Steven Spielberg no set de "Cavalo de Guerra"... |
Steven Spielberg, diretor de “Cavalo de Guerra”Steven Spielberg está de volta com um tipo de filme que, reconhecem seu admiradores (e até mesmo seus críticos), ele faz melhor do que ninguém. Porque foi ele quem praticamente o inventou. Com sessões de pré-estreia a partir de hoje na Capital (veja salas e horários no destaque do quadro abaixo), Cavalo de Guerra é uma superprodução com orçamento e maquinaria gigantescos. Combina ação e emoção em uma trama edificante de tom fabular e dialoga com as mais diferentes plateias, das crianças a seus avós. Trata-se da adaptação do livro homônimo lançado em 1982 pelo escritor inglês Michael Morpurgo. Antes de chegar ao cinema, Cavalo de Guerra fez grande sucesso nos palcos – estreou em Londres, em 2007, e, depois, na Broadway, no começo de 2011.
Ambientado na Inglaterra rural à época da I Guerra Mundial, o filme conta a história de amizade entre o jovem Albert (o novato Jeremy Irvine) e um cavalo que ele cria e domestica chamado Joey. São separados à força quando Joey é destinado ao serviço nos campos de batalha da Europa, dando início a uma grande odisseia de Albert para reencontrar o amigo.
Nesta entrevista, cedida pela produtora DreamWorks com exclusividade para ZH no Rio Grande do Sul, Spielberg fala sobre como conheceu e se encantou por Cavalo de Guerra:
– É um conto atemporal sobre os sacrifícios do amor, sobre os sacrifícios que um garoto faz para encontrar seu cavalo em tempos de guerra e os sacrifícios que o cavalo faz para sobreviver a esse episódio sombrio da história.
Pergunta – Como você chegou ao projeto de Cavalo de Guerra?
Steven Spielberg – Kathy Kennedy (produtora do diretor) descobriu para mim. Ela tinha assistido à peça em Londres e falou sobre como ficou emocionada. Stacey (Snider), que chefia a minha empresa, a DreamWorks, foi até lá e assistiu à peça. E concordou com Kathy. Os bonecos são magníficos no palco, de certa forma, os bonequeiros são as estrelas do show. Mas sabíamos que, se fôssemos contar a história, ela seria com cavalos de verdade, não com marionetes. Então fizemos uma oferta na compra dos direitos antes mesmo de eu assistir à peça, tendo como base apenas a história, que realmente me agradou muito. Eu também li e adorei o livro de Michael Morpurgo. Mas o livro é contado sob o ponto de vista de Joey. Escuta-se até os pensamentos de Joey. Eu tinha consciência de que esse não era o caminho para fazer a adaptação para um filme, mas aquilo me fez entender a história sob vários pontos de vista. Então, minha mulher e eu fomos a Londres e assistimos a Cavalo de Guerra. O acordo foi fechado ali.
Pergunta – O que em particular lhe chamou a atenção na história?
Spielberg – A coragem. A coragem desse garoto e o que ele enfrenta e supera para alcançar o que precisa. Não só em relação a si mesmo, mas também a seu melhor amigo, o cavalo Joey. E também sobre a coragem e a tenacidade desse extraordinário animal. Esse é tema subliminar que eu acho que compõe cada quadro de Cavalo de Guerra.
Pergunta – Como se deu a para a adaptação da história para o cinema?
Spielberg – A primeira coisa que peguei do livro, e que, com certeza, me inspirou quando assisti à peça, foi a ideia de uma família sob a forte pressão de um senhorio muito rígido e impiedoso, que precisa tocar sua fazenda de forma bem-sucedida. O pai, em estado etílico, compra um cavalo para ajudar a puxar o arado e salvar a fazenda. O cavalo, que recebe o nome de Joey, não tem condições de realizar a tarefa, pois é de uma raça que não é adequada para esse trabalho. Mesmo assim, o jovem filho, Albert, e Joey, criam essa ligação. Quando eles são separados por conta da I Guerra, e o cavalo segue para servir como animal de carga, o público sabe que em algum momento haverá um encontro com o destino. E esse encontro é mais ou menos o momento mágico do filme.
Pergunta – Como foi a seleção do ator para o papel de Albert?
