Carlos Fiolhais | 27 Mai 2023
Santo
Agostinho: “Se há alguma coisa sobre a qual você tem ‘uma opinião
firme’,
então pode ter a certeza de que isso não é Deus” Foto: Bosão de
Higgs © Mundo da Educação
Carlos Fiolhais é físico e professor jubilado da
Universidade de Coimbra; este texto corresponde à intervenção numa
conferência no Seminário de Angra, em 2021, agora publicada na revista Fórum Teológico, do mesmo Seminário; o texto, aqui publicado com permissão do autor, está também disponível no blogue de Carlos Fiolhais.
O Ser Supremo não é uma hipótese científica
Num passo do seu livro A Noite do Confessor [1], o padre
checo Tomáš Halík, teólogo, filósofo e sociólogo, conta a história de um
físico, católico e simpático, que foi convidado por um grupo de padres a
fazer uma palestra sobre Física Moderna num retiro clerical, na qual
deveria contar as últimas descobertas da ciência a respeito do Cosmos,
designadamente o Big Bang e a Física de Partículas, que inclui o
bosão de Higgs, também chamada “partícula de Deus”. Halík conta que os
seus colegas sacerdotes estavam à espera de que o físico lhes dissesse
alguma coisa que os ajudasse na sua fé. Mas eles ficaram no final da
palestra muito desconsolados, por não terem experimentado qualquer
reforço da crença. O físico também ficou desconsolado por não ter
correspondido às expectativas: não tinha conseguido transmitir nada de
relevante para a fé deles.
Quem estava equivocado, diz Halík, eram os padres – eles nunca
poderiam, numa palestra dada por um físico, mesmo católico e simpático,
aprender algo que fosse fazer qualquer diferença na sua crença em Deus. E
afirma de um modo muito claro: “O pedido feito pelos sacerdotes de uma
prova minúscula [de que Deus existe] não indica apenas uma incompetência
possivelmente desculpável, mas também, de forma mais deprimente, uma
incompetência teológica bastante menos desculpável e, em particular, uma
fé fraca e doentia.” Julgo que estas palavras de um teólogo
contemporâneo ajudam a clarificar a relação entre ciência e religião.
Halík cita Santo Agostinho: “Se há alguma coisa sobre a qual você tem
‘uma opinião firme’, então pode ter a certeza de que isso não é Deus”
[2]. Porque sou físico, várias vezes me têm feito a pergunta,
designadamente em encontros ligados à Igreja, sobre o que existia antes
do Big Bang. Dou sempre a mesma resposta: “Não sei.” E
acrescento: “não faço a mínima ideia do que é que havia antes, se é que
de todo se pode falar de um antes.” Não sei e, se bem percebo, nunca
ninguém virá a saber. Houve no início uma concentração tão grande de
energia que não haverá meio nenhum de ter acesso a qualquer tipo de
informação sobre o tempo mais primitivo de todos e, por maioria de
razão, ao eventual tempo antes desse tempo primitivo sobre o qual alguns
falam. Claro que se pode colocar a questão de saber o que existiria
antes: podemos colocar as perguntas todas, mas não temos, na ciência, de
responder a todas elas. O Génesis contém um relato mítico da Criação e, quando surgiu a teoria do Big Bang,
não admira que tivesse havido uma tentativa por parte da Igreja de
colar essa teoria ao relato bíblico. Não faltou mesmo quem, nos círculos
mais altos da Igreja, afirmasse, com alguma satisfação: “Ora aqui está,
finalmente, a prova científica do Génesis.” Contudo, a teoria do Big Bang não constitui uma prova científica do Génesis.
Quem pensa assim ainda vive nos tempos pré‑galilaicos. É um erro tanto
científico como teológico misturar dessa maneira ciência e religião. O
padre e físico belga Georges Lemaître, contemporâneo do famoso físico
suíço e norte‑americano Albert Einstein, tentou dissuadir o Papa Pio XII
de prosseguir no mesmo registo após ele ter afirmado em 1952: “Parece
que a ciência moderna, remontando a milhões de séculos, foi bem‑sucedida
em testemunhar o Fiat Lux primordial, quando, juntamente com a
matéria, explode do nada um mar de luz e radiação, quando as partículas
dos elementos químicos se separam e reúnem em milhões de galáxias. (…) A
ciência moderna… seguiu o curso e a direção dos acontecimentos
cósmicos, e tal como indicou o seu desfecho fatal, também indicou o seu
início no tempo num período de há cerca de cinco mil milhões de anos,
confirmando com a concretização de provas físicas a contingência do
Universo e a dedução bem fundamentada que, por essa altura, o cosmos
surgiu das mãos do Criador. Por isso, a Criação ocorreu no tempo, e, por
isso, existe um Criador.” [3] Lemaître respondeu “Nunca será possível
reduzir o Ser Supremo a uma hipótese científica.” [4] E o certo é que o
Papa passou a ser mais contido a esse respeito.
