Túlio Martins*
O jornalista americano A. M. Rosenthal, um dos editores do New York
Times, disse certa vez: “Se você tiver de morrer, é melhor morrer no
Times”. De fato, diariamente a sessão de obituários do jornal
nova-iorquino nos dá uma aula de jornalismo a partir de uma perspectiva
peculiar: o elogio à vida a partir de seu final.
Os jornais americanos e ingleses valorizam os obituários tanto de gente famosa quanto, de modo particular, de pessoas comuns mas que fizeram coisas incomuns. Ou, nas palavras de Bill McDonald, atual editor desta sessão do Times, “os melhores obituários são aqueles que nos falam de pessoas sobre as quais nós nunca tínhamos ouvido falar antes e nos deixam chateados por não termos tido a chance de conhecê-las”.
Isto pode ser verificado em O Livro das Vidas – Obituários do New York Times (Companhia das Letras, organização de Matinas Suzuki Jr.), com a transcrição de mais de 50 interessantíssimos necrológios escritos com grande sensibilidade jornalística. Os relatos são essencialmente saudações e elogios à vida, descrevendo indivíduos quase anônimos mas capazes de influenciar poderosamente seus semelhantes. O livro é de leitura agradável, rico em detalhes e informações surpreendentes ou, nas palavras de Alden Whitman, um dos grandes mestres do gênero, uma coleção de retratos instantâneos transmitindo “uma rápida visão do sujeito, de suas conquistas, de suas fraquezas, de seu tempo”.
Os jornais americanos e ingleses valorizam os obituários tanto de gente famosa quanto, de modo particular, de pessoas comuns mas que fizeram coisas incomuns. Ou, nas palavras de Bill McDonald, atual editor desta sessão do Times, “os melhores obituários são aqueles que nos falam de pessoas sobre as quais nós nunca tínhamos ouvido falar antes e nos deixam chateados por não termos tido a chance de conhecê-las”.
Isto pode ser verificado em O Livro das Vidas – Obituários do New York Times (Companhia das Letras, organização de Matinas Suzuki Jr.), com a transcrição de mais de 50 interessantíssimos necrológios escritos com grande sensibilidade jornalística. Os relatos são essencialmente saudações e elogios à vida, descrevendo indivíduos quase anônimos mas capazes de influenciar poderosamente seus semelhantes. O livro é de leitura agradável, rico em detalhes e informações surpreendentes ou, nas palavras de Alden Whitman, um dos grandes mestres do gênero, uma coleção de retratos instantâneos transmitindo “uma rápida visão do sujeito, de suas conquistas, de suas fraquezas, de seu tempo”.
Na
obra, encontramos textos sobre Russel Colley – o Calvin Klein do espaço
–, o homem que inventou os trajes espaciais; ou sobre Bárbara
McClintock, primeira mulher a ganhar sozinha um Nobel de Medicina e que
na década de 30 explicou toda a organização de um genoma. O livro fala
também do caridoso Meyer Michael Greenber, que ajudava os pobres em
Manhattan e dizia: “Ser rico é estar aquecido”. Ali estão os obituários
de Maggie Kuhn, que ao ser aposentada compulsoriamente aos 70 anos
fundou o movimento das “Panteras Grisalhas”, em favor dos direitos dos
idosos. Também está a vida de Rose Hamburger, corretora de imóveis que
aos cem anos de idade lançou-se na profissão de analista de apostas de
turfe, com relativo sucesso e reconhecimento de jóqueis e apostadores;
ao completar 102 anos, contou que costumava relacionar-se amorosamente
com homens mais jovens, até porque, segundo ela, na sua idade não havia
muita escolha.
A leitura é prazerosa e o charme dos textos irresistível. Nas palavras de Stanley Walker, o mais carismático dos jornalistas a ocupar esta função, “é possível, com todo o respeito pela alma, que talvez esteja na soleira do inferno, ser realista, e até mesmo picante, sem ser injusto ou cruel”. Entre as qualidades dos obituários do New York Times, se inclui uma quase divertida imparcialidade, pois o morto não é apresentado como santo ou como monstro, mas de uma forma que possa ser conhecido pelos outros e – o mais importante – reconhecido pelos seus.
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A leitura é prazerosa e o charme dos textos irresistível. Nas palavras de Stanley Walker, o mais carismático dos jornalistas a ocupar esta função, “é possível, com todo o respeito pela alma, que talvez esteja na soleira do inferno, ser realista, e até mesmo picante, sem ser injusto ou cruel”. Entre as qualidades dos obituários do New York Times, se inclui uma quase divertida imparcialidade, pois o morto não é apresentado como santo ou como monstro, mas de uma forma que possa ser conhecido pelos outros e – o mais importante – reconhecido pelos seus.
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*Desembargador
Fonte: ZH on line, 17/09/2012
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