domingo, 1 de junho de 2008

CÉLULAS-TRONCO - Alan Smith

Entrevista - Alan Smith
Cientista inglês aplaude a liberação das pesquisas com células-tronco embrionárias no Brasil
Renata Mariz Da equipe do Correio

De Gramado (RS), onde participou na última semana de um congresso sobre genética, o cientista inglês Alan Smith comemorou a liberação das pesquisas com células-tronco de embriões no Brasil. E adiantou que o país tem um “potencial muito grande no campo da ciência”. Smith publicou, 38 anos atrás, o primeiro artigo sobre o momento exato em que começava a tarefa dos genes que compõem o DNA humano. “Sinto um arrepio até hoje, uma emoção por essa descoberta”, diz Smith, atualmente chefe de pesquisa de uma multinacional no ramo da biotecnologia. PhD em Biologia Molecular pela Universidade de Cambridge, Smith não tem dúvidas de que o futuro, no que diz respeito ao tratamento de doenças, será a terapia celular. “A questão é quando. Isso nós não podemos precisar. Mas acho que temos estudos bem adiantados”, diz, citando pesquisas feitas nos Estados Unidos. Para ele, a terapia derivada de células-tronco, tanto embrionárias quanto adultas, fugirá do convencional padrão de medicamentos de hoje. “O ideal será descobrirmos uma forma de mobilizar as células-tronco dentro do próprio corpo do paciente”, destaca.
CB -Os estudos com células-tronco apresentam perspectivas reais de resultados? Qual tipo, células adultas ou embrionárias, é melhor?
SMITH - Não tenho dúvida que as células-tronco serão a chave para o futuro terapêutico. A questão é quando. Isso nós não podemos precisar. Mas temos estudos bem adiantados. Companhias dos Estados Unidos conduzem atualmente pesquisas em fases avançadas para doenças de rins, transplantes de órgãos sólidos e diabetes. No estágio atual, porém, não podemos dizer que tipo de célula é melhor, embrionária ou adulta. Na verdade, a utilização de células embrionárias é menos um problema científico e mais político, cultural.
CB -Então o Brasil deu um passo correto, ao liberar as pesquisas com embriões humanos?
SMITH - Isso é maravilhoso. Essa decisão abrirá um campo importante de pesquisas. O Brasil é um país muito forte, com um potencial muito grande no campo da ciência. Nos Estados Unidos, ainda existe um debate muito intenso, por conta de relações do tema com o aborto.
CB - Dá para termos uma idéia sobre o formato desse tipo de terapia com células-tronco, quando for uma realidade e já estiver acessível a quem precisa?
SMITH - Ninguém sabe ao certo. Mas eu acho difícil que consigamos manipular as células em um laboratório para, a partir delas, criarmos medicamentos que resolverão problemas de saúde, como ocorre hoje. O ideal, na minha opinião, será descobrirmos que tipo de medicação podemos usar para mobilizar as células-tronco dentro do corpo do próprio paciente. Precisamos investir para que, a cada sinalização das células sobre o aparecimento de uma doença, possamos ativar as células-tronco para que entrem em ação.
( Fonte: http://www.correiobraziliense.com.br/ 01/06/2008)

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