A existência de Deus não é do domínio da ciência
“O
cerne da religião é a fé, que é um mistério sem explicação.” Gravura: A
Criação de Adão, por Miguel Angelo, Capela Sistina. Foto © Ricardo
Perna
Na relação entre ciência e religião tem havido um grande quid pro quo relativamente
à questão da causalidade. Na procura, motivada por uma formação
estritamente determinista, de uma cadeia de causas e efeitos, não falta
quem pretenda remontar tudo às causas primeiras: é, por isso, frequente
ouvir dizer‑se que a “causa primeira” é Deus. Contudo, por esse caminho
alegadamente lógico, não se consegue provar a existência de Deus, pela
simples razão de que a fé está para além da razão. Têm sido ensaiadas,
ao longo do tempo, numerosas maneiras para provar a existência de Deus
através de argumentos do tipo lógico‑filosófico ou mesmo científico.
Pode dar‑se um curso inteiro sobre a história das “provas da existência
de Deus” e a conclusão é – pelo menos até agora, não sendo previsível
qualquer alteração –, que não se pode provar essa existência. Nem a
inexistência, acrescente‑se desde já. A existência de Deus não é, pura e
simplesmente, uma questão do domínio da ciência. Deus não aparece no
fundo de um telescópio, de um microscópio ou de um acelerador de
partículas. Não serão argumentos da Física ou, mais em geral, da ciência
que irão permitir que alguém ganhe fé ou, em oposição, perca a fé que
tinha.
O cerne da religião é a fé, que é um mistério sem explicação. Santo
Agostinho dizia: “Se compreendeis, não é Deus.” [5] Deus está “para lá”
de tudo e de todos, está para lá daquilo que é normal e compreensível. A
fé religiosa vai para lá daquilo que compreendemos.
Se usamos palavras diferentes, «ciência» e «religião», é porque são
atividades diferentes, afirmação sobre a qual não haverá discussão: os
seus objetivos são diferentes e os seus métodos são diferentes. A
ciência procura descobrir o mundo natural, estando o ser humano
obviamente incluído nesse mundo. A religião, por seu lado, vai além
desse mundo. Mas, se concordamos que existem diferenças substantivas
entre ciência e religião, podemos também acrescentar que têm algo em
comum, o que significa que são possíveis pontes entre elas. E, na minha
visão, o que têm em comum é maior do que normalmente se julga, uma vez
que elas são muitas vezes dadas como antagónicas. Se considerarmos que
não ocupam o mesmo território, então há espaço para as duas, podendo as
duas dialogar percorrendo as referidas pontes. Começo com o mais
essencial, que é óbvio: ambas são dimensões do ser humano, correspondem a
necessidades do homem. O homem precisa da ciência, uma actividade
realizada pelo ser humano em benefício dos seres humanos: o seu
resultado pertence – ou deve pertencer – a todos os seres humanos.
Apesar de ser realizada apenas por uma pequena parte da Humanidade, a
ciência é de toda a Humanidade. Por sua vez, a religião também é uma
atitude humana, que foi e é assumida pelo ser humano e que também
assenta na partilha pelos humanos. Ela baseia‑se na formação de uma
comunidade – aliás, religião significa etimologicamente “ligação”.
Então, ambas as actividades são do homem e para o homem.
Mas há um segundo denominador comum: ambas tentam fornecer sentido ao
ser humano. Trata‑se de sentidos diferentes, bem entendido. Dito de uma
outra maneira: ambas tentam penetrar em mistérios, embora sejam
obviamente mistérios diferentes, uns mais profundos do que os outros.
Somos todos seres humanos à procura… Ciência e religião são expressões
da incompletude do ser humano, um ser que é, pela sua própria natureza,
inquieto, desassossegado, desejoso de “mais além”. E, como esse anseio é
comum, ele realiza‑se em comunidade, em partilha, ou, se quisermos usar
um termo do léxico religioso, em comunhão.
O físico austríaco Erwin Schrödinger, um dos autores da teoria
quântica, escreveu que toda a ciência é uma resposta ao imperativo que
estava colocada diante do templo de Apolo em Delfos, na Antiga Grécia: gnothi seauton,
conhece‑te a ti mesmo6. Quem somos nós? Que mundo é este onde somos? As
respostas a estas questões têm sido procuradas e transmitidas em
comunidade.
Do ponto de vista histórico, não há dúvida de que a religião precedeu
a ciência. A ciência moderna, que usa o método experimental baseado na
observação, na experiência e na razão matemática, surgiu só nos séculos
XVI e XVII. Com certeza que a ciência é filha da curiosidade e que a
curiosidade existe desde que o homem existe à superfície do planeta: em
formas embrionárias e rudimentares, é bastante mais antiga do que a
ciência moderna. É bem conhecida a história infeliz do físico italiano
Galileu Galilei, no início do século XVII, uma história que marcou
durante muito tempo as relações entre ciência e religião. A ciência
aparece hoje, muitas vezes, em oposição à religião muito por causa desse
caso.
Procura de sentido
“A
busca de sentido, o decifrar do mistério, dava‑se antes do sábio
italiano num território que estava inteiramente unificado e não
compartimentado como está hoje. Ciência e religião confundiam‑se em
larga medida.” Pintura: Galileu diante do Santo Oficio; Sec. XIX de
Joseph Nicolas Robert Fleury
O que é que aconteceu no tempo de Galileu? A busca de sentido, o
decifrar do mistério, dava‑se antes do sábio italiano num território que
estava inteiramente unificado e não compartimentado como está hoje.
