Ruy Carlos Ostermann*
Ouvi com máxima atenção,
sem levantar, tomar cafezinho ou conversar com quem estivesse ao lado. Ouvi,
quase contrito e sempre bastante emocionado, a entrevista que Paul Singer
concedeu sem esmorecimento, frase por frase, sempre contidas e bem articuladas.
À meia-noite, me senti recompensado por aquela hora e tanto de inteligência e
bom senso.
É o que está faltando na
TV, especialmente nela. A incontrolável tendência geral é, para o regozijo da
banalidade, as frases de efeito e a performance pessoal. Valem para autoridade,
meia autoridade, nenhuma autoridade, nomes reconhecidos e outros quase
desconhecidos. Todos parecem condenados (não, eles não devem se sentir
condenados, mas gratificados sempre pela nova oportunidade). Mal começam e já
se sabe que não vai sair nada dali.
O país – governo, instituições
e povo – está pronto para discutir seus problemas. Se não está pronto no
sentido de preparado e suficientemente apto, está disponível. É impossível,
mesmo com boa informação, discernir os rumos que vão sendo adotados ou
abandonados. E como temos cientistas, pensadores e intelectuais, além de poetas
e artistas, mentes livres e autônomas, não custava nada uma arregimentação
dessas forças para repensar um pouco essa balbúrdia em que aparentemente
estamos metidos.
Singer foi um alívio. Não é preciso concordar com suas ideias progressistas e solidárias, basta que ele
interrompa essa ladainha de todo o dia e todo lugar e reafirme o que poderemos
ser com um pouco de esforço, não muito. Foi no Roda Vida, da Cultura,
que o ouvi e pude reparar nele com 80 anos juvenis.
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* Jornalista. Escritor. Cronista.
Fonte: http://www.encontroscomoprofessor.com.br/27/04/2012
Imagem da Internet: Paulo Singer
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