segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Cartas revelam intensa amizade entre o papa João Paulo II e uma mulher casada

Imagem mostra Anna Teresa Tymieniecka e  Karol Wojtyla – o falecido papa João Paulo II – em um acampamento. Relacionamento íntimo não configurou um romance. (Crédito: Reprodução)
Imagem mostra Anna Teresa Tymieniecka e  Karol Wojtyla – o falecido papa João Paulo II –
 em um acampamento. Relacionamento íntimo não configurou um romance. 
(Crédito: Reprodução)
 
Mais de 350 cartas e fotografias encontradas pela rede pública de comunicação britânica BBC mostram que o papa João Paulo II cultivou, por mais de 30 anos, uma amizade intensa com uma filósofa casada. A correspondência do pontífice para a americana de origem polonesa Anna Teresa Tymieniecka roteirizam a reportagem do programa “Panorama” que irá ao ar nesta semana. A primeira carta foi escrita em 1973, quando Anna Teresa e Karol Wojtyla se conheceram. A última data de 2 de abril de 2005, meses antes da morte de João Paulo II.

Intimidade. 

Formais no início, as cartas se tornam mais íntimas à medida que a amizade entre os dois crescia, e revelam um lado nunca antes visto do religioso conservador. A correspondência revela que o cardeal Wojtyla deu à Anna Teresa um escapulário, considerado um de seus bens mais preciosos. Em 1974, ela a escreveu que relia cartas da filósofa porque “significavam muito e eram profundamente pessoais”. Segundo a BBC, é provável que Anna Teresa tenha aberto seu coração ao Papa, cujas cartas em resposta sugerem um homem em luta consigo mesmo para adequar a amizade aos termos cristãos.

“Ainda ano passado eu procurava uma resposta para estas palavras: ‘Eu pertenço a você’. Finalmente, antes de deixar a Polônia, encontrei um meio: um escapulário. A dimensão na qual eu te aceito e sinto em todos os lugares, em todo o tipo de situação, quando estás perto e quando estás longe”, escreveu João Paulo II, em setembro de 1976, para Anna Teresa, a quem descrevia como “um presente de Deus”. Depois de se tornar Papa, ele pediu a Anna Teresa que a correspondência continuasse.

Voto de castidade não foi rompido.

O jornalista Edward Stourton descobriu a correspondência na Biblioteca Nacional da Polônia, doada à instituição pela própria filósofa em 2008, seis anos antes de sua morte. Para Stourton, as cartas mostram um embate para conter o que era “certamente uma relação muito intensa”. O jornalista, no entanto, não encontrou evidências de que o papa tenha rompido o voto de castidade. “Eram mais que amigos, mas menos que amantes”,  ressaltou Stourton. “Estas cartas são a janela mais extraordinária sobre a vida privada de uma das pessoas mais famosas da História.”

Início da amizade. 

A relação próxima começou em 1973, quando Anna Teresa contatou o pontífice – na época, ainda cardeal –  sobre um livro de filosofia que ele havia escrito. Os dois se encontraram no mesmo ano para trabalhar em uma versão estendida da obra dele, “The Acting Person”. A partir de então, passaram a trocar cartas e a se ver regularmente – às vezes na companhia do secretário de João Paulo II, às vezes sozinhos. As fotografias mostram Karol Wojtyla em momentos relaxados, diferentes do comportamento público habitual do religioso conservador. Segundo os documentos, ele convidou Anna Teresa para caminhadas, práticas de esqui e até para uma viagem de acampamento em grupo. As fotos ainda mostram a filósofa em visita ao Papa no Vaticano.

A amizade com mulheres, no entanto, não era incomum para João Paulo II. Ele se correspondeu, por exemplo, com a psiquiatra Wanda Poltawska durante décadas – mas sem a mesma intensidade emocional do contato com Anna Teresa. Em 2009, Wanda também publicou suas cartas trocadas com o pontífice, o que causou rebuliço no Vaticano. Para o cardeal Stanislaw Dziwis, secretário de João Paulo II, o Papa tinha o dom de fazer todos aqueles de quem gostava se sentirem em um relacionamento especial com ele. No mesmo sentido, a Biblioteca Nacional da Polônia minimiza a relação do pontífice com a filósofa, ao ponderar que o Papa teria tido muitas amizades próximas durante a vida.

Morto em 2005 após 27 anos de pontificado, João Paulo II foi declarado santo em 2014 – um processo atipicamente rápido de canonização. O Vaticano exige a análise de todos os escritos públicos e privados de um candidato à santidade, mas a BBC não pode confirmar se as cartas a Anna Teresa estiveram no processo. “Nosso dever foi cumprido. Todos os documentos privados foram estudados”, disse a Congregação para Caucus de Santos, em comunicado à rede britânica. (AG)
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Fonte: http://www.osul.com.br/cartas-revelam-intensa-amizade-entre-o-papa-joao-paulo-ii-e-uma-mulher-casada/ 15/02/2016

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