José Rodrigues dos Santos, um dos raros autores portugueses no exclusivo clube dos que já venderam um milhão de livros em Portugal, lança um novo romance este sábado, 20. Em cerca de 600 páginas, A Mão do Diabo disseca a fundo a crise económica, e usa a ficção para dizer "a verdade". "Os culpados andam todos por aí"
E às primeiras páginas do seu décimo livro publicado, faz-se luz
sobre o colapso financeiro. Para os que acreditam que a literatura tem
pouco em comum com a leitura, por exemplo, do Financial Times, entrar
nas páginas de A Mão do Diabo (romance lançado pela Gradiva no próximo
dia 20, na Sociedade de Geografia de Lisboa, às 17 horas, com
apresentação a cargo de Henrique Medina Carreira), revela-se um
intrincado jogo do "descubra as oito diferenças".
O novo romance do escritor e jornalista José Rodrigues dos Santos, 48
anos, tem análises económicas exaustivas: diagnóstico da crise do
subprime, avaliação da crise da dívida soberana, desregulação económica,
processos de securitização, comportamentos dos mercados, cenários para
saídas do euro, o problema principal da economia ("a deslocalização da
produção para a Ásia")... Onde é que já (não) ouvimos isto? O thriller
protagonizado pelo historiador Tomás Noronha, herói de anteriores
romances de JRS, capaz de decifrar criptogramas elaborados e de
enfrentar criminosos musculados com igual souplesse, parte desta
premissa: o presidente da Comissão Europeia é nomeado juiz do processo
judicial internacional aberto para investigar as origens da crise
financeira e os especuladores com um plano secreto para destruir o
Estado Social - considerados crimes contra a humanidade (onde é que
nunca ouviremos isto?). A bolsa de valores dos vilões é enriquecida com
uma seita satânica que busca um DVD comprometedor e a narrativa
passeia-se pelos países em apuros económicos do dito "Club Med"
(Portugal, Espanha, Grécia, Itália). No posfácio, fala-se de uma
"Segunda Grande Depressão". As convulsões acontecem longe do hotel de
luxo onde José Rodrigues dos Santos, cujos livros estão já traduzidos em
19 línguas, conversou, em exclusivo, com a VISÃO.
O julgamento dos responsáveis pela crise, apresentada como "crime contra a humanidade", corresponde à secreta aspiração dos "países do Club Med"?
Toda a gente é responsável pelo que se passou, e pelo que se está a
passar. Nem que seja pela forma como as pessoas votaram, como exigiram
determinadas políticas. Faz-me confusão que protestem agora, mas que não
o tenham feito quando se ordenou a construção da segunda ou da terceira
autoestrada Lisboa--Porto, nem quando se construíram dez estádios para o
Euro 2004, sendo precisos apenas sete. Quando o dinheiro já tinha sido
derretido, todos estavam contentes. Agora que chega a fatura, é que se
protesta. Mas há pessoas mais responsáveis do que outras: a minha mãe,
que é reformada, não tem o mesmo nível de responsabilidade de um chefe
de Governo, ou de um deputado, ou de um banqueiro, ou de um dono de uma
empresa de construção. Todos temos responsabilidades, incluindo a
comunicação social que não soube fiscalizar e chamar a atenção para
certas coisas. Mas chegados a este ponto, temos que nos perguntar o que
aconteceu, como aconteceu e quem nos pôs aqui. É muito interessante que
nunca se tenha criado uma comissão que investigasse quem são os
responsáveis pela crise, um Livro Negro... Isso nunca aconteceu por uma
razão muito simples: havia o risco de se encontrarem os culpados
(risos). Os culpados andam todos por aí.
O romance coloca, acusados em tribunal, Alan Greespan
(ex-presidente da Reserva Federal dos EUA), economistas, banqueiros,
presidentes norte-americanos - como Obama que "contratou lobos para
proteger cordeiros", escreve.
São os culpados?
