segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

A felicidade nos falta

"A felicidade nos falta; a felicidade está perdida. Por quê? Temos de partir do desejo. Não apenas porque o "o desejo é a própria essência do homem" como escrevia Spinoza (Étique, III,def.1 das afeições (trad.fr. appuhn, G. F., 1965, p.196), mas também porque a felicidade é o desejável absoluto, como mostra Aristóteles (Éthique à Nicomaque, I, 1-5(1094-1097 b) e X,6(1176 a 30- 1177 a10), e enfim porque ser feliz é - pelo menos numa primeira aproximação - ter o que desejamos. Encontramos está última idéia em Platão, em Epicuro, em Kant e, no fundo, em cada um de nós. (...) Na medida em que desejamos o que nos falta, é impossível sermos felizes. Por quê? Porque o desejo é falta, e porque a falta é um sofrimento. Como você pode se feliz se lhe falta, precisamente, aquilo que você deseja? No fundo o que é ser feliz? Evoquei a resposta que encontramos em Platão, Epicuro, Kant, em qualquer um: ser feliz é ter o que se deseja. ( COMTE-SPONVILLE, André. A felicidade, desesperadamente. Martins Fontes, 2001, Pg.26-27)

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