domingo, 26 de maio de 2019

Estamos nos tornando cidadãos digitais

Alfredo Fedrizzi*

O desenvolvimento tecnológico está mudando e atualizando o que significa o ser humano. A quarta Revolução Industrial iniciou a massiva digitalização da sociedade. Tecnologias como o blockchaim, inteligência artificial e a robótica estão se tornando parte dos nossos corpos e mentes e mudando culturas, espalhando conhecimento, redefinindo conceitos do nosso sistema social, político e econômico, que compõem as identidades nacionais e a cidadania. Com a globalização, o mundo ficou pequeno. Com a tecnologia, as fronteiras vão se esvaindo. Podemos conectar qualquer um, a qualquer momento, em todos os continentes. Se, hoje, temos aproximadamente 10 milhões de pessoas pelo mundo sem um país para viver, sem direitos básicos como educação, saúde, emprego e liberdade de movimento, estamos caminhando para uma nova forma de exclusão das pessoas, a exclusão digital. Muita gente ficará sem serviços que permitem ao cidadão comum ter acesso mais rápido, barato e em qualquer lugar, prestados por governos e empresas privadas. Por isso, é fundamental dar acesso à internet para a metade do planeta que ainda está desconectada.

Um interessantíssimo estudo feito pelo World Government Summit, evento que ocorre em Dubai todos os anos e reúne participantes de 140 países, chefes de Estado e governos, além de representantes de 30 organizações internacionais, mostra como a tecnologia impacta nossas vidas. Os pesquisadores mapearam 102 tecnologias que vão nos transformar em cidadãos digitais. Olhando por cima, parece coisa de malucos ou de ficção científica, pois falam de colonialismo digital, cidadania pós-humana, polícia robótica, encarceramento virtual etc. Tudo embasado em dados reais. Dissecaram cenários e paradigmas, alguns recém surgindo e outros já em franca implementação. Em todos, examinaram a viabilidade, os investimentos no assunto, o quanto as pessoas desejam aquilo e como está a competição.

Escolhi alguns exemplos do que vem por aí. Governo de inteligência artificial: usando big data, IA e robôs, teremos governos cujas decisões serão baseadas no histórico das ocorrências e no que as pessoas estão querendo. Impostos inteligentes: cobrados em tempo real, que se modificam de acordo com as escolhas individuais, baseados em estilos de vida e nas necessidades de cada um. Corpo holográfico: os shows de artistas serão feitos no centro da nossa sala, com o "corpo" do artista ali presente. O planejamento das cidades será feito a partir de dados coletados por sensores de GPS dos smarphones, usando machine learning. Passaporte virtual (e-residency), que será aceito em qualquer lugar do mundo, desvinculado de fronteiras territoriais. São centenas de tendências em saúde, educação, mobilidade, produção, logística, recursos. Um ótimo programa para os próximos dias chuvosos de inverno: viz.envisioning.io/wgs-citizenship
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* Jornalista. Conselheiro. Consultor.
Fonte: https://flipzh.clicrbs.com.br/jornal-digital/pub/gruporbs/acessivel/materia.jsp?cd=9a64b68ff2c9b354218e4b014519f28c 25/05/2019

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