São os principais culpados da crise do subprime. A crise europeia, e a
crise portuguesa, decorrem de outro tipo de responsabilidades. O que
nos aconteceu foi um acidente de avião. Quando os aviões caem, nunca é
por uma só razão, mas por várias, que ocorrem simultaneamente. Ouvimos
dirigentes políticos a dizerem: "Ah, a culpa [da crise] é da
desregulação nos EUA." É verdade, mas não é toda a verdade. Houve
desregulação na América, e a Alemanha tem um desemprego de 4% e uma
economia pujante. Porque é que alguns países aguentaram perfeitamente o
impacto e outros se foram abaixo? Na altura do Lehman Brothers, o
desemprego em Portugal estava altíssimo. Entre 2001 e 2011, os dez anos
antes da chegada da troika, apesar de se terem despejado milhares de
milhões de euros na economia, o crescimento médio do País foi de 0,3 por
cento. Isto tem de fazer as pessoas pensarem: não houve só a América,
havia problemas estruturais.
E quanto a outras responsabilidades?
Depois, há a crise do euro e das economias todas. E um problema de
fundo: a desindustrialização do Ocidente. Termo-nos endividado não tem
nada a ver com o subprime, isso é uma desculpa de quem está a tentar
esconder a verdade. Uma segunda crise é a das economias. Para termos um
determinado nível de vida, temos que produzir de acordo com ele. Mas
como há uma transferência dos meios de produção para a Ásia, que é o
problema de fundo, passámos a produzir menos mas a querer manter o mesmo
nível de vida. E então, endividámo-nos. Mas este endividamento é
insustentável. Portanto, há um momento em que os bancos recuam - aí,
sim, entra a crise do subprime. Mas esse momento havia de acontecer na
mesma, mais cedo ou mais tarde. Se passar um camião a grande velocidade
na minha rua, isso causa um tremor. De repente, caem quatro casas. Mas
estes edifícios estavam com falhas estruturais sérias... E a falha mais
importante, no caso desta crise, tem a ver com a transferência de
produção para o Oriente, e a falta de competitividade.
E há, ainda, a crise do euro, que foi concebido de forma defeituosa.
Nós queremos o euro - que é, no fundo, o marco alemão - mas não sabemos
governar em função dessa moeda forte. Isso começou a criar tensões que
desembocaram na crise do subprime - o tal camião de rua que faz os
edifícios abanar.
A Mão do Diabo é um livro isento ?
Procurei ver a situação da crise para lá dos véus ideológicos. Mas há
algo que é verdade: a realidade é o muro. Eu posso convencer-me de que
vou saltar este muro. Mas bato com o nariz. Muitos dos que falam, da
direita à esquerda, acham que a realidade molda-se à ideologia, quando,
na verdade, é o contrário: a ideologia é que tem de moldar-se à
realidade. Há muita coisa que a esquerda diz e que é verdadeira: por
exemplo, que "isto [a dívida] é impagável". É verdade. A austeridade é
danosa para o País.
É tudo verdadeiro, não há mentira nenhuma. Mas há coisas que a
direita diz, que também são verdadeiras: "Como é que fazem, endividam-se
mais? Onde vão buscar dinheiro?" O discurso do "há um caminho
alternativo à austeridade" é profundamente demagógico. Quem o diz ou não
sabe o que está a dizer ou, mais provavelmente, está a enganar as
pessoas para recolher mais uns votinhos. Porque o estudo de todas as 260
crises da dívida que ocorreram ao longo da história [This Time is
Different:
Eight Centuries of Financial Folly, de Carmen M. Reinhart e Kenneth
Rogoff, Princeton University, 2011], mostra que estas, quer num regime
comunista ou socialista, quer num regime fascista ou social-democrata,
todas, sem exceção, envolveram sempre austeridade.
A argumentação que defende a implementação de "políticas de crescimento", é apenas uma forma de não fazer nada?
Tradicionalmente, o crescimento é injetar dinheiro na economia.
Retoricamente, funciona, mas o diabo está nos pormenores: então que
políticas são essas? Nunca há uma resposta estruturada... Este livro tem
alguns méritos, mas um dos méritos principais é o de, lendo-o,
conseguirmos perceber quando é que um político nos está a mentir. E uma
pessoa mais informada é alguém que se deixa enganar menos.
