Autor. A própria ansiedade inspirou detalhes da protagonista Foto: Phil Mccarten/Reuters
Em novo livro, autor discute sua escrita e o amor
Já se passaram quase seis anos que John Green publicou o best-seller instantâneo A Culpa é das Estrelas
e três desde que este se tornou um filme de grande sucesso. Agora, John
Green volta com um novo livro, Tartarugas Até Lá Embaixo. Nessa
história intensa, Aza Holmes, de 16 anos, esforça-se para resolver o
mistério do desaparecimento do bilionário pai de um amigo, enquanto
tenta também controlar seu transtorno obsessivo-compulsivo (TOC). Green,
de 40 anos, também enfrenta o TOC, e sua representação sensível e
tocante certamente o conecta à sua legião de fãs. Por e-mail, Green
discutiu sua escrita e o amor romântico.
Quando você começou este romance?
É difícil
dizer, porque abandonei várias histórias ao longo dos últimos seis anos e
depois livrei-me delas por partes. Mas a maior parte do livro foi
escrita nos dois anos depois que me recuperei de um período de
indisposição. Saindo dessa fase, pensei muito a respeito do
relacionamento entre a reflexão e o eu, e também sobre o que o amor pode
e não pode fazer.
Aza Holmes compartilha o sobrenome com Sherlock Holmes. Como você se relaciona com a mística em torno de Holmes?
Adorei Sherlock Holmes enquanto crescia (e ainda adoro).
Mas, como uma pessoa que luta com obsessão, acho estranho que a
obsessão de Sherlock costume ser associada aos seus poderes de
observação. Isso pode ser válido para as experiências de algumas
pessoas, mas, no meu caso, a obsessão me faz um detetive terrível,
porque quando não estou bem, luto para compreender algo sobre o mundo
fora de mim. Então, eu queria escrever um mistério onde o distúrbio
mental da detetive Aza é nitidamente inútil - não só a impedindo de
resolver o mistério, mas também desviando o enredo da própria história.
Você tem sido muito aberto a respeito de sua
própria ansiedade e transtorno obsessivo-compulsivo e um defensor de
pessoas portadoras de doenças mentais. Quais foram os pontos positivos e
os desafios na construção de uma protagonista feminina com um problema
como o seu?
Aza e eu compartilhamos um transtorno de saúde mental,
mas somos muito diferentes de outras formas: ela é extremamente
silenciosa, e eu falo sem parar quando estou nervoso. Ela vive uma
tristeza pela qual nunca passei. Escrever é sempre uma tentativa de
empatia radical. Minha esposa e minha editora leram dezenas de rascunhos
desta história ao longo dos anos, e a orientação delas foi inestimável
quando se tratava de imaginar Aza.
Em
muitos romances para jovens adultos, uma relação romântica em
desenvolvimento conduz toda a história. Neste romance, você explora
profundamente o amor do seu eu interior e o amor entre amigos e
familiares também. Por que isso é importante?
O amor romântico é realmente importante para muitas
pessoas, mas não é o único tipo de amor que importa. Aza está preocupada
com as questões sobre seu eu interior e como ela pode estabelecer um
sentido coerente de si mesma, quando é, com tanta frequência, incapaz de
escolher seus pensamentos, e eu penso que uma das formas em que alguém
aprende a imaginar o eu interior de outra pessoa como um substantivo
singular é amando e sendo amado. Eu queria explorar como isso acontece -
através do amor romântico, mas também através de outros amores. / TRADUÇÃO DE CLAUDIA BOZZO
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Reportagem por Mary Quattlebaum,
WASHINGTON POST
02 Novembro 2017
Fonte: http://cultura.estadao.com.br/noticias/literatura,john-green-de-a-culpa-e-das-estrelas-volta-com-tartarugas-ate-la-embaixo,70002070487
Fonte: http://cultura.estadao.com.br/noticias/literatura,john-green-de-a-culpa-e-das-estrelas-volta-com-tartarugas-ate-la-embaixo,70002070487
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