Ciência e religião confundiam‑se em larga medida. O sentido só podia ser
um e o mesmo, sendo dado pelas autoridades da Igreja. São Tomás de
Aquino tinha feito a “quadratura do círculo” ao cristianizar a filosofia
de Aristóteles e as ideias sobre o mundo estavam bem arrumadas. Com
Galileu deu‑se uma disputa de território. Ele procurou, usando o método
científico que ele próprio desenvolveu, um sentido para o mundo
material, que era diverso daquele do que então era corrente. Mas o mundo
encontrava‑se descrito nas Sagradas Escrituras. No Antigo Testamento
está escrito, numa passagem muito clara, que o Sol anda à volta da
Terra. Há um milagre, o milagre de Josué, que consiste na imobilização,
por vontade de Deus, do Sol numa batalha travada pelo povo judeu [7].
Quando Galileu veio dizer, corroborando Copérnico, um astrónomo que
tinha feito votos religiosos e que de resto dedicou a sua obra maior ao
papa Paulo III, [8] que a realidade é precisamente ao contrário, ou
seja, que a Terra anda à volta do Sol, enquanto o Sol permanece imóvel,
ele estava a afirmar a existência de uma espécie de milagre permanente,
ou melhor, que afinal não tinha havido aquele milagre. Quer dizer, o
mundo não era como estava nas Escrituras. Mas quem era Galileu para ler
as Escrituras melhor do que os altos dignitários de um tribunal
eclesiástico?
Ocorreu então uma rutura. Não significa isto que, anteriormente, não
tivessem já ressaltado diferenças entre a Bíblia e as observações
empíricas. Por exemplo, já se sabia, na época de Galileu, que a Terra
era redonda. No entanto, há passagens bíblicas que apontam para uma
Terra plana. No século XVII era bem conhecida a estrutura do cosmos
apresentada na Divina Comédia de Dante na qual o Céu ficava por
cima e o Inferno no interior da Terra: mas esta era esférica! Portanto,
acreditava‑se não só que a Terra era esférica, mas também que o lugar
final dos pecadores se situava no centro dessa esfera9. No entanto, a
questão de a Terra ser ou não esférica nunca tinha suscitado qualquer
polémica. Em contraste, a tese do movimento relativo do Sol e da Terra
constituiu no tempo de Galileu um aceso pomo de discórdia.
A questão era, afinal, de autoridade: quem é que podia fazer as
interpretações correctas, ou verdadeiras, do texto bíblico? A resposta
da Igreja era muito clara: Galileu não tinha o direito de dizer as
coisas da Bíblia de uma maneira diferente daquela que estava na letra do
texto sagrado. Já tinha sido advertido pelo tribunal eclesiástico, num
primeiro julgamento em 1621, de que não podia ensinar as ideias de
Copérnico. E, em 1633, após ter desrespeitado essa determinação,10
acabou por ser condenado a prisão domiciliária. Galileu negou as suas
convicções, uma posição compreensível num humano que teme pela vida.
Passados 359 anos ele foi, como se sabe, reabilitado pelo Papa João
Paulo II [11]: a respeito do movimento da Terra, a razão assistia a
Galileu e a Bíblia não podia ser levada à letra em matérias científicas,
até porque não é um livro de ciência.
Hoje é muito claro para nós aquilo que já era claro nessa época para
Galileu. Galileu não só era católico como era também um homem de
profunda fé; curiosamente, a fé dele não foi abalada pelas provações a
que foi submetido no Tribunal do Santo Ofício. Teve uma fé
suficientemente forte para resistir àquela dolorosa experiência, uma vez
que ciência e religião estavam muito bem arrumadas na cabeça dele.
Galileu dizia que a Bíblia, ou melhor, o Espírito Santo ensina «como é
que se vai para o Céu, mas não ensina como é que vai o céu». E essa
interpretação de Galileu é também a nossa interpretação hoje: é também a
interpretação da Igreja.
No seu livro Breve História da Alma,[12] o cardeal italiano
Gianfranco Ravasi, que dirige o Conselho Pontifício da Cultura do
Vaticano, escreveu que a principal questão era a de saber quem é que diz
o quê sobre o quê. Escreve Ravasi:
«Tinha razão Galileu – que, neste caso, se revelava melhor teólogo do
que os seus opositores teólogos –, quando escrevia ao abade beneditino
Benedetto Castelli palavras esclarecedoras (que depois haveria de
repetir à grã‑duquesa Cristina de Lorena): “A autoridade do Espírito
Santo teve em mira persuadir os homens sobre aquelas verdades que, sendo
necessárias à sua salvação e superando todo o humano discurso, não
podiam por outra ciência nem por outro meio ser conhecidas a não ser por
boca do mesmo Espírito Santo”. «
Quer dizer, há certas coisas que se podem estudar, através de
determinado método, usando por exemplo um telescópio, e há outras que
tem de ser o próprio Espírito Santo a falar no interior de cada um. E,
para Galileu, as duas abordagens podiam coexistir perfeitamente, sem azo
a quaisquer dúvidas [13]. Para os seus juízes, elas não podiam
coexistir. A questão está hoje bem resolvida. Por exemplo, em 2009, nos
400 anos das primeiras observações do céu por Galileu, o Vaticano
organizou uma grande exposição sobre Galileu [14].
