Publicamos uma matéria na revista NOVA* que mostra como a internet
está mudando a personalidade das pessoas – para pior. Na verdade, o que
os estudiosos do tema dizem é que o anonimato garantido pela web está
apenas dando um empurrãozinho para que liberemos traços de personalidade
negativos que já estavam ali, escondidos. Um dos especialistas que
captou essa tendência foi o psicólogo americano Elias Aboujaoud, autor
do recém-lançado Virtually You: The Dangerous Powers Of The
e-Personality (virtualmente você: os perigosos poderes da
e-personalidade). Ele conta como a rede dá vazão a esses traços de
personalidade que, sem ela, provavelmente não se manifestariam. E como
eles se incorporam ao nosso eu off-line. Teclando em casa, no escritório
ou em qualquer outro lugar que não possa ser vista, a pessoa parece
esquecer que faz parte do mundo real, onde todos os atos têm
implicações. Baseadas no livro e em conversas com estudiosos do tema,
listamos os principais perigos de deixar o “eu virtual” contaminar o
real:
1) Fazer compras compulsivamente:
Usar o cartão de crédito para fazer compras online é como brincar de
banco imobiliário. Você não precisa desembolsar nada na hora, basta
digitar o número do cartão e pronto.
2) Tornar-se narcisista:
Aboujaoud diz que o narcisista sempre se sentiu perfeito, mas a
internet dá a ele a oportunidade de deixar isso transparecer ainda mais
(falar de si próprio o tempo todo nas redes sociais: o que fez o que
comeu, onde esteve etc.).
3) Perder a noção do que é privado:
Algumas pessoas – talvez até reservadas na vida privada – perdem
totalmente a noção de privacidade e fazem das suas redes sociais um
livro escancarado. (Quem já não viu uma amiga com um biquíni escandaloso
no Facebook, ou a secretária do outro departamento em uma foto sexy
demais no Skype?).
4) Ser grosseiro, intolerante e preconceituoso:
Um exemplo recente foi a repercussão nas redes sociais da notícia sobre
o câncer do ex-presidente Lula. Antes mesmo que os médicos pudessem
decidir qual seria o tratamento, começaram a pipocar no Facebook e no
Twitter comentários desagradáveis. Iam desde o mais leve “quero ver
agora se tratar no SUS” até alguns impublicáveis.
Os três primeiros itens são os que mais se
refletem na vida da nossa leitora (na verdade, no das mulheres em
geral): o consumismo, que ganha proporções ainda maiores com as compras
online, e o narcisismo e falta de privacidade no Facebook e nas redes
sociais. O resultado na vida real são conta bancária falida e problemas
na vida pessoal e profissional por conta da exposição exagerada nas
redes sociais.
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