MARK MANSON*
Devido
a uma postagem de blog, o americano Mark Manson se tornou um dos
grandes tópicos da internet brasileira na semana passada. Manson
escreveu em sua página oficial uma carta aberta aos brasileiros
(markmanson.net/brazil_pt), na qual endereçava uma série de
considerações aos motivos pelos quais o Brasil enfrentava as
dificuldades de sempre e estava no limiar de outra crise. Para ele, o
pior do Brasil é o brasileiro, invertendo um slogan governamental que se
tornou famoso: a falta de altruísmo era um dos pontos centrais de
nossos problemas. Manson é um ex-“artista da pegação” (ou “pick up
artist) e escritor, autor de um livro com dicas para despertar a atração
feminina. O tom do texto e este currículo pregresso não demoraram a
despertar reações dos brasileiros que discordavam dele, a ponto de
Manson se dizer surpreso com a repercussão.
Por e-mail, ele respondeu à seguinte entrevista:
Quando escreveu seu post, o senhor esperava esse tipo de repercussão? O que pensa da maneira apaixonada como seu texto foi recebido nas redes sociais?
Eu esperava alguma repercussão, mas não esperava que fosse viralizar dessa maneira nas redes sociais. Não ligo para críticas, mas eu gostaria de ver mais respostas focadas nos meus argumentos e não me atacando pessoalmente ou confabulando sobre a minha vida pessoal. Eu também sinto que muita gente não entendeu o ponto central do meu artigo. Eu conheço relativamente a história do Brasil. Também já li muito sobre colonialismo e sobre a ditadura militar e sei por que o Brasil tem os problemas que tem. Mas a questão central permanece: o que você pode fazer para mudar o curso dessa história?
Em seu artigo, o senhor apontou uma série de problemas brasileiros que teriam origens no caráter do povo. Dado o fato de que não podemos realmente trocar de povo, qual seria a alternativa para o país? É possível fazer uma grande mudança cultural?
Grandes mudanças culturais são possíveis. Se você olhar para o Japão ou para a Alemanha dos anos 1940, Cingapura nos anos 1960 ou África do Sul nos anos 1990, grandes mudanças culturais ocorreram nesses países em meio a crises. Eu acho que momentos turbulentos como o Brasil está passando apresentam grandes oportunidades para a sociedade. O que os brasileiros precisam fazer é parar para se perguntarem o que, enquanto indivíduos, podem fazer para que as coisas melhorem. Essa era a mensagem central do meu artigo que foi completamente ignorada por muitas pessoas.
E se pudéssemos fazer uma grande mudança cultural nesses termos, como fazê-lo sem perder os elementos que fazem do Brasil o Brasil?
Um país pode se desenvolver mantendo o espírito da sua cultura. As raízes brasileiras sempre estarão vivas. O que não se pode é usar essas raízes como justificativa para a corrupção, para a impunidade generalizada, para pessoas que mentem e enganam os outros para levar algum tipo de vantagem etc.
Que elementos da identidade brasileira, em sua opinião, poderiam redimir o país no futuro ou impulsionar uma mudança na forma de lidar com seus problemas?
Os brasileiros têm uma energia e uma criatividade excepcionais. Também são extrovertidos e solidários. Essas características já mostram um enorme potencial para o desenvolvimento de uma sociedade próspera.
O senhor acha que seria possível mudar a mentalidade brasileira, como você disse, sem a reforma ou a consolidação de nossas instituições políticas, que não foram mencionadas no seu artigo?
Sim, eu acho. Os milhares de brasileiros que foram para as ruas nos dois últimos anos são a prova disso. Não importa se eles foram pelos motivos corretos ou não, mas a vontade de mudança é válida e está dentro de muita gente. Eu só acho que a maior parte do povo já está tão acostumada a esperar que algo seja feito por alguém que não eles mesmos que às vezes é preciso um tapa na cara mostrando que a mudança começa a partir de cada cidadão no dia a dia.
As generalizações sobre o caráter nacional por aquilo que o senhor tem observado em sua realidade imediata podem ter sido a razão para a controvérsia despertada pelo texto?
Eu acho que o texto se tornou controverso simplesmente porque ninguém gosta de ter um dedo apontado na cara dizendo que é o responsável pelos próprios problemas. É uma ideia muito difícil de aceitar, por isso foi mais fácil para muita gente me atacar antes mesmo de parar para pensar nisso.
O senhor acha que as reações a seu artigo de alguma forma confirmam as suas declarações?
