual da População em Situação de Rua de São Paulo.

O padre Júlio Lancelotti é um sacerdote católico que desde os anos 1990 se dedica a atender as necessidades das comunidades marginalizadas e desfavorecidas. Seu trabalho envolve oferecer assistência direta às pessoas em situação de rua, fornecendo abrigo, comida, roupas e atenção médica, além de promover a inclusão social e a dignidade desses indivíduos.

Afora a atuação direta, ele também luta por políticas públicas mais eficazes para combater a falta de moradia e a pobreza, bem como por melhores condições de vida para os sem-teto em São Paulo. 

 Fonte: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2023/11/03/%E2%80%98Pobrefobia%E2%80%99-a-HQ-baseada-nos-relatos-do-padre-J%C3%BAlio-Lancelotti

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