Segundo estudo da Universidade de Yale, o "humano médio" será miscigenado e com predominância parda
Em alguns séculos, a maior parte da população mundial terá traços
brasileiros, segundo estudo de Stephen Stearns, professor de ecologia e
evolução biológica da Universidade de Yale, nos Estados Unidos. A
conclusão foi publicada no site Business Insider.
Segundo o especialista, jamais haverá homogeneidade entre todos os
povos do mundo, mas a tendência é que a miscigenação, que ocorre em
maior ou menor escala em todos os lugares do planeta, torne o "ser
humano médio" uma mistura de africanos, nativos do continente americano e
europeus, com uma predominância parda e poucas pessoas de pele muito
clara ou muito escura. Essa aparência foi classificada como
"brasileira".
Como exemplo das mudanças que já ocorrem, Stearns citou estudos
realizados em 2002 pelos cientistas Mark Grant e Diane Lauderdale, que
encontrou apenas 1 em cada 6 moradores dos Estados Unidos não-hispânicos
com olhos azuis. Segundo a dupla, a proporção caiu mais de 50% em 100
anos. A explicação é a tendência crescente de pessoas a se relacionarem
com outras que não pertencem ao mesmo grupo ancestral. Sendo assim, é
mais difícil a formação de casais com os genes de olhos azuis (que são
recessivos), por exemplo.
O biologista John McDonald, da Universidade de Dalware, defende que,
além dos olhos claros, outros genes recessivos não devem desaparecer nos
Estados Unidos, mas se tornarão cada vez mais raros. "A maioria dos
imigrantes que chegam aos Estados Unidos vêm da Ásia, África e América
do Sul, o que levará características predominantes do norte da Europa,
como cabelo loiro e sardas, sejam cada vez menos encontrados, por conta
da miscigenação", explica.
Por outro lado, outras características físicas devem simplesmente
aparecer misturadas com mais frequência, mas não necessariamente
diminuir de forma significativa entre os americanos. "Alguns traços que
acreditamos serem provenientes de diferentes grupos (como a cor da pele e
o formato dos olhos ou do rosto) são controlados por genes múltiplos e
não seguem uma relação dominante/recessiva paterna. Nesses casos, as
miscigenações vão apenas tornar as pessoas mais parecidas entre si. Os
americanos médios passarão a ter cabelos mais escuros e pele parda",
analisa McDonald.
Invenção da bicicleta e "família azul" marcam história da genética
Outros dados ressaltados nas pesquisas de Stephen Stearns mostram
que, antes da invenção da bicicleta, a distância média do nascimento de
pais e mães de uma criança inglesa era de 1,6 km. Porém, durante o
século XIX, conforme os meios de transporte se aperfeiçoaram, essa
estatística aumentou para 48 km em média. Desde então, esse número
aumentou e a tendência hoje é que sejam cada vez mais comuns filhos de
pais nascidos com milhares de quilômetros de distância entre si, muitas
vezes oriundos de continentes diferentes.
A imigração e a globalização enfraquecem os grupos étnicos distintos,
como a de homens azuis que existiu em Troublesome Creek, nas montanhas
do Estado americano do Kentucky. O peculiar caso ocorreu após a passagem
de seis gerações entre os anos 1800 e 1960, descendentes de um
imigrante francês chamado Martin Fugate, que tinha uma rara condição
sanguínea chamada metemoglobinemia, causada pela junção de um mesmo gene
recessivo, responsável por azular a pele.
Isolados em uma região sem ligação com o resto do mundo, os parentes
de Fugate se relacionaram apenas entre si e mantiveram o gene
extremamente raro. Segundo o Business Insider, a história daquela
família resume grosseiramente o acoplamento humano desde os primeiros
registros: grupos étnicos distintos surgem porque populações próximas se
reproduzem entre si, compartilham genes e mantêm características
comuns, também influenciadas pelas condições climáticas e a seleção
natural. A tendência, porém, é que, com a passagem do tempo, aumente a
incidência de miscigenação entre os diferentes grupos - e o local onde
isso é mais visível atualmente é no Brasil.
Terra
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Fonte: http://www.istoe.com.br/reportagens/239289_21/09/2012
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