domingo, 28 de julho de 2024

Que tal uma santa ceia islâmica?

Luiz Felipe Pondé*

A ilustração colorida de Ricardo Cammarota foi executada em técnica manual com pastel oleoso sobre papel. As Imagens, sem fios de contorno, estão em acabamento estilo esfumaçado.  Na horizontal, proporção 17,5cm x 9,5cm, a ilustração estilizada, figurativa, mostra uma tela de um smartphone como moldura de uma arte colorida de uma guilhotina sem lãmina sobre fundo de céu tempestuoso.
Ilustração de Ricardo Cammarota para a coluna do Pondé do dia 28 de julho de 2024 - Ricardo Cammarota

Queria ver esses caras gozarem com o islã 
como gozaram com o cristianismo

Façamos um exercício de imaginação ativa hoje. Se você não tiver estômago, como é comum no ambiente cultural, pare e não leia o que vem a seguir.

Imagine que ao longo dos dias das Olimpíadas em Paris, o criador da cerimônia de abertura e todos os participantes da "cena revolucionária" da Santa Ceia fossem fuzilados por brigadas cristãs furiosas que gritassem "Jesus é grande!".

Como acha que o mundo da cultura local e internacional —ocidental, claro— reagiria?

"Inteligentinhos" em geral —que gozaram com o deboche da Santa Ceia achando-o um marco revolucionário— teriam surtos epileptiformes. "Que horror! Quanta violência!"

"Deus do céu!" —a exclamação cai bem no tema em questão. Como é fácil dar xeque mate na esquerda "woke", basta você ter dois neurônios e um pouco de colhão, porque eles não têm nenhum desses substantivos em questão.

Queria ver essa cambada de frouxo gozar com o islã como gozaram com o cristianismo —a população islâmica francesa é significativa, aliás.

Lembrando bem, em janeiro de 2015, mataram os caras da Charlie Hebdo em Paris porque zoaram com o profeta Maomé, e houve "inteligentinho" humorista por aí que quase disse que os cartunistas eram culpados por terem sido assassinados porque tiraram sarro de uma população oprimida.

Pessoalmente, "adoro" essa lógica oprimido-opressor no que tange ao mundo do pensamento público.

Nunca inventaram mau-caratismo maior desde as mentiras nazistas sobre os judeus ou o "sucesso socialista" de Stálin.

Essa é fácil de responder. Porque há décadas a inteligência pública é composta na sua quase totalidade por delinquentes adolescentes com capacidade cognitiva e política duvidosa.

* Escritor e ensaísta, autor de "Notas sobre a Esperança e o Desespero" e “A Era do Niilismo”. É doutor em filosofia pela USP.

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