Robert Solé comenta as idéias centrais do novo livro de Serge Tisseron, Virtuel, mon amour (Virtual, meu amor). Paris: Albin Michel, 2007, 230 p. Le Monde, 17-01-2008. A tradução é do Cepat.
Os instrumentos digitais favorecem “uma negação do real”, constata Serge Tisseron, psiquiatra e psicanalista. A própria maneira de se comportar é influenciada: “No mundo virtual, a hipótese não tem lugar: cada um é convidado a tatear e a experimentar todas as possibilidades que se oferecem a ele. O raciocínio não é mais hipotético-dedutivo, mas permanentemente intuitivo”. Os jovens, em particular, têm a tendência de agir assim em suas relações: eles experimentam tudo, sem prejulgar nada.
Os instrumentos digitais favorecem “uma negação do real”, constata Serge Tisseron, psiquiatra e psicanalista. A própria maneira de se comportar é influenciada: “No mundo virtual, a hipótese não tem lugar: cada um é convidado a tatear e a experimentar todas as possibilidades que se oferecem a ele. O raciocínio não é mais hipotético-dedutivo, mas permanentemente intuitivo”. Os jovens, em particular, têm a tendência de agir assim em suas relações: eles experimentam tudo, sem prejulgar nada.
Os adolescentes não querem mais deixar o domicílio familiar. Com fones de ouvido ou trancados em seus quartos, eles levam uma vida paralela, mas em tudo continuando a se servir da geladeira. E quando os pais tentam se imiscuir nesses novos territórios, eles são rejeitados.
O telefone celular não é somente um instrumento, mas um interlocutor, sempre disponível. Quanto mais os corpos se extraem à comunicação, sublinha o autor, mais as emoções e as sensações são vividas com as máquinas.
Para procurar a alma gêmea na internet, cada qual constrói para si uma identidade, oferece a imagem que se faz ou procura dar de si. 'Fala-se' sem se ver, para experimentar saber se vale a pena se encontrar... O verdadeiro encontro, na seqüência, falha muitas vezes, porque 'os rituais preliminares que aprisionam os corpos e os encorajam a se tornarem confiantes não aconteceram'.
A vida digital, com seus jogos cada vez mais sofisticados e seus avatares, não é necessariamente uma calamidade, lembra Serge Tisseron. Alguns jovens se cuidam nos espaços virtuais, ao passo que outros se dão cada vez pior. O psiquiatra preconiza jogos de papel desde o maternal: “Quanto mais as crianças são convidadas precocemente a ‘imitar aparentemente’ num contexto que seja garante de seu jogo, menos serão ameaçados pela tentação de imitar ‘a sério’ as imagens que vêem, quer seja como agressores ou como vítimas”. (IHU/Unisinos, 30/01/2008)
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