Spielberg – Eu estava em busca de alguém que fosse completamente desconhecido do público. Eu não queria que a pessoa que interpretasse Albert já viesse com um portfólio de papéis notáveis de outros filmes. Apareceram centenas de garotos para fazer a leitura para Albert. E Jeremy estava bem no meio do grupo. Ele não veio no primeiro dia, como Christian Bale, que foi a segunda pessoa que vi para O Império do Sol. Muitos meses depois, procuramos Jeremy novamente, porque nos demos conta de que ele era o melhor para o papel.
filme protagonizado pelo estreante Jeremy Irvine... |
Pergunta – Você ficou preocupado com a ideia de trabalhar com cavalos?
Spielberg – Normalmente nos meus filmes, e na maioria dos filmes de outras pessoas, nos faroestes e nos filmes do Indiana Jones, por exemplo, o cavalo é algo que Harrison Ford utiliza para cavalgar. Meu trabalho é fazer a plateia focar em Indiana Jones, não no potro fiel. Então os cavalos, em geral, passam despercebidos. Nós moramos em um tipo de haras. Minha filha e minha esposa praticam hipismo. Minha filha é uma amazona muito séria aos 14 anos. Ela viaja pelo país em competições. Eu aprendi como os cavalos são expressivos. Aliás, descobri isso muito tempo antes de Cavalo de Guerra. Mas, de conviver com cavalos por tantos anos, eu sei que eles realmente transmitem uma tremenda expressão. Quando eu vi o que os bonequeiros haviam feito com tanto brilhantismo no palco, percebi que eles estavam fazendo os cavalos agirem como homens. Eles não estavam dando aos cavalos características equinas que pudéssemos identificar, porque o cavalo fazia coisas fora do comum. Eu não sabia se conseguiria obter isso num filme, mas consegui. Bobby Lovgren, uma espécie de encantador de cavalos, que havia feito Seabiscuit – Alma de Herói, veio trabalhar no filme. Ele e sua equipe operaram milagres com os cavalos.
Pergunta – O compositor John Williams é seu colaborador há quase 40 anos. Como foi o trabalho neste filme, reconhecido com uma indicação ao Globo de Ouro ?
Spielberg – Este tem sido um ano incrível para ele porque duas de nossas melhores trilhas sonoras que John compôs foram este ano: a de As Aventuras de Tintim e a de Cavalo de Guerra. São abordagens musicais diametralmente opostas de dois longas diametralmente opostos. Eu não sei como ele fez os dois no mesmo ano, mas ele fez. A trilha de Cavalo de Guerra é evocativa da terra, do lugar, da época e do relacionamento entre o menino e o cavalo. E John encontrou todos esse lindos temas que unificam o filme e que tornam meu trabalho muito mais fácil. Ele consegue ir além do que eu faço e até além do que os atores são capazes. Faz todo nosso trabalho parecer planejado. A música vai de grandes movimentos orquestrais sinfônicos à melodia mais suave com um único instrumento, como flauta e piano, e depois volta para uma orquestra inteira. John não pensa. Ele não intelectualiza sua abordagem da trilha. Trata-se do que ele sente de cena em cena. E é por isso que ele é quem é.
O que já disseram
TIME
Trechos de críticas publicadas na imprensa dos EUA
“Em seu filme mais pictórico, Spielberg se apropriou da paleta visual de John Ford. Corajosamente emotivo e sincero, Cavalo de Guerra deixa insensível apenas os corações de pedra”.
THE NEW YORK TIMES
“Você pode se ver resistindo a essa incursão sentimental na Inglaterra rural do começo do século 20, em meio a campos verdejantes e tweeds embarrados, mas o conselho é: renda-se”.
CHICAGO SUN-TIMES
“Cavalo de Guerra não teme o sentimentalismo e deixa todos paralisados com suas magníficas sequências de ação. Seus personagens são claramente definidos e fortemente interpretados por atores carismáticos. Sua mensagem é universal”.
WASHINGTON POST
“Spielberg criou a vitrine perfeita para exibir uma magnífica criatura numa história que captura, aperta e torce o coração do espectador, sem, felizmente, parti-lo”.
THE HOLLYWOOD REPORTER
“É um filme que crianças, adultos e avós podem ver, juntos ou separadamente, e tirar algo dele a sua própria maneira. Há poucos filmes assim. Tiro o chapéu para Spielberg por para fazer um”.
NEW YORK OBSERVER
“Um imperdível clássico que atinge a verdadeira perfeição”.
NEW YORK POST
“É genial a capacidade de Spielberg em evocar simplicidade, reverência, beleza e amor na linda fábula sobre um rapaz que anseia encontrar seu corcel”.
Globo de Ouro
Cavalo de Guerra recebeu duas indicações: melhor filme em drama e melhor trilha sonora original (John Williams). A premiação será dia 15.
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Fonte: ZH on line, 03/01/2012
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