Pierre Lévy (9) (1995 [2011]) através de uma visão sociológica, contribui com suas reflexões no tema em vários livros. Em O que é virtual? ele afirma:
(...) o virtual, rigorosamente definido, tem somente uma pequena afinidade com o falso, o ilusório ou o imaginário. Trata-se, ao contrário, de um modo de ser fecundo e poderoso, que põe em jogo processos de criação, abre futuros, perfura poços de sentido sob a platitude da presença física imediata (...) quis também analisar e ilustrar um processo de transformação de um modo de ser num outro (LÉVY, 1995 [2011], p. 12).
A citação acima pode ser referência para ilustrar a tese de que o virtual tem poder de transformação – o autor cita um processo de transformação de um modo de ser num outro
- seria isso um processo de reinvenção de si? Lévy contribui como
especialista em cibercultura através de várias publicações a respeito do
tema, analisando os reflexos da revolução tecnológica – que, segundo
ele, acarretou uma alteração radical na forma de conceber o tempo, o
espaço, e até mesmo os relacionamentos. Alega que em face ao processo
de virtualização encontramos os “apocalípticos”, que temem uma
desrealização geral, e os “integrados”, que veem nas últimas mudanças
uma panaceia para o mundo. Nem tanto lá nem cá; imaginamos ainda uma
terceira possibilidade na intenção de perscrutar o fenômeno: enquanto
tal, a virtualização não é nem boa, nem má, nem neutra. Antes de
teme-la, condená-la ou lançar-se às cegas a ela, a proposta é que se
faça o esforço de aprender, de pensar, de compreender a virtualização
em toda a sua amplitude (LEVY, 1995 [2011]).
Lèvy fala do virtual como sendo um modo de ser fecundo e poderoso que põe em jogo processos de criação, abre futuros, perfura poços de sentido [...],
fala também de uma transformação de um modo de ser em outro. Ele
poderia estar descrevendo um processo de reinvenção de si? Diante do
universo paralelo vimos que existe espaço para a repetição, para o
vaguear, experiências que podem vir a alienar o sujeito, mas em
contrapartida existiria terreno tanto para a elaboração quanto para a
sublimação?
No contexto cultural no qual vivemos, uma nova modalidade de
comunicação , a “textual”, ganha corpo diante da nova geração (LÉVY,
1996 [2011]; SANTAELLA, 2004, 2010; TURKLE, 2011). Por comunicação
textual entenda-se - no contexto da tecnologia computacional - a
maneira de se comunicar através de textos digitados no teclado de um
computador, de um smartphone ou de um tablet. Após
mais de vinte anos pesquisando o mundo virtual, hoje Turkle estuda o
novo código de comunicação e as criações no campo da robótica. Não
cabe abordarmos a influência da robótica nas relações e na subjetividade
humana nesse artigo, mas nos cumpre refletirmos a respeito de questões
levantadas pela autora sobre os relacionamentos do sujeito do século
XXI. Ela observa em suas pesquisas que na atualidade adolescentes
evitam fazer telefonemas porque “podem revelar demais”; eles preferem
mensagens de texto ao invés (TURKLE, 2011).
Nota:
(9) PhD em Ciências da Informacão e Comunicacão
pela Sorbonne (França) e atualmente professor da Universidade de
Ottawa, Canada; especialista em cibercultura.
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Fonte: http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/polemica/article/view/3092/2227
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