O físico inglês Isaac Newton, o anglicano profundamente teísta que
sucedeu a Galileu, não colocava em questão que Deus tivesse criado todo o
mundo num momento inicial: todo o mundo era inequivocamente obra de
Deus. Mas dizia mais: que Deus, continuando presente na atualidade,
poderia intervir, fazendo milagres. E era mesmo necessário que
interviesse, não apenas em assuntos humanos, mas também em assuntos
astronómicos, como, por exemplo, alterando o movimento das estrelas. Se a
força de gravitação universal atrai todas as estrelas umas para as
outras, a certa altura elas deveriam chocar umas com as outras. O que é
poderia impedir esses choques? Pois apenas uma intervenção divina.
Portanto, os milagres não só eram permitidos, como eram necessários, no
entender de Newton. O sábio passou de resto uma boa parte da sua vida a
fazer interpretações da Bíblia, que deixou na gaveta (uma atitude
prudente, pois muitas dessas posições eram heterodoxas).
Algumas ideias newtonianas originaram uma grande polémica. O físico e
filósofo alemão Gottfried Leibniz, um dos opositores de Newton, afirmou
que a referida posição newtoniana não fazia sentido. Ele não podia
conceber a existência de um Deus que corrige continuamente a sua obra,
um Deus que, no início, não criou o mundo de maneira perfeita e que
tinha, por isso, de vir arranjar alguma coisa quando era preciso [15].
Para Leibniz, Deus tinha de ter criado um mundo perfeito, só lhe
restando descansar eternamente na contemplação da Sua obra. Não tinha de
fazer mais nada, pois, na Criação, tinha ficado tudo feito. Ao que
Newton respondeu, por interposta pessoa, de uma maneira que coloco em
linguagem coloquial: “Mas isso é uma heresia! Então está a dizer que
Deus não faz actualmente absolutamente nada? Que Deus não está presente
no mundo e é, portanto, inútil?” Esta foi uma das maiores discussões
filosóficas do século XVII. Nessa época, a distinção entre ciência e
religião, que estava bem organizada na mente de Galileu, não tinha ainda
sido interiorizada por muitos dos seus seguidores. Havia, entre os
cientistas, usando a retórica da ciência, disputas teológicas sobre o
papel de Deus no mundo. A separação que hoje existe entre ciência e
religião estava por surgir.
Teoria da Evolução
“No
século XIX, deflagrou uma outra grande questão, que veio reavivar o
debate ciência‑religião: a teoria da evolução de Darwin.” Foto: Darwin
No século XIX, deflagrou uma outra grande questão, que veio reavivar o
debate ciência‑religião: a teoria da evolução de Darwin. De certo modo,
o debate anterior tinha sido decidido no sentido indicado por Leibniz: a
organização do mundo dispensava a intervenção constante de Deus, os
tais milagres de que Newton falava não eram precisos, pois o Demiurgo
tinha criado uma obra perfeita. O astrónomo francês Pierre de Laplace
disse a Napoleão quando ele lhe perguntou por Deus: “Sir, não
tive necessidade dessa hipótese.” O mundo seria uma máquina perfeita, um
relógio mecânico, e, quando muito, precisaria de Deus apenas no papel
do relojoeiro construtor do mecanismo. Esta visão em que a ciência
prevalecia sobre a religião na descrição e interpretação do mundo, que
marcou todo o Século das Luzes, foi bastante abalada com o debate sobre a
evolução das espécies, incluindo nestas o ser humano.
A origem da Origem das Espécies do naturalista inglês
Charles Darwin [16], sendo complexa, pode colocar‑se de um modo simples:
Depois de ter realizado a sua viagem à volta do mundo a bordo do Beagle,
Darwin chegou à conclusão de que todo o variado e exuberante mundo
vivo, existente ou já desaparecido, podia ser visto metaforicamente como
uma grande árvore: há um tronco comum, uns ramos maiores, outros mais
pequenos, não passando a nossa espécie de um pequeno ramo, relativamente
recente, dessa árvore. Existiram ramos dessa árvore anteriores aos que
vemos atualmente. Darwin, que passou pela ilha Terceira, nos Açores, no
seu regresso a Inglaterra, não sabia nada de ADN, nem de genoma, que
conhecemos hoje e cujas raízes de devem a um trabalho durante muito
tempo ignorado de um frade agostiniano (o checo Gregor Mendel, no
mosteiro de Brno), mas percebeu, com uma intuição admirável, que existia
uma unidade fundamental no mundo vivo, uma unidade que hoje está bem
comprovada pela genética. A teoria da evolução, que hoje, nos seus
traços gerais, não oferece dúvidas (existem muitas dúvidas apenas em
aspectos particulares), gerou calorosos debates logo que emergiu, por
parecer colidir com posições religiosas. Qual seria o papel de Deus na
criação do homem se este era descendente de espécies anteriores? Darwin
era uma pessoa com uma formação religiosa: estudou Teologia em
Cambridge, tendo faltado pouco para ser ordenado pastor! Não tendo ele
querido intervir neste debate, que foi muito vivo no seio da Igreja
Anglicana, teve pessoas que o fizeram por ele, como o naturalista inglês
Thomas Huxley. É conhecida a famosa controvérsia em Oxford entre
Huxley, que foi chamado “cão de guarda” de Darwin, e um famoso bispo
anglicano, Samuel Wilberforce, na qual, a dada altura, este pergunta: “O
senhor acha que descende do macaco? Então, se descende do macaco, acha
que é pelo lado do seu avô ou pelo lado da sua avó?” [17] A resposta de
Huxley ficou famosa: “Se a questão é descender do macaco ou de uma
pessoa que até tem bastantes dotes intelectuais, mas que se serve desse
género de argumentos para distorcer, num assomo de autoridade, o que é,
ou não, matéria de verdade numa discussão livre, então eu prefiro
descender do macaco.”
