Para não ter de dançar - amputou uma perna
(deixou até de visitar os amigos),
para não combater e gesticular indecências - arrancou os dedos
(era incapaz até de tirar a pele a uma maçã),
para não ouvir palavras obscenas - arrancou as orelhas
(deixou também de ouvir as belas),
para não lhe chamarem narigudo - torceu o nariz
(e ficou com ele achatado),
para não ver os sapos - furou os olhos
(já não pode contemplar as rosas),
para que não lhe escapasse alguma incoerência - cortou a língua
(também não teve mais palavras gentis para a amada).
Cada dia que passava
fazia uma operação plástica ao corpo
para ficar igual aos outros, a todos os outros.
(deixou até de visitar os amigos),
para não combater e gesticular indecências - arrancou os dedos
(era incapaz até de tirar a pele a uma maçã),
para não ouvir palavras obscenas - arrancou as orelhas
(deixou também de ouvir as belas),
para não lhe chamarem narigudo - torceu o nariz
(e ficou com ele achatado),
para não ver os sapos - furou os olhos
(já não pode contemplar as rosas),
para que não lhe escapasse alguma incoerência - cortou a língua
(também não teve mais palavras gentis para a amada).
Cada dia que passava
fazia uma operação plástica ao corpo
para ficar igual aos outros, a todos os outros.
(Versão minha a partir da tradução castelhana reproduzida em Poesía ucraniana del siglo XX - Una iconografia del alma; prólogo, selecção e tradução de Iury Lech, Litoral/Ed. UNESCO, Torremolinos/Málaga, 1993, p. 175).
Fonte: http://arspoetica-lp.blogspot.fr/search/label/Vasyl%20Holoborodko
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