Entrevista com Jowita Kostrzewska, correspondente do semanário católico Niedziela
Qual é o papel da família no contexto
da nova evangelização
e na
celebração do Ano da Fé?
Mariusz: No mundo contemporâneo, falamos de crise familiar. Ao mesmo tempo, alguns reafirmam a família como crucial para o testemunho no Ano da Fé, que terá início em outubro. Qual é o seu ponto de vista?
Jowita: Hoje em dia, é fácil ver a crescente crise da família. Em muitas famílias, surgem problemas graves como a falta de trabalho e de recursos para uma vida digna. E quando não há ajuda externa, vem a solidão, a falta de esperança, e aí ocorrem tragédias e dramas. Por outro lado, na correria da vida moderna, as pessoas estão tão envolvidas no trabalho que muitas vezes não têm tempo para os filhos. Nas famílias, os laços de afeto tendem a se enfraquecer. O utilitarismo, a dependência cada vez mais obsessiva dos ritmos extremos de trabalho, a redução do tempo dedicado à vida emocional, tudo isso leva à desagregação da família.
O problema é especialmente verdadeiro para as pessoas que vivem o casamento de maneira superficial. Um número crescente de divórcios acontece quando as pessoas não lutam pela unidade e pelo fortalecimento da dimensão sagrada das suas famílias. Não se esforçam para fortalecer os laços e as relações. Essas situações ocorrem frequentemente quando Deus e a fé não estão no lugar certo. Eu acho que o Ano da Fé será uma boa oportunidade e um evento extraordinário para fortalecer as famílias.
Mariusz: Que frutos são esperados no Ano da Fé?
Jowita: Primeiro, eu espero que o Ano da Fé aproxime a família do evangelho de Cristo. As inúmeras crises nas famílias surgem quando não há segurança nas relações entre pais e filhos, mas especialmente quando não há valores evangélicos, como amor, esperança, fé, confiança, lealdade e verdade. Quando falta na família o evangelho de Cristo, os jovens muitas vezes se refugiam na desordem e no relativismo, tornando-se vítimas dos excessos, incluindo as drogas e o álcool. E dão um mau exemplo. As pessoas que não vivem nem imaginam um modelo adequado de família terão dificuldades no futuro para criar um relacionamento verdadeiro e sólido em família. É por isso que é tão importante construir relacionamentos familiares baseados em valores verdadeiros, particularmente os valores do evangelho. O Ano da Fé é um momento ideal para parar e pensar no papel da família no mundo de hoje.
Mariusz: Fala-se hoje em diferentes formas de família. Qual é a sua opinião sobre isto?
Jowita: Eu penso particularmente na família natural, que tem um papel muito importante no mundo moderno e um impacto enorme na boa educação das crianças e dos jovens. As famílias são o lugar onde a pessoa descobre e vê praticados os valores fundamentais que serão necessários para o futuro. A família é o primeiro lugar onde se vê e se ensina a fé, a responsabilidade para com os outros. A família é uma escola de amor.
Mariusz: A secularização afetou muitas famílias. A transmissão da fé de pai para filho não é mais uma prática sólida. Alguns pais crentes acham que não é necessário transmitir a fé para os filhos. Há quem ache que as crianças têm que decidir livremente se elas querem uma religião e qual. Qual é a sua visão sobre este fenômeno?
Jowita: Eu acredito que o Ano da Fé é muito importante para aprofundar na qualidade e na quantidade das relações familiares. Vamos ter a oportunidade de refletir sobre o que é a fé realmente e para transmiti-la.
No Ano da Fé, eu acho que a família tem que procurar mais tempo para ficar junta, para ler a bíblia e rezar, mas também para conversar, rir, compartilhar alegrias e tristezas, reforçar os laços de afeto. É muito importante participar em família na missa do domingo. Se a nossa fé é forte, ela vai nos ajudar a superar as maiores dificuldades.
Para as famílias crentes, o Ano da Fé é uma oportunidade para evangelizar e ajudar as famílias afetadas pela crise, aquelas que mais precisam de ajuda. Temos que dar apoio espiritual e material para essas famílias. Assim, vamos descobrir muitos tesouros espirituais. Eu faço questão de mencionar aqui os documentos do concílio Vaticano II e o pensamento do beato João Paulo II, que sublinham que “a família é sagrada”.
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Fonte: ROMA, quinta-feira, 30 de agosto de 2012 (ZENIT.org) –
Reportagem por Mariusz Frukacz
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