sábado, 25 de agosto de 2012

Não há infinito sem Deus

Reitor do Ateneu Regina Apostolorum explica que
Entre um evento e outro, encontrei no Encontro da Amizade em Rímini o padre Pedro Barrajón, reitor do Ateneu Pontifício Regina Apostolorum (APRA), de Roma.
Perguntei o que ele pensa do tema escolhido este ano para o Encontro: A natureza do homem é relação com o Infinito.

Barrajón me explicou: "Esse tema coloca o dedo numa ferida contemporânea, que é o esquecimento da transcendência. Muitas das antropologias atuais são ‘antropobiologias’, teorias em que o homem é reduzido a um mero fato biológico. A natureza do homem tem relação com o infinito, o que significa que o homem é aberto à transcendência. O cardeal belga Julien Ries diz que este é o grande preâmbulo para a nova evangelização".

De acordo com Barrajón, a Nova Evangelização “exige a reproposição da busca do sagrado, que nada mais é que a relação com o infinito e a fé em Cristo”.

Falando sobre o Encontro, Barrajón observa que a iniciativa da Comunhão e Libertação procura responder à grande fratura da modernidade: a separação entre a cultura e a fé. “O Encontro quer sanar essa fratura, tratando da natureza do homem com o infinito".

"O homem, na sua materialidade, é um ser finito?", perguntei ao reitor, que me respondeu: "Em termos físicos, sim, o homem tem essa peculiaridade de ser finito. Mas como pessoa ele é infinito. Ser pessoa significa ser feito à imagem e semelhança de Deus".

“De todas as criaturas”, prossegue Barrajón, “o homem reflete Deus de maneira pessoal. Deus pode amar uma pessoa e ser amado por ela. Deus estabelece com o homem uma relação de iguais, e esta é a grandeza da pessoa humana".

 "Há uma tentativa de reduzir o homem
às funções do cérebro"

O teólogo Hans Urs von Balthasar afirmava que o homem tinha "algo mais" que a natureza: "O homem é uma criatura e seu ‘algo mais’ é a grandeza e o mistério da pessoa". Neste sentido, o reitor do APRA lembrou o profº Giancarlo Cesana, que diz que "a neurociência não pode eliminar o mistério do homem".

"Há uma tentativa de reduzir o homem às funções do cérebro", observa Barrajón. O cientista Francis Crick, por exemplo, opina que "somos apenas um pacote de neurônios".

“Este é o problema”, comenta Barrajón: “é uma óbvia tentativa de reduzir o homem ao mero funcionamento biológico. O homem é visto só de uma perspectiva científica materialista, que não é aberta nem à filosofia nem à teologia".

Para o reitor, “as neurociências deveriam considerar um horizonte mais amplo que o do simples corpo ou dos neurônios. Todo o corpo humano tem mais dignidade, porque é permeado pelo espírito".

Barrajón considera necessário dar um aspecto humanista às neurociências, para que elas não se tornem “fins em si mesmas”. É oportuno mencionar que o Ateneu Pontifício Regina Apostolorum oferece o curso Alma e Ciênciae, em sua faculdade de Bioética, inclui no programa de estudos a Neurobioética.
[Trad.ZENIT]
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Reportagem por Antonio Gaspari
Fonte: Zenit. org. 24/08/2012
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