sexta-feira, 24 de agosto de 2012

O virtual é o real...

 
Pierre Lévy (9) (1995 [2011]) através de uma visão sociológica, contribui com suas reflexões no tema em vários livros.  Em O que é virtual? ele afirma:
(...) o virtual, rigorosamente definido, tem somente uma pequena afinidade com o falso, o ilusório ou o imaginário.  Trata-se, ao contrário, de um modo de ser fecundo e poderoso, que põe em jogo processos de criação, abre futuros, perfura poços de sentido sob a platitude da presença física imediata (...) quis também analisar e ilustrar um processo de transformação de um modo de ser num outro (LÉVY, 1995 [2011], p. 12).
A citação acima pode ser referência para ilustrar a tese de que o virtual tem poder de transformação – o autor cita um processo de transformação de um modo de ser num outro - seria isso um processo de reinvenção de si? Lévy contribui como especialista em cibercultura através de várias publicações a respeito do tema, analisando os reflexos da revolução tecnológica – que, segundo ele, acarretou uma alteração radical na forma de conceber o tempo, o espaço, e até mesmo os relacionamentos.  Alega que em face ao processo de virtualização encontramos os “apocalípticos”, que temem uma desrealização geral, e os “integrados”, que veem nas últimas mudanças uma panaceia para o mundo. Nem tanto lá nem cá;  imaginamos ainda uma terceira possibilidade na intenção de perscrutar o fenômeno: enquanto tal, a virtualização não é nem boa, nem má, nem neutra.  Antes de teme-la, condená-la ou lançar-se às cegas a ela, a proposta é que se faça o esforço de aprender, de pensar, de compreender a virtualização em toda a sua amplitude (LEVY, 1995 [2011]).
Lèvy fala do virtual como sendo um modo de ser fecundo e poderoso que põe em jogo processos de criação, abre futuros, perfura poços de sentido [...], fala também de uma transformação de um modo de ser em outro. Ele poderia estar descrevendo um processo de reinvenção de si? Diante do universo paralelo vimos que existe espaço para a repetição, para o vaguear, experiências que podem vir a alienar o sujeito, mas em contrapartida existiria terreno tanto para a elaboração quanto para a sublimação?
 No contexto cultural no qual vivemos, uma nova modalidade de comunicação , a “textual”, ganha corpo diante da nova geração (LÉVY, 1996 [2011]; SANTAELLA, 2004, 2010; TURKLE, 2011). Por comunicação textual entenda-se - no contexto da tecnologia computacional - a maneira de se comunicar através de textos digitados no teclado de um computador, de um smartphone ou de um tablet. Após mais de vinte anos pesquisando o mundo virtual, hoje Turkle estuda o novo código de comunicação e as criações no campo da robótica.  Não cabe abordarmos a influência da robótica nas relações e na subjetividade humana nesse artigo, mas nos cumpre refletirmos a respeito de questões levantadas pela autora sobre os relacionamentos do sujeito do século XXI. Ela observa em suas pesquisas que na atualidade adolescentes evitam fazer telefonemas porque “podem revelar demais”; eles preferem mensagens de texto ao invés (TURKLE, 2011).

Nota: 
(9) PhD em Ciências da Informacão e Comunicacão pela Sorbonne (França) e atualmente professor da Universidade de Ottawa, Canada; especialista em cibercultura.
-----------
Fonte:  http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/polemica/article/view/3092/2227

Nenhum comentário:

Postar um comentário