quarta-feira, 10 de julho de 2024

A era da IA, que é como quem diz... a era da Ignorância Artificial!

 Por Carlos Rosa*

https://asset.skoiy.com/dncxpgxxypnfpero/oqqxj6gcwfe6.jpg Imagem: D.R. / Carlos Rosa

Num futuro próximo, mais próximo que o que imaginamos, diria eu, deixaremos de conduzir. E, por isso, não precisamos de tirar a Carta de Condução, ou seja, não precisamos de ler o código e aprender os sinais.

O carro, sozinho, fará tudo isto e tomará decisões.

E pensamos... talvez não seja mau! Aproveita-se o tempo no carro para ler. Não. Nem precisamos de aprender a ler tão pouco porque o telemóvel, o tablet, o próprio carro ou outro device qualquer, ainda por inventar, irá ler-nos um livro. Na verdade, isso até já existe, os audiolivros, coisa a que eu ainda não me habituei. Adiante...

Então... e quem escreve os livros? Há futuro na escrita, nas ideias... há ou não?! Um algoritmo irá, sozinho, depois de alguém carregar na tecla Enter, vomitar um texto. Um gerador de IA irá ilustrá-lo, portanto os designers e os ilustradores... também serão espécies em vias de extinção. Serão mesmo?

Ou então não. Ou então tudo isto que escrevi está errado. É uma falsa premonição. Falsa! Mas baseada em dados reais. Desculpem-me a escolha das palavras, reais não, existentes. Dados que existem, mas que são falsos. E só sabemos que o são, porque alguém fez por desmascará-los.

Num primeiro estudo mais sério sobre o mundo oco e vazio produzido pela Inteligência Artificial generativa dá conta dos problemas para os quais os especialistas andam a alertar, e que a OpenAI e a Microsoft tendem a ignorar.

Produziu-se um outro estudo que analisou as respostas dadas pelo ChatGPT a 517 perguntas sobre programação e estas revelaram que 52% das respostas do ChatGPT contêm informações incorretas. Mas mais grave ainda é que os utilizadores não detetaram que havia erros em 39% dessas respostas incorretas.

Tive também acesso a um artigo científico que prova que o “ChatGPT é bullshit”, ou seja, estas plataformas de IA na verdade não mentem, porque quando não têm a informação, inventam-na. Aldrabam-na! Por isso, dizer que a informação vomitada pelas plataformas de IA é mentirosa, é mentira. É sim, aldrabada. É caso para dizer que o ChatGPT está apenas preocupado em parecer que é, convincentemente, inteligente.

Veja-se o caso de um advogado norte-americano que preparou recentemente o seu caso utilizando o ChatGPT e descobriu, para seu desconforto, que a maioria dos casos citados não eram reais.

Veja-se também a quantidade de imagens geradas por IA, que se lhes dedicarmos uns breves segundos da nossa atenção, vamos perceber que são imagens falsas.

Isto é delicioso, porque afinal as plataformas de IA estão cada vez mais humanas... ou seja, falham, aldrabam e alimentam a mentira, tal como nós! Chegam a ser ignorantes... também como nós!

Por isso, caros escritores, jornalistas, designers e ilustradores, o futuro é risonho. Não vamos conduzir, não, isso não. Mas vamos continuar a criar belos textos e belas imagens para gáudio da nossa sociedade.

* Designer e diretor do IADE - Faculdade de Design, Tecnologia e Comunicação da Universidade Europeia 

Fonte:  https://www.dn.pt/5297251070/a-era-da-ia-que-e-como-quem-diz-a-era-da-ignorancia-artificial/

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