A discussão à volta da evolução persiste até aos dias de hoje, de
forma muito nítida nalguns segmentos do protestantismo, principalmente
em certas regiões mais conservadoras dos Estados Unidos. Mas há nesse
país uma posição mais difusa que não se inclina para o naturalismo
darwinista: quando se pergunta a um cidadão comum desse país se a teoria
da evolução explica a origem do homem, ele responderá negativamente por
razões de ordem religiosa. Para o homem comum, o homem é obra de Deus:
se houve evolução, tratou‑se de uma evolução sempre com acompanhamento
divino. O embate entre ciência e religião a propósito da evolução
evoluiu, mas não muito: ainda hoje suscita dúvidas em muitas mentes.
Apesar disso, o século XIX parece‑nos hoje distante. Foi nesse século
que surgiram o positivismo e o cientismo, que foram por muita gente
vistos, com alguma ingenuidade, como o triunfo da ciência sobre a
religião. De facto, hoje ninguém leva a sério nem o positivismo nem o
cientismo. A ciência triunfou, de facto, mas a religião continua a ter
um papel assaz relevante no mundo. Apesar do crescimento da
secularização nas sociedades ocidentais, é enorme a influência das
Igrejas no mundo de hoje. A maior parte da população mundial é
religiosa: embora exista uma pluralidade de religiões, o fenómeno
religioso é verdadeiramente universal
Tendo falado de tensões históricas entre ciência e religião, devo
acrescentar, para que fique claro, que as duas podem não só coexistir
como até entender‑se. Os casos de Galileu, de Newton e de tantos outros
(incluindo físicos do século XX como os alemães Max Planck e Werner
Heisenberg [18]) mostram que é possível uma coexistência pacífica entre
as duas dimensões humanas. Devia ser pacífica. Tem de ser pacífica, num
mundo onde a nossa vida é largamente dominada pela ciência e onde a
nossa acção é fortemente dominada pela crença.
É São Paulo que fala do “escândalo” da fé [19]. A fé, de algum modo, é
um escândalo, no sentido em que alguns a têm e outros a não têm. São
Paulo não a tinha e passou a tê‑la. Santo Agostinho não a tinha e passou
a tê‑la. Claro que a existência de fé tem muito que ver com o ambiente e
com a educação, mas conhecemos muitos contraexemplos: gente que ganhou
fé em ambiente hostil a ela ou que a perdeu em ambiente favorável. O
Padre Halík converteu‑se em jovem num ambiente marcado pelo ateísmo
comunista. A ciência pode ser feita por crentes, como o Padre Lemaître,
ou por não crentes, alguns declaradamente ateus, como o biólogo inglês
Richard Dawkins. O conjunto de objectivos que a ciência persegue e o
conjunto de metodologias que usa são hoje completamente independentes da
religião. Podemos, como fez o biólogo norte‑americano Stephen Jay
Gould, falar de “dois magistérios que não se sobrepõem”.[20]
Há hoje bastantes cientistas agnósticos e ateus, mas também há, na
população em geral, pessoas com dúvidas sobre Deus ou que negam a sua
existência. Alguns ateus exprimem o seu ateísmo de forma exagerada, como
por exemplo Dawkins [ 21]. Ele ajudou a promover um anúncio do
Movimento Ateísta nos autocarros no Reino Unido que apregoava:
“Provavelmente Deus não existe. Deixa de te preocupar e vive a tua
vida!” [22] Esse movimento contra a religião já foi chamado “cruzada”,
um nome curioso… Para Dawkins a religião não só é inútil, m[as] também é
prejudicial. O discurso dele parece‑me demasiado radical, embora ache
interessante ler os seus escritos.
A Graça não será inata, mas é inerente ao indivíduo que a possui, no
sentido de que este responde a uma voz interior que o apela. Na estrada
de Damasco, Saulo passou a Paulo ao ouvir o chamamento de Deus: “Saulo,
Saulo, porque me persegues?”[23] A fé não é definitiva: há pessoas que a
perderam, como é o caso de Darwin. A fé do autor da teoria da evolução
foi‑se erodindo de uma forma lenta e gradual, não querendo ele causar
escândalo com essa sua transição interior. Apenas exprimiu as suas
dúvidas numas notas autobiográficas que escondeu numa gaveta e que só
foram publicadas postumamente [24]. A sua mulher, que era bastante
religiosa, terá sentido a certa altura que o marido já não era o mesmo.
Quando se apercebeu das dúvidas do marido, ficou perplexa. Ela tinha
jurado ficar com ele até que a morte os separasse, mas queria decerto
permanecer unida a ele também após a morte.
O que é acreditar ou não acreditar? Uma pessoa acredita sempre em
qualquer coisa. Há a crença em Deus e há, com certeza, outros tipos de
crença, que podem mesmo recorrer à palavra “fé”. É evidente que toda a
gente acredita nalguma Ciência e Religião coisa. Pode‑se não acreditar
no transcendente divino, mas toda a gente tem crenças mais ou menos
arreigadas, acredita nalguma coisa. Um cientista acredita, por exemplo,
no primado da realidade: ao estudar um certo aspecto, necessariamente
limitado, começa por acreditar numa hipótese, mas essa crença inicial
pode, quando confrontada com a realidade, revelar‑se injustificada após a
aplicação do método científico, a combinação de observação, experiência
e razão matemática. Por seu lado, uma pessoa religiosa, que até pode
ser cientista, poderá aduzir alguma razão ou razões para a sua fé, pois
esta não é completamente irracional.
