Marco Papp*
Um dia um aluno me perguntou: Você sempre quis ser professor? Respondi
que nunca. Quis ser um monte de coisas, físico, soldado, médico, músico
e até padre, mas só desejei ser professor quando me tornei um. Ele
retrucou: Cara, você é o que nunca quis ser! Aí emendei: Sou o que nunca esperava ser. Olha, não sei se sou bom no que faço, mas tenho certeza de que é o que melhor faço na vida! Então, ele sorriu e com um olhar provocador me perguntou: Como você sabe que não seria melhor em outra profissão?
O papo estava ficando sério demais, mas como nenhum dos dois tirava o
sorriso do rosto, parecia até singelo. Não sei, mas o amor que sinto
pelos alunos me faz crer que não foram vocês que vieram a mim, mas eu
que fui enviado a vocês. É, eu sabia, você adora a gente! E foi-se rindo com a superioridade que lhe cabia por mérito.
O Dia do Professor é o dia do aluno. Eles são o sujeito da sala de aula. Têm o poder de tornar nossas aulas maravilhosas
ou insuportáveis, mas ainda não se deram conta e, por isso, estão
sempre à espera de um “bom professor”. E nós, por outro lado, ainda não
aprendemos a amá-los como merecem.
Professor é aquele que
encontra o coração do aluno. E como a simpatia é sempre recíproca, é o
estudante que determina direta ou indiretamente quem vai ser o bom ou o
chato. Já tive a experiência de ser, ao mesmo tempo, querido num lugar e
desdenhado no outro.
Nossa profissão é estressante, não nos permite aspirar à riqueza, não tem grande reconhecimento social e, em geral, somos passageiros para os alunos. Vivemos muitas inseguranças, grandes deslocamentos (é raro o professor que trabalha numa única
instituição) e trabalhamos tanto em casa quanto na sala de aula. Quase
nunca temos a chance de escolher a instituição ou os alunos, vamos aonde
somos aceitos. Seguimos os prazos e as orientações que nos são
impostos. Mas a grande mordomia, aos olhos dos outros, é que o professor
tem duas férias por ano. Quem me dera!
O professor
não tem do que se gabar. Mas eu não trocaria a minha por nenhuma outra
profissão desta vida, só pelo enorme prazer de ver aquele aluno que se
achava o mais despreparado e agora entendeu alguma coisa! Temos momentos
– poucos, é verdade – em que o brilho nos olhos daquela descoberta do
jovem se converte em profunda gratidão, mesmo que não verbalizada. O
estudante não faz ideia da alegria e satisfação que a gente sente quando o que ensinamos toca finalmente a vida dele.
Quem
tem a honra de trabalhar numa comunidade educativa sabe que ela vai
além da sala de aula. Considero minha profissão um dom, pelo qual sou
muito grato. É uma missão! O mínimo que posso fazer é retribuir a Graça
com agradecimento!
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* Marco Antônio Papp é professor dos cursos de filosofia, jrnalismo, rádio e TV e administração da Faculdade Canção Nova, em Cachoeira Paulista/SP. - www.facebook.com/marco.papp
Fonte: JB on line, 15/10/2012
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