Luciano Pires*
Compreender num texto bem escrito as intenções implícitas do
escritor, provoca em mim um imenso prazer intelectual. Mas é preciso
gostar de ler, ter curiosidade e prazer de pensar para transformar o
exercício da leitura e interpretação em algo prazeroso e nutritivo.
Para nosso azar, dezenas de indicadores mostram que a maioria absoluta dos leitores no Brasil é composta por incapazes. Basta uma frase entre aspas proferida por uma “autoridade”, mesmo que retirada do contexto; uma estatística elaborada por alguma entidade; uma sucessão de números torturados ou um rótulo estrategicamente repetido e pronto: da mentira brota uma “verdade”. Da primeira vez que lidei com o conceito das verdades-mentiras, fiquei tentado a chamar essas coisas de “ventiras”. Mas preferi “merdades” que tem mais a ver. As merdades vivem do nonsense semântico, são ferramentas para convencimento de quem não consegue ligar causas com consequências. De quem não sabe pensar.
Ser capaz de detectar as merdades deveria ser a preocupação número um de quem lê, que precisa ser capaz de compreender o significado das palavras. É o que chamo de leitor capaz. E quem escreve deveria usar as palavras com honestidade, sabendo o que está escrevendo e deixando claro aonde quer chegar. É o escritor honesto. Admitindo que o escritor honesto tenha também conteúdo pertinente, teremos quatro composições possíveis:
Para nosso azar, dezenas de indicadores mostram que a maioria absoluta dos leitores no Brasil é composta por incapazes. Basta uma frase entre aspas proferida por uma “autoridade”, mesmo que retirada do contexto; uma estatística elaborada por alguma entidade; uma sucessão de números torturados ou um rótulo estrategicamente repetido e pronto: da mentira brota uma “verdade”. Da primeira vez que lidei com o conceito das verdades-mentiras, fiquei tentado a chamar essas coisas de “ventiras”. Mas preferi “merdades” que tem mais a ver. As merdades vivem do nonsense semântico, são ferramentas para convencimento de quem não consegue ligar causas com consequências. De quem não sabe pensar.
Ser capaz de detectar as merdades deveria ser a preocupação número um de quem lê, que precisa ser capaz de compreender o significado das palavras. É o que chamo de leitor capaz. E quem escreve deveria usar as palavras com honestidade, sabendo o que está escrevendo e deixando claro aonde quer chegar. É o escritor honesto. Admitindo que o escritor honesto tenha também conteúdo pertinente, teremos quatro composições possíveis:
- Escritor honesto + leitor capaz = mudam o mundo
- Escritor honesto + leitor incapaz = frustração
- Escritor desonesto + leitor capaz = irrelevância
- Escritor desonesto + leitor incapaz = nonsense semântico
Basta ter dois neurônios para perceber a imensa quantidade de
escritores desonestos oferecendo suas combinações de palavras para
leitores incapazes através dos mais diversos meios de divulgação. São
punguistas intelectuais fazendo a cabeça de leitores incapazes.
Pois é... Daquelas quatro combinações, apenas uma vale a pena: a que pode mudar o mundo. Mas ela depende de gente que pensa e, portanto, é capaz de reconhecer os punguistas intelectuais.
Pois é... Daquelas quatro combinações, apenas uma vale a pena: a que pode mudar o mundo. Mas ela depende de gente que pensa e, portanto, é capaz de reconhecer os punguistas intelectuais.
Nonsense semântico... isso dá samba. Voltarei ao tema.
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* Luciano Pires é editor do Café Brasil.
Fonte: http://www.portalcafebrasil.com.br/
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