Sobre a crença e a descrença, o padre Halík diz em O Tempo das Igrejas Vazias [25]
que a distinção não é fácil, “pois a ‘fé’ e a ‘dúvida’ estão
entrelaçadas de uma maneira complexa nas atitudes e nas mentes de muitas
pessoas de hoje.” Tendo a concordar: quem é crente, terá sempre alguma
descrença, e quem é descrente, terá sempre alguma crença. Segundo ele,
“entre a fé e o cepticismo pode haver uma valiosa ‘permuta de dons’ ”.
E, mais adiante, no mesmo livro, sustenta que há um fundo de
espiritualidade na população do seu país: “A sociedade checa é
fortemente ‘desigreijada,’ mas não é ateísta. O maior número de pessoas
que não pertencem à Igreja são os “apateístas” (pessoas indiferentes à
religião como a imaginam ou como a conheceram) e ainda os ‘buscadores
espirituais’, os que creem ‘à sua maneira’” [26].
O livro Existe Deus? Um confronto sobre verdade, fé e ateísmo [27]
contém um diálogo muito interessante entre um filósofo italiano ateu, o
italiano Paolo Flores d`Arcais, e um eminente teólogo católico, o
cardeal alemão Joseph Ratzinger, antes de se tornar Papa sob o nome de
Bento XVI, no qual, a certa altura, o moderador pergunta a d’Arcais:
“Então, você não acredita em nada?” E o filósofo responde: “Quanto à
pergunta que me fez – ‘será possível viver sem fé?’ – falta apenas
pormo‑nos de acordo sobre a palavra fé. Se, por fé, se entender qualquer
paixão existencial profunda por alguns valores, que justamente façam da
existência própria algo de sensato, e da nossa relação com os outros
algo de significativo, não, não se pode viver sem fé; mas esta seria, na
realidade, uma definição de fé incrivelmente genérica.” Com certeza que
os seres humanos partilham valores humanos. Toda a gente partilha
valores, embora não necessariamente coincidentes, sobre o bem e o mal, o
justo e o injusto, etc. Para mim, essa destrinça não é exclusiva de
nenhuma religião. Julgo que apartar a ética da religião é um passo no
bom sentido. A religião pode dar contributos para a ética, mas não pode
ser a única fonte dela.
Albert Einstein disse isso mesmo de uma forma muito clara: “Não há
nada de divino na moralidade; é uma questão puramente humana” [28]. Ele
considerava‑se uma pessoa religiosa, mas não no sentido de acreditar num
Deus pessoal, no Deus do Antigo Testamento, o Deus dos judeus e dos
cristãos, o Deus que se revela aos homens e que fala com os homens, o
Deus cujo filho morreu na cruz [29]. Para Einstein, o “Deus pessoal” não
fazia sentido, mas já fazia sentido considerar transcendente a harmonia
do mundo, expressa nas leis fundamentais da Física. É, convenhamos, uma
visão um pouco panteísta, na linha de Bento Espinosa, o judeu herético
holandês de origem portuguesa. Einstein tinha uma tal ligação interior a
essa harmonia do mundo, que a considerava algo de religioso. Era o
“Mistério”, com maiúsculas. E Einstein não se importava de descrever a
reverência que sentia perante esse Mistério como uma forma de religião.
Forçoso é reconhecer que essa ligação ao transcendente pode não ser
acessível a toda a gente. É como se Einstein fosse crente de uma Igreja
com um só membro que era apenas ele próprio e isso não é, de facto, uma
religião. Um Deus pessoal é bem mais acessível à maioria das pessoas.
Para quem não conseguisse aceder a esta ligação profunda entre o cérebro
e a harmonia do mundo físico, Einstein considerava útil a ligação a
alguma das religiões, digamos “convencionais”, do leque das várias
religiões professadas e ensinadas. O sábio nasceu, na Alemanha, de uma
família judaica, mas aprendeu também o catecismo católico. Contudo, na
adolescência, largou as formas convencionais de religião: nunca entrou,
por exemplo, numa sinagoga para rezar. Ele reconhecia que a religião, no
sentido comum do termo, era algo de natural no ser humano, algo útil na
organização social, mas não sentia necessidade dela.
Julgo que Einstein teria estado de acordo com Paolo Flores d’Arcais
quando ele afirmou no seu diálogo com Ratzinger: “Se, por fé, se
entender uma crença religiosa, respondo tranquilamente que sim, é
possível viver sem fé; a fé não é necessária para dar sentido à própria
existência. Pode‑se conferir sentido à existência de muitas formas.”[30]
É interessante a resposta de Ratzinger: “Creio que pode haver
convicções fundamentais sobre os valores que dão sentido à vida e que
tornam possível uma convivência digna neste mundo. E aqui podemos
militar juntos. Eu diria: lutar contra a intolerância, contra todo o
tipo de fanatismo, que sempre retornam. E também o compromisso a favor
da dignidade do homem, em prol da liberdade, da generosidade para com os
pobres, para com os necessitados.” [31]
Num mundo em que ciência e religião estão separadas, por que razão o
diálogo entre as duas é não apenas útil, mas também necessário? Estou em
crer que cientistas e teólogos– ambos seres humanos, que vivem em
sociedade – ganham em saírem das respetivas esferas e de se interrogarem
sobre aquilo que, da sua própria experiência, pode e deve ser
partilhado pelos outros. Não é difícil encontrar valores comuns:
tolerância, liberdade, dignidade, generosidade.
