domingo, 30 de julho de 2023

Geração Selfie

P. Giselo Andrade*

D.R.

Um sociólogo espanhol, ao estudar a presente geração de jovens, denominou-a por “geração selfie”. Uma expressão que “reflete o permanente ensaio do estou-aqui-agora” (González-Anleo, 2015). Neste sentido, uma das caraterísticas mais valorizadas da juventude é a visibilidade. A pessoa existe, na medida em que é vista. A dimensão pública e exterior associada a uma cultura consumista, e os problemas sociais que retiram uma perspetiva de futuro, conduzem os jovens a formar um mundo à parte, uma espécie de subcultura. É uma forma de adaptação à modernidade líquida. 

Muitos jovens desanimam com as instituições que lhes deviam apoiar, gerando um sentimento de indiferença perante a política, economia e religião. Será que consideram valer a pena lutar pelos seus direitos? 

Sobre a relevância da religiosidade na identidade juvenil, um estudo em Portugal, entre 2008 e 2020, revela que “é entre os jovens que se verifica o maior afastamento da pertença à religião católica, descendo em 27 pontos percentuais entre os 12 anos em estudo. Em 2008, 7 em cada 10 jovens dizia-se católico, passando a ser, em 2020, 4 em cada 10” (E. Duque, Valores e Religiosidade em Portugal, 2022). 

Sobre a prática religiosa, verificou-se também uma descida identificada no mesmo estudo: “É entre os jovens que se encontram os católicos com menos prática religiosa e é também entre eles que mais se vê descer este vínculo institucional nos 12 anos em estudo. Se em 2008 apenas 36% dos jovens que se diz católico frequentava a eucaristia ao menos 1 vez por mês – ou seja, 4 em cada 10 jovens católicos -, em 2020 passam a ser apenas 18% – ou seja, 2 em cada 10 -, verificando-se assim uma descida significativa de 18 pontos percentuais”.

A Jornada Mundial da Juventude é a melhor oportunidade para uma reaproximação entre os jovens e a Igreja. Como podemos testemunhar com estes quase 600 jovens que chegaram à Diocese do Funchal, os jovens são verdadeiros protagonistas da evangelização: só precisam de portas abertas e mãos que acolham.

Fonte: https://www.jornaldamadeira.com/2023/07/29/geracao-selfie/

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