Porquê escolher o formato de romance para abordar estas questões?
Primeiro, porque o que eu faço é escrever romances. Em segundo, acho
interessante utilizar a ficção para contar a verdade, de uma forma que
não consigo com o texto jornalístico ou com o texto histórico puro e
simples. Há muitas coisas que nós, jornalistas, sabemos serem
verdadeiras mas que não podemos noticiar porque não temos a prova. Num
romance, posso fazê-lo.
Tudo o que está escrito no livro é verdade?
Tudo o que está escrito no livro corresponde à minha convicção de que
aconteceu, e as pessoas, lendo, percebem o fundamento dessa convicção.
A verdade, em si é, muitas vezes, difícil de captar. Eu próprio disse
já que "não há nada que seja definitivamente verdadeiro, apenas coisas
que são definitivamente falsas e outras provisoriamente verdadeiras".
Aborda os negócios dos submarinos, do TGV, entre outros casos polêmicos, através de escutas... Inspirou-se na realidade?
Para efeitos jurídicos, eu diria: é pura ficção.
Mas...
Bem, na ficção, nós ficcionamos. Mas é obvio que, se os estudos
demonstram que um negócio como o do TGV, dá prejuízo, tenho que me
interrogar sobre a razão por que está a ser feito. E tenho fontes que
me explicaram a situação, e que estão representadas no livro. Mas é
claro que todos estes negócios são transparentes, a ficção é que deturpa
a realidade! Os submarinos, por exemplo. Outro negócio que era
absolutamente imprescindível para o desenvolvimento do País, não é?
O livro insinua que o negócio não foi totalmente limpo, mas é evidente que isso é ficção e que o negócio foi limpo!
A Mão do Diabo é um livro didático?
É. Tenho tentado fazer isso em todos os romances: digo algo e,
depois, demonstro-o. Está a acontecer tudo isto [a crise] e as pessoas
não percebem porquê. Tentei ligar os acontecimentos e explicá-los de uma
forma que todos entendam. Tive uma experiência engraçada quando o Vale e
Azevedo foi para o Benfica: ele dizia coisas que eu sabia que eram
falsas.
Por exemplo, nos contratos de televisão, a RTP pagava um milhão de
contos, mas, no novo contrato, ele receberia meio milhão de contos. Vale
e Azevedo conseguiu convencer os benfiquistas de que meio milhão era
mais dinheiro que um milhão. Isso deu-me uma grande lição: quando as
pessoas não estão verdadeiramente informadas, são manipuladas. As
mulheres vão perceber muito bem este livro, porque são mais
pragmáticas.
A metáfora da dona de casa é perfeita. Ela percebe algo que não é de
esquerda nem de direita: não pode sair, sistematicamente, mais dinheiro
do que aquele que entra. Um país é isto.
Não receia que fazer um livro tão colado à agenda da crise seja considerado oportunista?
Considero isso um grande elogio. Oportunista é uma expressão com
carga pejorativa. Mas eu quero ajudar as pessoas a compreenderem o seu
mundo, essa é a missão da literatura.
Dedica 30 páginas seguidas a descrever as crises do subprime e da
dívida soberana, intercaladas por duas ou três de ação. Esse didatismo
não prejudica o romance?
Os meus romances são assim. Pode-se perguntar se, nas obras da Agatha
Christie, o romance não é prejudicado pelo facto de haver um crime e de
o Poirot juntar toda a gente no fim para o resolver... O modelo dos
livros dela é esse; se a pessoa não os quer ler, não os compra. Os meus
romances do Tomás Noronha misturam ficção com não ficção. Os leitores
obtêm informação verdadeira, de forma agradável, através de uma história
de espionagem, de amor, ingredientes que tornam a leitura mais
aprazível.
Mas é pouco credível os personagens parecerem economistas profissionais...