Ciência e Religião a mesma casa comum
“A
ciência fornece aos humanos conhecimentos, mas não fornece os valores
humanos. Quando entramos na questão dos valores, da ética, com certeza
que a religião tem contribuições a dar.” Gravura © Wikimedia Commons
As contribuições da ciência a respeito do mundo natural são muito
úteis, por vezes mesmo indispensáveis, como vemos com a pandemia que nos
aflige. Se estamos a falar de problemas de base científica – por
exemplo, hoje colocam‑se as questões da manipulação genética, da
inteligência artificial, das alterações climáticas, etc. –, a ciência
faz afirmações relevantes, diz como se faz ou como se pode fazer. Não
compete aos cientistas, ou pelo menos não compete só a eles (sendo
cientistas, são também cidadãos), dizer o que se deve fazer com as
possibilidades que a ciência oferece. “Saber é poder” – disse o jurista e
filósofo inglês Francis Bacon, {32] contemporâneo de Galileu –, mas
julgo que seria perigoso entregar o governo aos cientistas. A ciência
fornece aos humanos conhecimentos, mas não fornece os valores humanos.
Quando entramos na questão dos valores, da ética, com certeza que a
religião tem contribuições a dar. Os teólogos, as pessoas que estudam
religião e que tentam interpretá‑la, têm coisas a dizer sobre a
Humanidade que vão além do domínio estrito da sua religião. E a questão
das orientações a dar à nossa vida conjunta é algo que nos deve envolver
a todos. Se ciência e religião são características do ser humano, que
podem surgir na mesma pessoa (já referi o Padre Georges Lemaître, um dos
autores da teoria do Big Bang, mas posso acrescentar o jesuíta
italiano Guy Consolgmano, director do Observatório Astronómico do
Vaticano, [33] entre outros), a conjugação das duas pode ser por vezes
necessária, designadamente quando é o futuro do ser humano que está em
causa. E dou um exemplo actual: a sobrevivência da espécie humana num
planeta ameaçado pelas alterações climáticas. Constituímos a maior
ameaça para a Terra, que é como quem diz para nós próprios. Hoje, quando
estamos a discutir essa ameaça, as contribuições da Igreja Católica,
transmitidas, entre outros sítios, pela encíclica Laudato Sì,
[34] do Papa Francisco, revelam‑se preciosas. Escreveu o Papa nesse
documento: “Lanço um convite urgente a renovar o diálogo sobre a maneira
como estamos a construir o futuro do planeta. Precisamos de um debate
que nos una a todos, porque o desafio ambiental, que vivemos, e as suas
raízes humanas dizem respeito e têm impacto sobre todos nós”. A Terra,
vista ao longe, é um “ponto azul‑claro” – mas é nesse ponto onde se
criaram extraordinárias teorias científicas, portentosas filosofias,
espantosas obras de arte e onde também se travaram horríveis guerras
mundiais. Vista ao longe, nada disso se vê! Somos todos habitantes deste
minúsculo ponto. De um ponto de vista cósmico, o nosso planeta não
passa de um pontinho. Podemos comparar a Terra no espaço com as ilhas
açorianas, muito pequenas no vasto mar atlântico, embora se trate de uma
metáfora com as suas limitações…
Qual é o futuro da Terra? Todos os habitantes da Terra têm
responsabilidade nesse futuro. Somos, tanto quanto sabemos, a única
parte do mundo que percebe o vasto mundo no qual se situa a Terra. Não
sabemos se há vida inteligente noutros lados, nem sequer sabemos se há
vida tout court noutros lados. Mas nós, embora por vezes não pareça, somos inteligentes. A nossa espécie chama‑se Homo sapiens.
Percebemos muitas coisas: percebemos, por exemplo, qual é a relação
entre o Sol e a Terra e, nos seus traços gerais, como ocorreu a origem
das espécies. Queremos perceber mais. E queremos viver melhor, o que
significa desde logo viver em paz e fraternidade. Não só para a nossa
sobrevivência colectiva, mas para uma vida decente em conjunto, ciência e
religião têm de falar uma com a outra.
Carl Sagan foi o astrofísico norte‑americano que cunhou a expressão
“o ponto azul‑claro” [35] para designar a Terra vista ao longe. Ele
gostava de ouvir os outros e de falar com os outros. Por isso, mesmo
sendo agnóstico, procurou líderes religiosos para falar sobre o futuro
da Terra, na altura ameaçada por um holocausto nuclear, por se viver em
plena guerra fria. Ele dizia que todos somos precisos, no que toca ao
futuro da espécie e do planeta. Hoje estamos perante uma crise global, a
da pandemia, mas há outra maior, a das alterações climáticas, à qual
temos de responder em conjunto. A nossa compreensão e a nossa acção
poder‑nos‑ão valer uma vida futura com qualidade se soubermos reagir
solidariamente, se formos movidos por valores comuns.
