quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Os cupidos modernos

Supermercado do amor

Sites de encontros na internet alegam
 ter trazido métodos científicos
para a velha questão de como
encontrar bons pares.
Mas será que é verdade?
Desde que há romance entre os seres humanos, outras pessoas tentam mediar os relacionamentos. Essas pessoas já foram pais, padres, amigos ou burocratas, mas sua motivação sempre é a mesma: elas achavam que sabiam formar casais melhor do que os próprios casais.
Hoje em dia, no entanto, há um cupido novo na aldeia: a internet. E ela é diferente dos velhos cupidos de duas maneiras. Primeiro, sua única motivação é o lucro. Segundo, solteiros em busca de um par estão fazendo fila para usá-lo, ao invés de reclamar do seu intrometimento. Isso porque sites de encontros na internet prometem duas coisas que nem os cupidos tradicionais nem encontros ao acaso em bares, pontos de ônibus e bar mitzvahs oferecem. Uma delas é uma gama muito maior de escolha entre possíveis parceiros. E a outra é um jeito cientificamente comprovado de formar casais que têm a ver um com o outro, aumentando as chances de um “felizes para sempre”.
O número maior de opções é inquestionável. Mas será que leva a melhores resultados? E será que os “algoritmos testados cientificamente” realmente funcionam, de formas que os cortejos tradicionais (ou, pelo menos, flertes) não conseguiriam? Essas são as perguntas feitas por uma equipe de psicólogos liderada por Eli Finkel da Northwestern University, em Illinois, em um estudo publicado – não por coincidência – um pouco antes do dia de São Valentim, o dia dos namorados nos Estados Unidos. Esse estudo, publicado na Psychological Science in the Public Interest, analisa estudos conduzidos por diversos grupos de psicólogos desde que o primeiro site de encontros online, Match.com, foi lançado em 1995. Finkel e seus colegas lançam um olhar crítico sobre o negócio de bilhões de dólares de encontros online, e continuam nem um pouco convencidos.

Os esboços de um casal perfeito?

A primeira observação dos pesquisadores não diz respeito exatamente ao que os estudos que eles examinaram mostram, mas ao que eles não conseguem mostrar – por exemplo, como os tão elogiados algoritmos para encontrar bons parceiros, afinal, funcionam.
Sob a ótica comercial, isso até faz sentido. Muitas empresas preservam sua propriedade intelectual como segredos de mercado, ao invés de torná-la pública fazendo patentes, e não há razão para que os sites de encontro não estejam entre essas empresas. Mas isso torna as alegações de eficácia científica impossíveis de serem testadas objetivamente. Não há, então, nenhuma evidência científica independente que os algoritmos usados por sites de encontros online realmente aumentem as chances de encontrar alguém com quem você se dará bem pessoalmente. Os estudos publicados sobre o assunto foram escritos por funcionários internos das empresas que não revelam como os mecanismos cruciais de seus programas funcionam.
A conclusão da análise de Finkel é que é tão difícil encontrar um amor na internet quanto em qualquer outro lugar. Isso não é razão para não tentar usá-la. Mas suas chances são as mesmas se você decidir se aventurar em um café na vizinhança, ou se decidir seguir o impulso de parar e conversar com um estranho na rua que você pegou olhando para você, do que se você continuar clicando em página depois de página esperando um dia ser atingido pela flecha do Cupido.
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Fontes: The Economist - The modern matchmakers
http://opiniaoenoticia.com.br/15/02/2012

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