Alberto Dines*

O 190º aniversário da Independência está sendo lembrado da
forma habitual — distraída, na melhor das hipóteses burocrática. O
brasileiro torna-se insensível aos grandes frissons coletivos,
conforma-se com a limitação das suas expectativas. Mesmo na esfera
esportiva — um dos poucos, talvez único segmento capaz de acionar brios —
a animação inicial com a realização de dois magnos eventos
internacionais está sendo desativada pelo inevitável ceticismo que
escorre dos sucessivos escândalos, da omissão e do desleixo funcional
dos governantes.
A efeméride desta sexta-feira nos confronta com outras duas: o primeiro centenário da nossa emancipação em 1922, espetacular evento internacional que projetou o Brasil como nação-surpresa, e o segundo centenário a ser comemorado em 2022, dentro de apenas 10 anos. Justifica-se o advérbio apenas já que a apresentação da candidatura do Rio de Janeiro para sediar a Olimpíada teve uma antecipação de sete anos e o segundo centenário de nosso nascimento, com um prazo ligeiramente maior, deverá ter significados mais espetaculares, empolgar o país inteiro, não somente no tocante a avanços logísticos e urbanísticos.
Até 2022 deverá estar superado o desafio (ou maldição) do “País do Futuro”, este é o nosso deadline. Não é prazo fatal, ao contrário, é um marco vital. Até 2022 o Brasil deverá materializar o seu potencial econômico, as promessas de generosidade social e, sobretudo, confirmar a sua criatividade numa proposta cultural consistente. Em 2022, deverá estar visível e frondosa a sonhada civilização brasileira.
A decisão de preparar o Rio de Janeiro como vitrine do Brasil não começou em 1922, mas no início do século XX quando se decidiu comemorar o centenário da abertura dos portos em 1908 e o fim da reclusão econômica e cultural imposta pela decadente coroa portuguesa. A ideia da Cidade Maravilhosa começou naquele momento com a espetacular façanha do prefeito Pereira Passos re-urbanizando a capital num prazo recorde e de Oswaldo Cruz tornando-a sanitariamente viável.
A discussão sobre os festejos de 1922 preparou o país para uma nova fase. Os grandes jornais celebraram o decisivo papel mobilizador da imprensa na Independência e a própria escolha do Sete de Setembro de 1922 para marcar a primeira emissão radiofônica em território brasileiro — o início da Era do Rádio — revela a disposição nacional para um grande salto adiante. Historiadores começaram a questionar a veracidade do próprio “brado retumbante” às margens do Ipiranga (o marco da Independência seria a coroação do Imperador em 12 de Outubro); a própria Semana de Arte Moderna de fevereiro de 1922 configurava-se como reação da intelectualidade paulista à hegemonia do Rio de Janeiro (anfitrião dos faustosos festejos do Centenário) e resistência aos paradigmas parnasianos e realistas que imperavam nas artes.
A Europa ainda não se recobrara da calamidade da Grande Guerra terminada em 1918, a fome devorava a recém-criada URSS, a vertiginosa inflação corroía a economia alemã, o agitador anti-bolchevique e antissemita Adolf Hitler ainda era um desconhecido das massas, mas o fanatismo da extrema-direita alemã iniciava a derrubada do projeto social-democrata da República de Weimar enquanto Benito Mussolini sentia-se preparado para a audaciosa Marcha Sobre Roma que marcaria o lançamento mundial do fascismo. A rica e amena América do Sul era a alternativa ao ódio que fermentava no Velho Mundo.
As fronteiras alargaram-se, as oportunidades são as mesmas. O 2º Centenário pode oferecer o imperioso conteúdo que a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos até agora não parecem ser capazes de fomentar. Precisamos de metas e premências: se os “50 anos em 5” de JK são apertados vamos fazê-los nos próximos dez.
A efeméride desta sexta-feira nos confronta com outras duas: o primeiro centenário da nossa emancipação em 1922, espetacular evento internacional que projetou o Brasil como nação-surpresa, e o segundo centenário a ser comemorado em 2022, dentro de apenas 10 anos. Justifica-se o advérbio apenas já que a apresentação da candidatura do Rio de Janeiro para sediar a Olimpíada teve uma antecipação de sete anos e o segundo centenário de nosso nascimento, com um prazo ligeiramente maior, deverá ter significados mais espetaculares, empolgar o país inteiro, não somente no tocante a avanços logísticos e urbanísticos.
Até 2022 deverá estar superado o desafio (ou maldição) do “País do Futuro”, este é o nosso deadline. Não é prazo fatal, ao contrário, é um marco vital. Até 2022 o Brasil deverá materializar o seu potencial econômico, as promessas de generosidade social e, sobretudo, confirmar a sua criatividade numa proposta cultural consistente. Em 2022, deverá estar visível e frondosa a sonhada civilização brasileira.
A decisão de preparar o Rio de Janeiro como vitrine do Brasil não começou em 1922, mas no início do século XX quando se decidiu comemorar o centenário da abertura dos portos em 1908 e o fim da reclusão econômica e cultural imposta pela decadente coroa portuguesa. A ideia da Cidade Maravilhosa começou naquele momento com a espetacular façanha do prefeito Pereira Passos re-urbanizando a capital num prazo recorde e de Oswaldo Cruz tornando-a sanitariamente viável.
A discussão sobre os festejos de 1922 preparou o país para uma nova fase. Os grandes jornais celebraram o decisivo papel mobilizador da imprensa na Independência e a própria escolha do Sete de Setembro de 1922 para marcar a primeira emissão radiofônica em território brasileiro — o início da Era do Rádio — revela a disposição nacional para um grande salto adiante. Historiadores começaram a questionar a veracidade do próprio “brado retumbante” às margens do Ipiranga (o marco da Independência seria a coroação do Imperador em 12 de Outubro); a própria Semana de Arte Moderna de fevereiro de 1922 configurava-se como reação da intelectualidade paulista à hegemonia do Rio de Janeiro (anfitrião dos faustosos festejos do Centenário) e resistência aos paradigmas parnasianos e realistas que imperavam nas artes.
A Europa ainda não se recobrara da calamidade da Grande Guerra terminada em 1918, a fome devorava a recém-criada URSS, a vertiginosa inflação corroía a economia alemã, o agitador anti-bolchevique e antissemita Adolf Hitler ainda era um desconhecido das massas, mas o fanatismo da extrema-direita alemã iniciava a derrubada do projeto social-democrata da República de Weimar enquanto Benito Mussolini sentia-se preparado para a audaciosa Marcha Sobre Roma que marcaria o lançamento mundial do fascismo. A rica e amena América do Sul era a alternativa ao ódio que fermentava no Velho Mundo.
As fronteiras alargaram-se, as oportunidades são as mesmas. O 2º Centenário pode oferecer o imperioso conteúdo que a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos até agora não parecem ser capazes de fomentar. Precisamos de metas e premências: se os “50 anos em 5” de JK são apertados vamos fazê-los nos próximos dez.
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* Jornalista
Fonte: http://correio.rac.com.br/correio-popular/opiniao/1019/0.html
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