Alfredo Fedrizzi*
O desenvolvimento tecnológico está
mudando e atualizando o que significa o ser humano. A quarta Revolução
Industrial iniciou a massiva digitalização da sociedade. Tecnologias
como o blockchaim, inteligência artificial e a robótica estão se
tornando parte dos nossos corpos e mentes e mudando culturas, espalhando
conhecimento, redefinindo conceitos do nosso sistema social, político e
econômico, que compõem as identidades nacionais e a cidadania. Com a
globalização, o mundo ficou pequeno. Com a tecnologia, as fronteiras vão
se esvaindo. Podemos conectar qualquer um, a qualquer momento, em todos
os continentes. Se, hoje, temos aproximadamente 10 milhões de pessoas
pelo mundo sem um país para viver, sem direitos básicos como educação,
saúde, emprego e liberdade de movimento, estamos caminhando para uma
nova forma de exclusão das pessoas, a exclusão digital. Muita gente
ficará sem serviços que permitem ao cidadão comum ter acesso mais
rápido, barato e em qualquer lugar, prestados por governos e empresas
privadas. Por isso, é fundamental dar acesso à internet para a metade do
planeta que ainda está desconectada.
Um interessantíssimo estudo feito pelo World Government
Summit, evento que ocorre em Dubai todos os anos e reúne participantes
de 140 países, chefes de Estado e governos, além de representantes de 30
organizações internacionais, mostra como a tecnologia impacta nossas
vidas. Os pesquisadores mapearam 102 tecnologias que vão nos transformar
em cidadãos digitais. Olhando por cima, parece coisa de malucos ou de
ficção científica, pois falam de colonialismo digital, cidadania
pós-humana, polícia robótica, encarceramento virtual etc. Tudo embasado
em dados reais. Dissecaram cenários e paradigmas, alguns recém surgindo e
outros já em franca implementação. Em todos, examinaram a viabilidade,
os investimentos no assunto, o quanto as pessoas desejam aquilo e como
está a competição.
Escolhi alguns exemplos do que vem por aí. Governo de
inteligência artificial: usando big data, IA e robôs, teremos governos
cujas decisões serão baseadas no histórico das ocorrências e no que as
pessoas estão querendo. Impostos inteligentes: cobrados em tempo real,
que se modificam de acordo com as escolhas individuais, baseados em
estilos de vida e nas necessidades de cada um. Corpo holográfico: os
shows de artistas serão feitos no centro da nossa sala, com o "corpo" do
artista ali presente. O planejamento das cidades será feito a partir de
dados coletados por sensores de GPS dos smarphones, usando machine
learning. Passaporte virtual (e-residency), que será aceito em qualquer
lugar do mundo, desvinculado de fronteiras territoriais. São centenas de
tendências em saúde, educação, mobilidade, produção, logística,
recursos. Um ótimo programa para os próximos dias chuvosos de inverno:
viz.envisioning.io/wgs-citizenship
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* Jornalista. Conselheiro. Consultor.
Fonte: https://flipzh.clicrbs.com.br/jornal-digital/pub/gruporbs/acessivel/materia.jsp?cd=9a64b68ff2c9b354218e4b014519f28c 25/05/2019
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