Sim, admito isso. Mas os leitores têm aderido bem. Os livros do Tomás
Noronha são um produto novo no mercado. O meu agente literário em Nova
Iorque disse-me esta verdade: "Todos os autores que têm êxito, têm algo
em comum: todos trouxeram um tipo de livro novo para o mercado." É o
caso de J.K. Rowling, Dan Brown, José Saramago. Pode-se gostar ou não,
mas a marca do autor está presente. A marca do autor José Rodrigues dos
Santos é esse jogo entre a ficção e a não ficção.
Descreve alguns rituais que lembram bastante O Código Da Vinci, de Dan Brown.
Não, são as cenas das missas negras. Estudei como é que se
processavam, que rituais incluíam. Não estive a ler livros do Dan Brown
para me inspirar.
A agente da Interpol, Raquel de la Concha, deve algo às heroínas de Stieg Larsson?
Talvez, não sei. Confesso que nunca li o Stieg Larsson. Não se
consegue ler tudo, não é? Como tenho andado a fazer [o livro e programa
de televisão] Conversas de Escritores, leio muito os autores com quem
vou falar: o Salman Rushdie, a Herta Muller... E o Stieg Larsson,
infelizmente, já não posso entrevistar.
Ao fim de dez livros publicados, não tem vontade de sofisticar a sua escrita?
Não. Tem a ver com a forma como eu encaro a literatura. Ou melhor,
como encaro os livros. Eu escrevo os livros que gostaria de ler. Não
teria escrito A Mão do Diabo, se este já existisse no mercado. Gosto de
livros que tenham uma linguagem transparente, em que não haja um
exercício narcísico do estilo. O estilo é a capacidade de dizer o maior
número de coisas no menor número de palavras, dizia o Jean Cocteau.
Subscrevo o que diz também o Ian McEwan: "As palavras são como um véu
transparente através do qual nós vemos as coisas." A ideia não é
mostrar: "Ah, vejam aqui uma estrutura complexa. O que é que eu disse?
Isso não interessa..." Essa visão é legítima, mas não é a minha. Eu faço
os livros que quero fazer e que não encontro no mercado. Com uma
escrita transparente em que as palavras desaparecem, e nós começamos a
ver as situações.
Essa autoconfiança protege-o?
Devo dizer que raramente recebo críticas negativas. Por exemplo, A
Fórmula de Deus, agora publicado em França, foi um sucesso de crítica e
de público. Posso mandar-lhe os recortes de imprensa: desde o Figaro ao
L'Express, em geral as críticas são positivas. Em Portugal, há críticas
positivas e negativas. Mas quem me crítica, positiva ou negativamente,
conhece-me da televisão. Portanto, quando as pessoas estão a emitir uma
opinião, ainda que acreditem que é só sobre o livro, não é.
Há muitas figuras televisivas agora apresentadas como autores de
best-sellers. O seu sucesso também se deve a ser um rosto da televisão?
A Fórmula de Deus chegou a número um na FNAC, em França. E lá ninguém
me conhece. O livro tem que ter méritos. Por outro lado, em Portugal,
há muitas pessoas da televisão que fazem livros, e nenhuma delas tem
este êxito. Essa ideia de que, se somos uma figura da TV, temos logo
êxito, não é verdadeira. E mais: há apresentadores que fazem livros que
não se vendem. Qual é o edge que a televisão dá? A vantagem inicial de
convencer duas ou três mil pessoas a comprarem um livro. Se gostam, vão
recomendar; se não gostam, vai parar ali. Alguém vai pagar vinte euros
só porque é um livro de alguém conhecido? Quem compra livros não é
qualquer um: é um público específico, com educação, com um modo de ver o
mundo. Isto não é comprar detergente Omo. Esse tipo de raciocínio
conforta quem não vende, mas não é verdadeiro.
O fim do petróleo, a verdade sobre a Virgem Maria... Está viciado em temas polémicos?
Eu não procuro o polémico, procuro o politicamente incorreto.
