Osama bin Laden em um dos vídeos encontrados pelos soldados americanos em seu esconderijo em Abbottabad, no Paquistão (Departamento de Defesa dos EUA/Reprodução/AFP)
Integrante do comando de elite que eliminou o terrorista apresenta versão diferente da oficial em obra que estará à venda no começo de setembro. Pentágono diz nesta 4ª que está 'analisando o texto'
Um novo relato da extraordinária operação militar americana que eliminou o terrorista Osama bin Laden em maio do ano passado causa controvérsias antes mesmo de chegar às livrarias. O livro No Easy Day: The Firsthand Account of the Mission that Killed Osama Bin Laden
(Nenhum Dia é Fácil: Relato em Primeira Mão da Missão que Matou Osama
Bin Laden, em tradução livre), com lançamento anteriormente previsto
para 11 de setembro, deve estar disponível a partir do dia 4, devido à
grande procura on-line.
Capa do livro 'No Easy Day'
O texto foi escrito por um ex-comandante da Marinha que participou da
operação que executou o terrorista, sob o pseudônimo de Mark Owen. Ele
foi identificado pela rede Fox News, que teve acesso ao livro na semana
passada, como Matt Bissonnette, de 36 anos, um ex-membro do comando de
elite Team Six, da Navy Seal - a força de elite da marinha americana
responsável pelo ataque. A expressão que dá título ao livro é usada
pelos seals como uma espécie de lema e quer dizer que eles vivem sob
risco permanente, e os únicos dias fáceis são aqueles que já passaram.
Contradições - Publicações americanas que tiveram
acesso ao livro antes do lançamento afirmam que o autor apresenta uma
versão surpreendente da morte de Bin Laden: ele estaria desarmado quando
foi ferido pelos seals, em seu esconderijo em Abbottabad, no Paquistão.
A versão oficial diz que o terrorista resistiu à prisão, estava armado e
foi morto pelos comandos enquanto procurava uma arma para atirar contra
eles.
Em trechos do livro, citados pela imprensa americana, o autor conta que
o chefe de sua equipe viu um homem aparecer rapidamente na porta do
quarto onde estaria Bin Laden e disparou. "Estava a menos de cinco
passos de chegar ao topo (da escada) quando ouvi tiros. Eu não podia
dizer, da posição onde estava, se os tiros acertaram o alvo ou não", diz
o ex-soldado. Segundo o autor, o terrorista estava desarmado quando os
soldados entraram no quarto. Eles teriam visto mulheres sobre o corpo de
Bin Laden - que usava uma camiseta sem mangas branca, calças soltas e
uma túnica.
"Sangue e pedaços de cérebro se espalhavam para fora do crânio. Ele
ainda se contorcia em convulsões", conta Owen. Só então, ele e outro
soldado atiraram no peito de Bin Laden, que ficou inerte no chão.
Depois, confirmaram a identidade do terrorista com a ajuda das mulheres
que estavam no quarto. De acordo com o livro, havia armas no cômodo, mas
nenhuma delas estava preparada para ser utilizada. Ele afirma que não
houve tiroteio de 40 minutos e que o terrorista não teve tempo de
encarar os seus captores.
Owen afirma que os soldados já previam que o presidente Barack Obama
procuraria tirar vantagem da morte de Bin Laden para se reeleger. O
livro, assim, deve se tornar tema relevante na campanha eleitoral
americana. Seu lançamento ocorre menos de dois meses antes das eleições presidenciais,
nas quais o presidente democrata Barack Obama enfrentará o republicano
Mitt Romney. A eliminação de Bin Laden, que conseguiu escapar das forças
americanas por uma década depois dos atentados de 11 de setembro, é um
dos grandes trunfos políticos da atual administração.
Reação - O anúncio da publicação do livro parece ter
tomado o Pentágono de surpresa. Na semana passada, o órgão disse à
agência France Presse não ter conhecimento de que alguma autoridade da
Defesa houvesse lido o manuscrito. O autor do livro não teria respeitado
as regras para esses casos, segundo as quais os militares reformados
que pretentem publicar livros devem antes entregar os manuscritos às
autoridades, para que informações que eventualmente coloquem em perigo a
segurança nacional sejam vetadas. O Pentágono anunciou nesta
quarta-feira que obteve uma cópia da obra e a está analisando.
O sucesso antecipado do livro foi tamanho, que já surgem boatos sobre
uma possível adaptação para o cinema. Os estúdios da DreamWorks teriam
demonstrarado interesse no roteiro e Steven Spielberg seria um dos nomes
cogitados para participar da produção do filme. Por enquanto, no
entanto, essas possibilidades não passam de rumores.
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Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/bin-laden-estava-desarmado-ao-ser-morto-diz-livro
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