Al Berto*
Corpo
que te seja leve o peso das estrelas
e de tua boca irrompa a inocência nua dum lírio
cujo caule se estende e ramifica para
lá dos alicerces da casa.
Abre a janela debruça-te deixa que o mar inunde
os órgãos do corpo espalha lume na ponta dos dedos
e toca ao de leve aquilo que deve ser preservado.
Mas olho para as mãos e leio o que
o vento norte escreveu sobre as dunas
levanto-me do fundo de ti humilde lama e
num soluço da respiração sei que estou vivo
sou o centro sísmico do mundo
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Al Berto(Portugal, 1948-1997) Poeta Português.
In “A Noite Progride Puxada à Sirga”: Réstia de Sangue, 1985
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