sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Mulheres aumentam produção de livros nos EUA


Michael Probst/AP / Michael Probst/AP 
Segundo pesquisa, cerca de 60% dos consumidores de livros nos EUA são mulheres
 
Nas primeiras páginas de "A Mística Feminina", Betty Friedan (1921-2006) captou com sensibilidade o desespero de donas de casa e antecipou uma mudança que iluminaria a revolução na vida das mulheres. "Enquanto ela fazia a cama, combinava as fronhas dos travesseiros, comprava comida, comia sanduíches de pasta de amendoim com os filhos, os levava a clubes de escoteiros, deitava na cama com o marido à noite", escreveu Betty em seu livro de 1963, "tinha medo de se fazer a pergunta sorrateira: 'Será que isso é tudo?'"
O leitor comum perceberia detalhes do tipo "Mad Men" em coisas como "combinava as fronhas dos travesseiros". Mas um linguista ou psicólogo levaria em conta o uso dos pronomes femininos. A era dourada dos pronomes masculinos estava acabando. Segundo um estudo recente, a lacuna entre "ele" e "ela" nos livros, que sempre favoreceu os pronomes masculinos, foi dramaticamente reduzida desde a publicação do clássico feminista de Betty Friedan.
Ao revisar quase 1,2 milhão de textos do Google Books, três pesquisadores universitários analisaram o uso dos pronomes entre 1900 e 2008. A proporção de pronomes masculinos e femininos ficou em quase 3,5 para 1 até 1950, quando a diferença começou a aumentar, na medida em que mais mulheres começaram a ficar em casa depois da Segunda Guerra Mundial, e chegou ao pico de 4,5 para 1 em meados da década de 1960, diminuindo para 3 para 1 em 1975, e para menos de 2 para 1 em 2005. "Essas tendências representam uma das mais rápidas mudanças culturais já observadas: o avanço incrível da condição das mulheres nos EUA desde o fim da década de 1960", diz Jean M. Twenge, professora de psicologia da San Diego State University.
"Esses números são surpreendentes", diz James W. Pennebaker, autor de "The Secret Life of Pronouns" e presidente do departamento de psicologia da Universidade do Texas em Austin. "Os pronomes são um sinal de que, apesar de as mulheres estarem mais presentes no mercado de trabalho, nos meios de comunicação e na vida em geral, as pessoas estão falando mais delas."
O arquivo do mecanismo de busca contém apenas 4% de todos os livros publicados nos EUA desde 1800. Dos textos acadêmicos à ficção popular, os livros escritos por mulheres e sobre as mulheres vêm proliferando no último século. Nove entre dez dos livros mais vendidos atualmente nos EUA foram escritos por mulheres e há anos as editoras vêm considerando que as mulheres compram mais livros que os homens - cerca de 60% dos consumidores são mulheres, diz a Simba Information.
Um novo estudo confirma os grandes avanços do sexo feminino no seu sucesso no mundo editorial, diz Erin Belieu, poetisa e diretora-adjunta da organização sem fins lucrativos Vida (Women in Literary Arts). "As mulheres aumentaram sua 'produção literária', especialmente nas duas últimas décadas", diz. Mas isso não significa que haja mais resenhas de livros de mulheres, ou que mais mulheres estejam escrevendo para publicações literárias. Nos últimos dois anos, a Vida divulgou estudos que mostram que revistas como a "The New Yorker" e "The Atlantic" dedicaram muito mais espaço a escritores do que a escritoras.
"As escritoras começaram a ser estereotipadas na literatura para jovens e para meninas. As mulheres que escrevem para jornais são encarregadas de escrever artigos mais 'pessoais'. A prevalência dos escritores e críticos masculinos é como a velha guarda que não se aposenta", diz Belieu. (Tradução de Mario Zamarian)
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Reportagem   Por Hillel Italie | Da Associated Press, de Nova York
Fonte:  http://www.valor.com.br/cultura/2811500/mulheres-aumentam-producao-de-livros-nos-eua

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