Quase todas as respostas publicadas que eu tive a oportunidade de ler confirmam meus pontos. Quem escreveu parece estar mais preocupado em chamar atenção ou tentou justificar os problemas transferindo a responsabilidade. Mas, no geral, a maioria dos comentários, mensagens e e-mails que eu tenho recebido dos brasileiros tem sido extremamente positiva.
Por e-mail, ele respondeu à seguinte entrevista:
Quando escreveu seu post, o senhor esperava esse tipo de repercussão? O que pensa da maneira apaixonada como seu texto foi recebido nas redes sociais?
Eu esperava alguma repercussão, mas não esperava que fosse viralizar dessa maneira nas redes sociais. Não ligo para críticas, mas eu gostaria de ver mais respostas focadas nos meus argumentos e não me atacando pessoalmente ou confabulando sobre a minha vida pessoal. Eu também sinto que muita gente não entendeu o ponto central do meu artigo. Eu conheço relativamente a história do Brasil. Também já li muito sobre colonialismo e sobre a ditadura militar e sei por que o Brasil tem os problemas que tem. Mas a questão central permanece: o que você pode fazer para mudar o curso dessa história?
Em seu artigo, o senhor apontou uma série de problemas brasileiros que teriam origens no caráter do povo. Dado o fato de que não podemos realmente trocar de povo, qual seria a alternativa para o país? É possível fazer uma grande mudança cultural?
Grandes mudanças culturais são possíveis. Se você olhar para o Japão ou para a Alemanha dos anos 1940, Cingapura nos anos 1960 ou África do Sul nos anos 1990, grandes mudanças culturais ocorreram nesses países em meio a crises. Eu acho que momentos turbulentos como o Brasil está passando apresentam grandes oportunidades para a sociedade. O que os brasileiros precisam fazer é parar para se perguntarem o que, enquanto indivíduos, podem fazer para que as coisas melhorem. Essa era a mensagem central do meu artigo que foi completamente ignorada por muitas pessoas.
E se pudéssemos fazer uma grande mudança cultural nesses termos, como fazê-lo sem perder os elementos que fazem do Brasil o Brasil?
Um país pode se desenvolver mantendo o espírito da sua cultura. As raízes brasileiras sempre estarão vivas. O que não se pode é usar essas raízes como justificativa para a corrupção, para a impunidade generalizada, para pessoas que mentem e enganam os outros para levar algum tipo de vantagem etc.
Que elementos da identidade brasileira, em sua opinião, poderiam redimir o país no futuro ou impulsionar uma mudança na forma de lidar com seus problemas?
Os brasileiros têm uma energia e uma criatividade excepcionais. Também são extrovertidos e solidários. Essas características já mostram um enorme potencial para o desenvolvimento de uma sociedade próspera.
O senhor acha que seria possível mudar a mentalidade brasileira, como você disse, sem a reforma ou a consolidação de nossas instituições políticas, que não foram mencionadas no seu artigo?
Sim, eu acho. Os milhares de brasileiros que foram para as ruas nos dois últimos anos são a prova disso. Não importa se eles foram pelos motivos corretos ou não, mas a vontade de mudança é válida e está dentro de muita gente. Eu só acho que a maior parte do povo já está tão acostumada a esperar que algo seja feito por alguém que não eles mesmos que às vezes é preciso um tapa na cara mostrando que a mudança começa a partir de cada cidadão no dia a dia.
As generalizações sobre o caráter nacional por aquilo que o senhor tem observado em sua realidade imediata podem ter sido a razão para a controvérsia despertada pelo texto?
Eu acho que o texto se tornou controverso simplesmente porque ninguém gosta de ter um dedo apontado na cara dizendo que é o responsável pelos próprios problemas. É uma ideia muito difícil de aceitar, por isso foi mais fácil para muita gente me atacar antes mesmo de parar para pensar nisso.
O senhor acha que as reações a seu artigo de alguma forma confirmam as suas declarações?
Quase todas as respostas publicadas que eu tive a oportunidade de ler confirmam meus pontos. Quem escreveu parece estar mais preocupado em chamar atenção ou tentou justificar os problemas transferindo a responsabilidade. Mas, no geral, a maioria dos comentários, mensagens e e-mails que eu tenho recebido dos brasileiros tem sido extremamente positiva.
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* Escritor
Fonte: http://www.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a4979440.xml&template=3898.dwt&edition=28443§ion=3605
Imagem da Internet: Mark Manson
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