by mixlitter
Apoiando o dorso das mãos na testa e ronronando impaciente1, Beatriz enfim ergueu os olhos atentos do papel amarelo – ela acabava de ler a expressão2 todo muro é um tanto confuso3. Pronuciava a frase diante do espelho em voz baixa4 e com as próprias palavras ia-se excitando. Os olhos brilhavam5 metidos à procura de um ponto fixo, abstrato, que a fizesse encontrar uma resposta para uma pergunta sem resposta6, à espera de que alguma coisa, qualquer coisa, acontecesse7.
1 Daniel GALERA. Dentes guardados. Rio Grande do Sul: Livros do Mal, 2004, p.9.
2 Cristovão TEZZA. Um erro emocional. Rio de Janeiro: Record, 2010, p.57.
3 Ricardo DOMENECK. A cadela sem Logos. Rio de Janeiro/São Paulo: 7Letras/Cosac Naify, 2007, p.98.
4 Bernardo AJZENBERG. Olhos secos. Rio de Janeiro: Rocco, 2010, p.11.
5 Luandino VIEIRA. A cidade e a infância. São Paulo: Companhia das Letras, 2007, p.40.
6 Valter HUGO MÃE. A máquina de fazer espanhóis. São Paulo: Cosac Naify, 2011, p.146.
7 André DE LEONES. Dentes negros. Rio de Janeiro: Rocco, 2011, p.36.
8 Bruna
BEBER. “Baixo orelhão”. Em: Liberdade até agora – uma antologia de
contos. Organização de Eduardo Coelho e Márcio Debellian, Rio de
Janeiro: Móbile, 2011, p.45.
9 Luiz RUFFATO. O livro das impossibilidades. Rio de Janeiro: Record, 2008, p.75.
10 Laura ERBER. Os corpos e os dias. São Paulo: Editora De Cultura, 2008, p.49.
11 José REZENDE JR. Eu perguntei pro velho se ele queria morrer. Rio de Janeiro: 7Letras, 2009, p.70.
Este
MixLit com apenas autores de língua portuguesa foi publicado sob o
título de "E o muro se ilumina" na terceira edição da Revista Pessoa.
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Fonte: http://mixlit.wordpress.com/2012/09/25/mixlit-64-ela-com-os-dela-eu-com-os-meus/
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