Reitor do Ateneu Regina Apostolorum explica que
Entre um evento e outro, encontrei no Encontro da Amizade em Rímini o
padre Pedro Barrajón, reitor do Ateneu Pontifício Regina Apostolorum
(APRA), de Roma.
Perguntei o que ele pensa do tema escolhido este ano para o Encontro: A natureza do homem é relação com o Infinito.
Barrajón me explicou: "Esse tema coloca o dedo numa ferida
contemporânea, que é o esquecimento da transcendência. Muitas das
antropologias atuais são ‘antropobiologias’, teorias em que o homem é
reduzido a um mero fato biológico. A natureza do homem tem relação com o
infinito, o que significa que o homem é aberto à transcendência. O
cardeal belga Julien Ries diz que este é o grande preâmbulo para a nova
evangelização".
De acordo com Barrajón, a Nova Evangelização “exige a reproposição da
busca do sagrado, que nada mais é que a relação com o infinito e a fé
em Cristo”.
Falando sobre o Encontro, Barrajón observa que a iniciativa da
Comunhão e Libertação procura responder à grande fratura da modernidade:
a separação entre a cultura e a fé. “O Encontro quer sanar essa
fratura, tratando da natureza do homem com o infinito".
"O homem, na sua materialidade, é um ser finito?", perguntei ao
reitor, que me respondeu: "Em termos físicos, sim, o homem tem essa
peculiaridade de ser finito. Mas como pessoa ele é infinito. Ser pessoa
significa ser feito à imagem e semelhança de Deus".
“De todas as criaturas”, prossegue Barrajón, “o homem reflete Deus de
maneira pessoal. Deus pode amar uma pessoa e ser amado por ela. Deus
estabelece com o homem uma relação de iguais, e esta é a grandeza da
pessoa humana".
"Há uma tentativa de reduzir o homem
às funções do cérebro"
O teólogo Hans Urs von Balthasar afirmava que o homem tinha "algo
mais" que a natureza: "O homem é uma criatura e seu ‘algo mais’ é a
grandeza e o mistério da pessoa". Neste sentido, o reitor do APRA
lembrou o profº Giancarlo Cesana, que diz que "a neurociência não pode
eliminar o mistério do homem".
"Há uma tentativa de reduzir o homem às funções do cérebro", observa
Barrajón. O cientista Francis Crick, por exemplo, opina que "somos
apenas um pacote de neurônios".
“Este é o problema”, comenta Barrajón: “é uma óbvia tentativa de
reduzir o homem ao mero funcionamento biológico. O homem é visto só de
uma perspectiva científica materialista, que não é aberta nem à
filosofia nem à teologia".
Para o reitor, “as neurociências deveriam considerar um horizonte
mais amplo que o do simples corpo ou dos neurônios. Todo o corpo humano
tem mais dignidade, porque é permeado pelo espírito".
Barrajón considera necessário dar um aspecto humanista às
neurociências, para que elas não se tornem “fins em si mesmas”. É
oportuno mencionar que o Ateneu Pontifício Regina Apostolorum oferece o
curso Alma e Ciênciae, em sua faculdade de Bioética, inclui no programa de estudos a Neurobioética.
[Trad.ZENIT]------------------
Reportagem por Antonio Gaspari
Fonte: Zenit. org. 24/08/2012
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