Shermer buscou traduzir para o público os conhecimentos científicos aos quais tem se dedicado Foto: Jean Schwarz / Agencia RBS
Cientista americano falou durante uma hora para a plateia que compareceu ao Salão de Atos da UFRGS
Fernando Corrêa
– Somos primatas em busca de padrões – dispara Michael Shermer, antes
de explicar como, na evolução das espécies, teria se revelado mais
vantajoso aos animais acreditarem do que duvidarem.
Um animal que, ao ouvir um barulho durante a noite, acreditasse se
tratar de um predador e se protegesse correria um risco menor de morrer
do que aquele que imaginasse se tratar do uivo do vento, explicou
Shermer.
Conferencista da noite desta segunda-feira no ciclo Fronteiras do
Pensamento, o cientista, escritor e professor, formado em Psicologia e
em História da Ciência, tratou de desconstruir crenças que, segundo ele,
formamos em contextos criados pela família, por amigos, colegas, pela
cultura e pela sociedade. Com dois livros lançados no Brasil – Por que as Pessoas Acreditam em Coisas Estranhas e Cérebro e Crença
–, fundador da revista Skeptic e colunista da Scientific American –,
Shermer revelou aos porto-alegrenses outra faceta: a de conferencista
hábil em traduzir para o universo pop os conhecimentos científicos aos
quais tem dedicado sua vida.
– Sabem como sabemos que não foi o governo Bush que orquestrou os
atentados de 11 de setembro de 2001? – indaga. – Porque deram certo! –
arremata, arrancando risos com uma das muitas piadas da noite.
Do início ao fim, Shermer fez uso de referências famosas na internet,
em correntes de e-mail e nas redes sociais: ilusões de ótica, imagens
de santos, OVNIS, mensagens subliminares satânicas escondidas em
clássicos do rock entre outras. Tudo está sujeito a ser refutado pela
ciência. Basta que se duvide, garante o cético.
Às imagens e aos sons – e piadas –, Shermer contrapõe seu ceticismo
embasado em explicações científicas, sobretudo ligadas à psicologia e à
neurociência. Suas evidências são várias: há estruturas cerebrais que,
se estimuladas, produzem a sensação de "sair do corpo"; quanto mais
autoconfiantes, menos supersticiosos. Mais do que dizer "duvide de
tudo" – o que certamente geraria rejeição –, o cientista diz
"questione".
Ciência é a melhor aliada
O homem quer acreditar, explica o conferencista, mas é
justamente ao resistir à tentação da crença que ele encontrará o
conhecimento – e nessa busca, a ciência é sua melhor aliada.
– Palavras como "paranormal" e "supernatural" são substitutas para "eu não sei" – disse Shermer.
Frequentemente, quando sua palestra chega ao fim, vem da plateia a
pergunta: "se devemos duvidar de tudo, por que deveríamos acreditar em
você?". A resposta de Shermer é quase sempre a mesma:
– Você não deve – arremata, normalmente emendando a provocação: – Prove que estou errado.
O Fronteiras do Pensamento Porto Alegre é apresentado pela Braskem e
tem o patrocínio de Unimed Porto Alegre, Natura, Gerdau e Grupo RBS. O
projeto conta com parceria da UFRGS, apoio da Petrobras no módulo
educacional e parceria cultural de Unisinos, prefeitura de Porto Alegre e
governo do Estado do Rio Grande do Sul.
------------
Fonte: http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/cultura-e-lazer/segundo-caderno/noticia/2012/08/em-conferencia-do-fronteiras-do-pensamento-michael-shermer-fala-sobre-origem-das-crencas-populares-3867266.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário