Jordanny Silva
Como definir o tempo? Anos,
meses, semanas, dias e horas são construções de nossa organização... Mas isso
define o tempo? O nosso tempo, talvez não... Pois nosso tempo não se constitui
e nem se submete a essa organização... O nosso tempo se define no momento...
Não em uma hora, minuto ou segundo; mas no momento...
Não são as horas ou minutos que
nos marcam, ainda que marquemos algo neles... São os momentos que nos marcam e,
como dominadores desesperados pelo controle, acreditamos que podemos marcar, em
determinada data e hora, determinado momento... Mas, repito, os momentos é que
nos marcam, seja para o bem ou para o mal... São os momentos que ditam os
arrependimentos, as alegrias, as saudades, as realizações... E o momento não
está submisso a nada que possamos fazer, pois ele se constitui de tão minuciosa
sequência de atos, que por si só representa uma complexidade ímpar, mas fixada
na memória... As horas, os dias, os minutos podem, no máximo, ser componentes
do momento... Por isso, aquele aniversário se torna inesquecível; o encontro
daquele dia, o mais romântico; o sorriso daquele minuto, o mais belo; aquele
acidente o mais terrível... O dia e as horas pertencem ao momento, mas o
momento não lhes pertence...
Olhe para as crianças: se
importam tanto com os dias, horas, minutos? Não! Mas conseguem, com destreza de
um mestre, fazer de cada minuto um momento... Um recém nascido tem mais
entendimento acerca disso do que qualquer um de nós... Veja como ele se
deleita, aproveita e se submete ao simples instante em que é amamentado...
Naquele momento, não minutos, ele sente o cheiro de sua mãe, ele saboreia o
leite... Ele sente o afago... Ele ouve as batidas do coração que outrora lhe
fora tão próximo, quando ainda se via no útero materno... Se deleita de modo
tão profundo naquele instante, que dorme ao som da voz, ao calor do corpo, à
segurança do amor...
O momento se eterniza num instante... Faz cada segundo tão longo quanto anos inteiros... Faz um segundo perdurar por uma vida inteira... Um momento transcende gerações inteiras enquanto as marca... Um momento se faz jugo e fardo... Um momento alcança o profundo da alma e pode firmar residência permanente ali, ou pode ir-se embora, mas sempre deixará seu aroma nostálgico nos ventos da memória...
Há momentos que nos
aprisionam... Mas há momentos que nos libertam... A dor da culpa pode
representar uma cadeia para alma... Mas o momento em que o perdão é concedido e
aceito representa a possibilidade de voar...
O tempo carrega consigo a
juventude, a beleza, o vigor... Mas o momento pode trazer a esperança e o
conforto da experiência; pois tudo isso é concedido no específico momento... As
estações se repetem ano após ano; a Terra faz o seu giro e torna à posição de
costume; a Lua protagoniza, num espetáculo, as suas fases... Tudo isso orienta
o nosso tempo... Mas, enquanto o tempo se estende, de modo aparente linear, os
momentos o encurvam, o submetem, o fazem prostrar... O tempo sempre se renderá
ao momento... Quem tem o poder de dominar o momento não estará limitado ao tempo...
Alguns momentos se transpuseram
de maneira tão sobreexcelente ao tempo que o próprio tempo não os pôde conter
nem definir em seus limites... Falo do Cordeiro que, apesar de ter sido morto
há aproximadamente 2000 anos atrás, já o havia sido desde antes da fundação do
mundo... Um momento que transcendeu, subjugou, dominou, venceu e desintegrou o
tempo... Um momento que, por natureza, é atemporal e por mais que se conceba
que tenha acontecido em um determinado dia do calendário, se transpôs e fez o calendário
girar, pular, rodopiar, perder, voltar e ir além... Fez o calendário ser tão
importante quanto poderia ser para qualquer passarinho que canta na aurora e no
crepúsculo...
Para reflexão leia: Eclesiastes 3:1-8 e Gálatas 4: 4 e 5
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Fonte: http://jordannyblog.blogspot.fr/
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