sábado, 28 de janeiro de 2012

Quem dá nome às coisas?

Tudo que existe no mundo tem um nome. Mas quem são as pessoas que têm a missão de nominá-los? O poeta e filólogo Fernando Beltrán é um dos pioneiros desta profissão, imprescindível e ao mesmo tempo desconhecida
Na foto acima, o conselheiro diretor-geral de Amena,
Belarmino García (esquerda), e
o diretor de comunicação, Manuel Bueno (direita).
Amena se transformou em uma marca
conhecida em nível mundial

Laura Serrano-Conde
Da EFE

Todas as coisas têm seu nome. Desde o dia em que nasce o ser humano se esforça para dar nome aos objetos que quer, porque o nome é a referência.
Mas quem é a pessoa encarregada de escolher os nomes dos objetos? O poeta e filólogo Fernando Beltrán (Astúrias, 1956) é um nominador profissional, um ofício imprescindível e apaixonante, mas pouco conhecido das pessoas.
Seu trabalho é "dar nome às coisas". Ele não é publicitário, não é vendedor, nem escolhe a marca de um produto. Ele escolhe uma palavra para nomear algo que até o momento era inominável e o transforma em realidade.
Ele é um nominador, um ofício necessário e apaixonante, e graças ao qual é possível chamar pelo nome hoje a bebida Naranyá, o supermercado Opencor, o zoo Faunia e a cadeia hoteleira Be Live.
"A maioria das pessoas não sabe o que é um nominador. Nós colocamos nomes nas coisas, porque o nome é algo fundamental. Eu sempre digo que uma imagem vale mais do que mil palavras, mas nunca mais do que uma palavra", revela à Agência Efe Beltrán, que acaba de publicar seu livro "El nombre de las cosas", no qual explica em que consiste esta peculiar forma de ganhar a vida.

Fotografia do autor, Fernando Beltrán, cedida pelo Editorial Conecta
Um poeta que perseguiu seu sonho

Fernando Beltrán soube desde criança que seu destino era ser poeta. Ele sempre foi "um romântico empedernido", e quando completou 18 anos, contra a vontade de seus pais, saiu de casa para construir seu futuro literário.
Ninguém me entendia, mas eu era apaixonado pela poesia. Meu pai era um grande advogado e queria que eu estudasse Direito como ele, mas não segui essa carreira", confessa.
Beltrán se transformou em um poeta e como todo bom poeta, viveu sempre de outra profissão. Foi administrador, livreiro, jornalista, roteirista de cinema e publicitário.
"Experimentei muitas profissões que sabia eram circunstanciais, que quando me viesse a inspiração para escrever ia deixá-las, mas era preciso viver. Quando comecei a trabalhar na agência de publicidade, percebi que as empresas gastavam milhões em anúncios e na imagem do produto, mas o nome era considerado algo secundário", lembra.
E foi assim que em 1989 ele decidiu montar sua própria empresa, "El nombre de las cosas", e inventar um novo ofício.
"Não sou publicitário, não faço desenho gráfico, eu crio nomes. Também não invento marcas, confusão que as pessoas frequentemente fazem. O que eu faço é escolher um nome que depois, com o tipo de letra e a cor, pode chegar a ser uma marca", indica.
"O nome sempre está dentro do nomeado. Eu só tiro o pó e descubro", conta.

Amena, a galinha dos ovos de ouro

Seu começo não foi fácil. Ele trabalhava sozinho e sobrevivia a duras penas com o pouco dinheiro que entrava. Até o dia em que recebeu a oportunidade.
Tudo mudou quando uma conhecida companhia telefônica espanhola, que procurava uma marca para uma nova linha de celulares, contratou uma empresa e esta, por sua vez, terceirizou a criação do nome para ele. Após muitas horas de trabalho e várias folhas gastas, nasceu Amena (agora a Orange), o nome que o catapultou ao ponto mais alto.
"Foi uma explosão. Escolhi porque era uma palavra diferente, agradável, quente e feminina. Cobrei uma miséria por esse trabalho, nem digo quanto porque me dá vergonha, mas isso abriu as portas para novos clientes e desde então não pararam de chover novos contratos", afirma.
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Fonte: http://noticias.br.msn.com/

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