O bem e o amor são, decerto, valores comuns, que nos podem unir. A
relação com o próximo é uma relação que tem de ser construída dia a dia
com base nesses valores. Sagan disse: “Se um ser humano discorda de vós,
deixem‑no viver. Nos cem mil milhões de galáxias, não encontrarão
outro”.36 E eu poderia acrescentar, parafraseando‑o, com uma inspiração
obviamente cristã: “Ama o teu próximo. Num raio de muitos anos‑luz não
encontrarás outro.” [36]
Referências:
[1] Tomáš Halík, A Noite do Confessor. Lisboa 2014, p. 109 e ss.
[2] Idem, p. 127.
[3] Pio XII, «The Proofs for the
Existence of God in the Light of Modern Natural Science» (1951):
https://inters.org/pius‑xii‑speech- 1952- proofs‑god.
[4] P.-de Felipe – P. Bourdon – E. P. & Riaza, (2015). «Georges Lemaître’s 1936 Lecture on Science and Faith», in Science & Christian Belief 27 (2015) 154-179. Ver meu artigo “O eclipse, Einstein e Deus” no portal Ponto SJ , https://pontosj.pt/opiniao/o- ‑eclipse‑einstein‑e‑deus/.
[5] Tomáš Halík, ibidem, p. 112.
[6] Erwin Schroedinger, A Natureza e os Gregos e Ciência e Humanismo.Lisboa 1999, p. 99. Cf. Carlos Fiolhais, «Ciência e humanismo: avisão da ciência de Erwin Schrödinger”», in Biblos, Nova série, (2015) 127-151 (http://hdl.handle.net/10316/40714).
[7] Jos. 10,12.
[8] Nicolau Copérnico, Da Revolução dos Orbes Celestes, Lisboa 20143.
[9] Steven Weinberg, «Without God», New York Review of Books, 25/09/2008, https://www.nybooks.com/articles/2008/09/25/withoutgod/
[10] Galileu Galilei, Diálogo dos Grandes Sistemas (Primeira Jornada), Lisboa 1979.
[11] https://apnews.com/article/0f3faa3ef29f5784d137a0d8c399e29e
[12] Gianfranco Ravasi, Breve História da Alma, Lisboa 2011, p. 228.
[13] Galileu Galilei, Ciência e Fé, 2.ª ed., Rio de Janeiro 2009.
[14] Ileana Chinnici (ed.), Astrum 2008, Vaticano 2009.
[15] Alexandre Koyré, Do mundo fechado ao Universo infinito, Lisboa 2001, Cap. XI: «O deus da Semana e o Deus do Sabá»
[16] Charles Darwin, A Origem das Espécies. Lisboa 2011.
[17] https://en.wikipedia.org/wiki/1860_Oxford_evolution_debate
[18] Carlos Fiolhais, «A Ciência e o Divino», in Anselmo Borges (coord.), Deus ainda tem futuro?, Lisboa 2014, 53-70. http://hdl.handle.net/10316/41138.
[19] 1 Cor. 1, 23.
[20] Stephen Jay Gould, Rocks of Ages: Science and Religion in the Fullness of Life, New York 2002.
[21] Richard Dawkins, A Desilusão de Deus, Lisboa 2018.
[22] https://en.wikipedia.org/wiki/Atheist_Bus_Campaign
[23] Act. 9, 4.
[24] Charles Darwin, Autobiografia, Lisboa 2004.
[25] Tomáš Halík, O Tempo das Igrejas Vazias, Lisboa 2021, p. 18.
[26] Idem, p. 19.
[27] Joseph Ratzinger – P. Flores d’Arcais, Existe Deus? Um confronto sobre verdade, fé e ateísmo, Lisboa 2009, p. 22.
[28] Albert Einstein, Citações de Albert Einstein. A Coletânea Definitiva, Lisboa 2018, p. 338.
[29] Max Jammer, Einstein e a Religião. Rio de Janeiro 2000. Cf. Carlos Fiolhais, «Einstein e a Religião», in Estudos, Nova série, 4 (2005) 323-329.
[30] Joseph Ratzinger – P. Flores d’Arcais, ibidem.
[31] Idem, p. 24
[32] Carlos Fiolhais, «Saber e poder ou a modernidade de Sir Francis Bacon», Actas dos 2.ºs Cursos Internacionais de Verão de Cascais (1996). Cascais 1997, vol. 2, 155-172, http://hdl.handle.net/10316/40922
[33] Guy Consolmagno, A Mecânica de Deus, Mem Martins 2009.
[34] Papa Francisco, Laudato Sì, Lisboa 2015.
[35] Carl Sagan, O Ponto Azul‑claro, Lisboa 2011.
[36] Carl Sagan, Cosmos, Lisboa
2001, p. 339. Cf. Carlos Fiolhais, «Em busca de sentido: Ciência e
Religião», in Secretariado Diocesano de Evangelização e Catequese de
Coimbra, Em busca de um sentido: ateísmo e crença na construção da pessoa que ama, Coimbra 2011, http://hdl.handle.n
Fonte: https://setemargens.com/ciencia-e-religiao-a-perspectiva-de-um-fisico/?utm_term=Ci%3F%3Fncia+e+Religi%3F%3Fo%3A+A+perspectiva+de+um+f%3F%3Fsico&utm_campaign=Sete+Margens&utm_source=e-goi&utm_medium=email&doing_wp_cron=1685479925.0774900913238525390625