Fascina-me a mentira consensualizada: "Vamos fingir que a religião
islâmica, e que tudo o que Maomé disse, é pacífico", como abordei em A
Fúria Divina. Fiz a mesma desmontagem de temas politicamente corretos,
mas falsos, em O Último Segredo: Há um discurso sobre Jesus, mas vamos
consultar os Evangelhos e estes contam uma outra história...
A Igreja, nomeadamente o padre José Tolentino de Mendonça,
acusou-o de estar aí a "arrombar uma porta que já estava aberta". Outros
dizem que agarra em verdades de la palisse e que os trabalha em livro
como se fossem grandes descobertas. O que lhes responde?
Desculpe, mas quando os textos bíblicos indiciam que Maria não era
virgem, não é normal que se continue a falar da Virgem Maria. E esta
informação não está à frente de toda a gente. Nenhum teólogo veio dizer
que eu estava a mentir: criticaram-me por eu o ter escrito, mas
"assobiaram para o lado". O que é curioso nesse romance é que de tudo o
que conta, nada é novo. Só que é novo para os crentes. Essa porta está
escancarada é nas universidades, nas salas de aula. Desafio o Tolentino
de Mendonça a ir às igrejas e dizer: "Vamos escancarar a porta: Maria
não era virgem, é o que diz a Bíblia." Se ele não diz isso, é porque a
porta não está assim tão escancarada. O livro escancara essa informação
para o público em geral.
A informação económica de A Mão do Diabo, está, todos os dias, na praça pública. O que há para "escancarar"?
Sim, mas o problema é que as pessoas não fazem as ligações. As
notícias são peças soltas. O que eu faço é colá-las e mostrar a
realidade. Quem leia este livro, já não se deixará enganar tão
facilmente por um político. É um livro que abre os olhos para a
realidade e ajuda as pessoas a prepararem-se. Quando fiz O Sétimo Selo,
sobre o problema do fim do petróleo, adverti que o combustível barato
estava a acabar. Publiquei o livro e, três meses depois, o preço já
estava nos três dígitos.
Os seus livros fazem, portanto, serviço público?
Há muitas maneiras de definir boa literatura. Mas eu estou ao lado de
Philip Roth quando ele diz que "a literatura tem que ser sobre a
verdade". Ele foi muito criticado quando escreveu O Complexo de Portnoy,
mas este livro conta a verdade sobre o que é um homem e a sua relação
com o sexo. A literatura está ao seu melhor nível não quando faz grandes
exercícios de linguagem, mas quando nos põe a verdade, nua e crua, à
frente. Isto é serviço público? Talvez. Quando Kafka escreve O Processo,
ele conta uma verdade sobre a justiça. A força desses romances está na
verdade que eles expõem.
É por essa razão que tem, nesta capa, um carimbo a dizer "escritor de confiança"?
A Reader's Digest fez um estudo com mais de mil inquéritos sobre quem
era o escritor de confiança em Portugal. Este selo é importante, porque
me dá responsabilidade. Se as pessoas têm confiança no que eu digo, é
porque a ganharam, porque sabem que lhes contei a verdade, mesmo quando
esta era desagradável. Quem olha para a realidade sob o prisma da
ideologia partidária, provavelmente vai ficar chocado com A Mão do
Diabo, mas se forem honestos consigo próprios, percebem que esta é a
verdade.
O afirmar-se, no seu site, como o escritor que vendeu um milhão de livros é um bom cartão de visita?
Com certeza. Quase todas as editoras internacionais tomam a decisão
de comprar um livro em função do que este vende. Depois, nas
entrevistas, podem dizer: "Ah, não, eu estou é preocupado com a
qualidade", mas eles estão sempre preocupados com as vendas. O mundo dos
livros, ao contrário do cinema, não vive de subsídios. As editoras
vivem do que vendem. Ou então, fecham...
Disse, numa entrevista, que quando era pequeno e lhe perguntavam o
que queria ser, respondia:"Quero ser rico." Hoje, é um homem rico por
causa dos livros?
Não, não sou rico por causa dos livros, a não ser no sentido de rico
em conhecimentos e em realização profissional. Em termos monetários,
não.
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