Juremir Machado da Silva*
Eu sou uma mala. Como o senhor Jordain,
personagem de Molière que fazia prosa sem o saber, eu faço humor sem que
o meu leitor saiba disso. Quando leio um livro e aprendo algo, não paro
de comentar. Estou fixado em "Partido da Terra, Como os Políticos
Conquistam o Território Brasileiro", obra do jornalista Alceu Luís
Castilhos, feita com dados prestados por candidatos à Justiça Eleitoral.
Não perderei tempo falando das propriedades de Jader Barbalho, Renan
Calheiros e José Sarney. Nem de grilagem de terras, trabalho escravo e
outros métodos corriqueiros. Também não me deterei em esquecimentos. A
senadora Kátia Abreu esqueceu, em 2006, de declarar 3 mil cabeças de
gado. Coisa pouca, não?
Iris Resende, quando era ministro da Justiça, permitiu à Aracruz Celulose continuar operando em 11 mil hectares de terras indígenas. Nada me espanta. Quero é completar o texto de ontem sobre os partidos latifundiários. Passo a palavra a Alceu Castilho: "O PMDB e o PSDB são os partidos brasileiros que abrigam mais políticos com terras. Os tucanos lideram o ranking entre os prefeitos: possuem mais de 21% do total de 1,16 milhão de hectares declarados pelos políticos eleitos em 2008 para o Executivo. Mas é seguido de perto pelo PMDB, com 20% das terras. Entre os parlamentares eleitos em 2010 são os do PMDB que possuem mais de 21% do total de hectares: 95 mil em relação ao total de 451 mil". Quatro partidos mandam no campo dos prefeitos: PMDB, PSDB, PR e PP. Mas tem latifundiário do PT, do PV, do PPS e do PSB. É suprapartidário. O Dem toma o lugar do PP entre os parlamentares. Os descendentes da Arena têm menos terras que os rebentos do MDB. Uau! O PMDB ganhou ares rurais.
Uma mera coincidência assinalada por Castilho em relação ao PMDB: "Nenhum deputado do partido votou contra as alterações no Código Florestal, na votação de 2011. Em 2012, apenas quatro (entre 74) vetaram as mudanças. Longe de mim imaginar que votaram por interesse. Há enigmas insolúveis. O PSB cedeu seu lugar para o Dem na Comissão de Agricultura da Câmara de Deputados. O mineiro Paulo Piau (PMDB), relator da versão mais ruralista do Código Florestal, recebeu R$ 1,25 milhão, de um total de R$ 2,3 milhões para a sua campanha eleitoral, do agronegócio. Claro que nada lhe pediram e nada ele deu em troca. Agiu conforme a sua consciência. Em 2012, dos 16 senadores da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária, 16 eram proprietários de terra, detentores de 55 mil hectares. Não se declararam impedidos. Parlamentares multados pelo Ibama votaram pela anistia às multas. Não viram qualquer irregularidade ética nisso nem conflito de interesses.
Castilho destaca: "Se um deputado tem uma concessão de rádio, não deve decidir sobre questões relativas ao tema. Um banqueiro não deve votar em temas do mercado financeiro". A bancada ruralista decide tudo sobre o seu campo. Parte interessada não pode relatar projeto do seu interesse. O ruralista Saldanha Derzi (PMDB), presidindo uma comissão dos seus interesses, proporcionou este comentário de Gastone Righi: "O Derzi está presidindo pelo número de anos ou pelo número de bois que possui".
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Iris Resende, quando era ministro da Justiça, permitiu à Aracruz Celulose continuar operando em 11 mil hectares de terras indígenas. Nada me espanta. Quero é completar o texto de ontem sobre os partidos latifundiários. Passo a palavra a Alceu Castilho: "O PMDB e o PSDB são os partidos brasileiros que abrigam mais políticos com terras. Os tucanos lideram o ranking entre os prefeitos: possuem mais de 21% do total de 1,16 milhão de hectares declarados pelos políticos eleitos em 2008 para o Executivo. Mas é seguido de perto pelo PMDB, com 20% das terras. Entre os parlamentares eleitos em 2010 são os do PMDB que possuem mais de 21% do total de hectares: 95 mil em relação ao total de 451 mil". Quatro partidos mandam no campo dos prefeitos: PMDB, PSDB, PR e PP. Mas tem latifundiário do PT, do PV, do PPS e do PSB. É suprapartidário. O Dem toma o lugar do PP entre os parlamentares. Os descendentes da Arena têm menos terras que os rebentos do MDB. Uau! O PMDB ganhou ares rurais.
Uma mera coincidência assinalada por Castilho em relação ao PMDB: "Nenhum deputado do partido votou contra as alterações no Código Florestal, na votação de 2011. Em 2012, apenas quatro (entre 74) vetaram as mudanças. Longe de mim imaginar que votaram por interesse. Há enigmas insolúveis. O PSB cedeu seu lugar para o Dem na Comissão de Agricultura da Câmara de Deputados. O mineiro Paulo Piau (PMDB), relator da versão mais ruralista do Código Florestal, recebeu R$ 1,25 milhão, de um total de R$ 2,3 milhões para a sua campanha eleitoral, do agronegócio. Claro que nada lhe pediram e nada ele deu em troca. Agiu conforme a sua consciência. Em 2012, dos 16 senadores da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária, 16 eram proprietários de terra, detentores de 55 mil hectares. Não se declararam impedidos. Parlamentares multados pelo Ibama votaram pela anistia às multas. Não viram qualquer irregularidade ética nisso nem conflito de interesses.
Castilho destaca: "Se um deputado tem uma concessão de rádio, não deve decidir sobre questões relativas ao tema. Um banqueiro não deve votar em temas do mercado financeiro". A bancada ruralista decide tudo sobre o seu campo. Parte interessada não pode relatar projeto do seu interesse. O ruralista Saldanha Derzi (PMDB), presidindo uma comissão dos seus interesses, proporcionou este comentário de Gastone Righi: "O Derzi está presidindo pelo número de anos ou pelo número de bois que possui".
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* Sociólogo. Prof. Universitário. Escritor. Tradutor. Cronista do Correio do Povo
Juremir Machado da Silva | juremir@correiodopovo.com.br
Juremir Machado da Silva | juremir@correiodopovo.com.br
Crédito: arte joão luis xavier
Fonte: http://www.correiodopovo.com.br/Impresso/?Ano=117&Numero=345&Caderno=0&Noticia=462466
Crédito: arte joão luis xavier
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